sexta-feira, 31 de dezembro de 2004

Faça o seu ano feliz

Interessante essa tradição de se comemorar o ano novo. A passagem do dia 31 de dezembro para o dia 1° de janeiro subseqüente é celebrada como um recomeçar cheio de novas possibilidades, de uma nova vida. De fato, novas possibilidades surgirão no ano que se inicia, mas não diferentemente das que surgem em todos os dias de nossa vida. É bom lembrarmos que se convencionou que o ano começa dia 1° de janeiro, mas poderia começar dia 1° de fevereiro, 14 de março, 26 de novembro, se assim tivessem achado por bem aqueles que definiram nosso calendário numa época e lugar que eu não sei precisar agora. Ou seja, o dia 1° de janeiro é mais um dia na nossa vida, assim como o são todos os outros acima citados. O ano novo costuma ser celebrado como se fosse feito de uma matéria diferente da que compôs o ano anterior. Parece que uma nova energia carregada de “agora vai” se faz presente em todo ano que se inicia. Essa idéia, apesar de otimista e romântica, meio que nubla a principal lição que devemos aprender nesse rito de passagem: o que fez o nosso ano passado e o que fará o ano que se inicia, salvo algumas fatalidades e raros acontecimentos fora de nosso controle, são as nossas ações e atitudes. Se existe uma força maior que pode fazer com que o ano que se aproxima seja melhor do que o que se encerra é a nossa própria força de vontade. O que define o quão maravilhoso será o novo ano é a forma com que vamos tratar as pessoas, enfrentar os problemas, cumprir com nossas obrigações, exigirmos nossos direitos, ajudarmos os outros a exigirem os deles, exercitar o bom humor, praticar a bondade, a solidariedade, a compaixão, o respeito e aquilo que talvez seja o mais difícil de se praticar e o mais importante a se aprender: o perdão. São nossas atitudes de agora que definirão o amanhã. Assim sendo, desejo que todos nós consigamos fazer um feliz 2005, um feliz 2006, um feliz 2007...

terça-feira, 28 de dezembro de 2004

Convencendo a mim mesmo

Engraçado como pequenos gestos podem adquirir um significado muito maior do que sua simplicidade prática. Ontem (sim, porque, na minha cabeça, como não fui dormir ainda, continua sendo segunda-feira, apesar de já ter passado da meia-noite), depois que postei aqui, fui conferir minha página no Orkut. Dei uma olhada no meu profile e vi o item hometown, onde constava Fortaleza. O que fiz? Substitui por “João Pessoa, a caminho do Rio de Janeiro”. Muito simples, nada complicado de se fazer. Mas as repercussões psicológicas dessa pequena mudança de palavras são bem maiores do que a facilidade de sua realização. E sabem o que é o mais estranho nisso tudo? É que eu ainda não sinto como tendo, realmente, ido embora de Fortaleza. Parece que estou aqui de férias como já estive algumas vezes. Por isso mudei minha hometown no Orkut, por isso mudei meu nick no Messenger para “Tiago não mais em Fortaleza”, para me conscientizar da mudança.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2004

Esperar ou não esperar, eis a questão

Expectativa. Engraçado o poder que essa única palavrinha tem. Certo, não é a palavra em si que tem poder, mas o sentimento. Eu estava apenas sendo poético. O que quero dizer é que a expectativa pode ser a diferença entre uma agradável surpresa e uma frustração sem tamanho. Ao assistirmos a um filme ou a uma peça, ao conhecermos alguém, ao sairmos para qualquer lugar, esperar pouco ou quase nada daquele acontecimento pode fazer com que tenhamos uma noite (ou manhã, ou tarde, ou dia, ou semana etc.) extremamente agradável por conta da baixa expectativa anterior. Claro, esse tipo de grata surpresa só pode ocorrer se nós, mesmo achando que não vamos conseguir muita coisa dali, nos abrirmos para as possibilidades daquela experiência. Baixa expectativa combinada a emburramento e teimosia não pode gerar muita coisa boa. O contrário também é válido: se esperamos muito de algo (ou alguém), podemos dar com os burros n’água e passarmos um bom tempo com a sensação de “eu não devia ter saído de casa”. Por isso que eu costumo sair sem nenhuma expectativa, aberto ao que possa acontecer, pronto para pescar bons momentos em qualquer lugar e a qualquer hora. Mas nem sempre isso é possível. Por mais que eu não alimente minhas expectativas, algumas vezes eu me pego dependente delas. E aí me vem a pergunta: em se tratando de pessoas, a culpa é nossa por criar expectativas ou das pessoas por não corresponderem a elas, um mínimo que seja?

sexta-feira, 10 de dezembro de 2004

DEZ!!!

Dez!!! Essa foi a nota que recebi pela minha monografia!! Não posso nem dizer o tamanho do alívio e da alegria que estou sentindo por ter conseguido isso! Sem falsa modéstia, eu realmente não esperava atingir essa nota. Sempre soube que todos os formandos (ou pelo menos a maioria deles) perdem um pouco a fé na própria monografia depois de entregá-la e antes de defendê-la. Mas, para mim, perfeccionista e autocrítico como sou, esse processo aconteceu de forma mais contundente. Contudo, esse sentimento se revelou infundado e minha defesa foi muito melhor do que eu esperava, inclusive as críticas que a banca examinadora fez ao meu trabalho, todas muito construtivas, sugerindo algo a acrescentar ao trabalho, e não destrutivas, apontando erros fundamentais na feitura da monografia. Minha orientadora, Fátima Severiano, foi de uma atenção e um zelo na defesa do meu trabalho que me deixou ainda mais encantado com ela. Fora ela e o resto da minha banca, composta por Wellington Jr. (cujo telefone consta até hoje na agenda do meu celular como “Wellington cel (o Sublime)”) e Inês Sampaio, que, infelizmente, só conheci agora, na minha saída do curso, quero agradecer muito a todos os meus amigos que me deram tanta força. Não apenas os amigos reais, mas os virtuais também: Caio, um dos grandes amigos que a Internet me trouxe; Késia, minha mais antiga blog-fã; João, amigo do Orkut que não agüentava mais me “ler” (pelo Messenger) falando da monografia, mas mesmo assim prestava atenção às minhas reclamações; Victor, outro grande amigo orkutiano, que passou a fazer parte da minha vida real, assim como a Késia; Jardel e Jackson, que também me deram um grande apoio via scraps do Orkut. Fora esses, existem os amigos reais que deram uma grande força virtual também: Marcinha, com nossas conversas mutuamente animadoras no Messenger; Melissa, minha eterna noiva; Val, com quem “falei” hoje também via Messenger, assim como a Grace, vulgo Vida, enfim, todos que me apoiaram de qualquer maneira, e me desculpe quem eu tiver esquecido de mencionar. Quero agradecer também a todos que compareceram à minha defesa, que não sei precisar exatamente quem são, mas, com certeza, me lembrarei sempre da Luana Luana, que marcou presença mesmo após tanto tempo de afastamento físico, pois foi esse o único tipo de afastamento que houve entre nós. Outros, como Ledíssima, Ceila, Bina, Carolina e Jorge, já citados nos agradecimentos da monografia, não podem receber os devidos "obrigados" por mais que eu escreva palavras de gratidão e amor aqui. Merece ser lembrado aqui todo o pessoal da turma de Publicidade de 2000.2, que me recebeu muito bem e se tornou minha nova turma da faculdade após o meu trancamento. Também quero agradecer à Talita e ao Igor, além da própria Luana Luana, pelas inúmeras caronas para a faculdade (e para outros lugares nada acadêmicos). Ainda falta agradecer a ajuda que não teve nenhuma relação com a faculdade em si, mas que foi fundamental para minha vida nesses anos de universitário: a ajuda das várias saídas e encontros divertidos entre amigos, incluindo aqui Ana Clara e família, da qual eu me sinto fazendo parte. Enfim, não quero me estender muito nos agradecimentos porque, por mais nomes que eu cite, vou sempre deixar alguém de fora. Quero apenas deixar um agradecimento geral enorme a todos que me ajudaram nessa conquista que possui um significado ainda maior para mim por conta de todas as dificuldades que tive que enfrentar a partir do segundo ano de faculdade. Muitíssimo obrigado a todos vocês!!!

PS: quero registrar que esse post está destinado a agradecer somente aos amigos, pois, se eu fosse agradecer à minha família também, seria um post quase impossível de se escrever e de se ler.

domingo, 5 de dezembro de 2004

Como será o amanhã?

Engraçado como nossas necessidades e nossos desejos podem mudar repentinamente, de um extremo ao outro. Mais ainda: como nós podemos deixar de desejar algo no momento em que o alcançamos. Estava eu aqui ao computador, inventando o que fazer para não ir dormir, quando pensei: eu tenho que ir dormir para acordar cedo amanhã! Espera aí. Não tenho, não! Eu já terminei a minha monografia! Não preciso acordar cedo! E isso era o que eu mais desejava: acabar minha monografia para não ter a obrigação de acordar cedo, não ter que começar meu dia ao som do despertador do meu celular. Mas, quando me dei conta de que não tenho que acordar cedo amanhã porque não tenho mais que fazer a monografia, me bateu um vazio, até mesmo uma falta de propósito. Sei que não acabou, ainda falta a defesa na próxima sexta. Mas, por mais preocupado que eu possa estar, sei que não é nenhum bicho de sete cabeças, e não me obriga a acordar cedo logo amanhã. E esse início de desobrigação acadêmica já começa a me preocupar. Explico: enquanto ainda fazia minha monografia, eu enfrentei um fim de semana nebuloso, registrado aqui no blog, inclusive. Mas, a partir da segunda-feira seguinte, eu voltei a me concentrar na mono e esqueci tudo o que me afligia. No momento, minhas preocupações estão dirigidas para a defesa. E aí eu me pergunto: depois da defesa, o que vai desviar minha atenção do fato inevitável que vai ser extremamente difícil de encarar?

sexta-feira, 3 de dezembro de 2004

ENFIM!!!

Apesar de eu estar morto de cansaço e preferir ver a Dercy Gonçalves nua na minha frente a ter que sentar na cadeira do meu computador e digitar algo, vim deixar registrado esse momento único: ENTREGUEI A MINHA MONOGRAFIA!!! Sim, foi super agoniado, uma correria imensa, momentos de angústia e quase certeza de que não daria tempo, do jeito que eu não queria que fosse. Murphy achou poucos a pressão e o estresse de ter que escrever uma monografia que fizesse jus a mais de quatro anos de estudos na faculdade e resolveu brincar com a minha sorte justo hoje. Mas, agora, depois de todos os obstáculos superados e monografia entregue, só me resta desfrutar desse alívio e pensar que agora falta pouco, mesmo que seja um pouco também estressante e angustiante. Mesmo assim, que venha a defesa!!!

PS: queria agradecer a todos que torceram por mim e agüentaram meus papos repetitivos no Messenger sobre monografia. Muito obrigado!!!

segunda-feira, 22 de novembro de 2004

Músicas, momentos, pessoas e lugares

Brian Ferry – Slave to love: fim de semana perfeito na praia do Presídio com grandes amigos da faculdade (Felipe, Marcos, Igor, Rodrigo, Sabrina, Aline, Luciana, Ticiana, Adriana, Luana e Dayse).

Barry Manilow – Copacabana: Carolina e eu semi-bêbados tomando vodka e dançando no quarto dela enquanto a Marcelle dormia no quarto ao lado.

Caetano Veloso – Queixa: dor-de-cotovelo por causa de uma gaúcha que acabou se tornando uma grande amiga.

Paralamas do Sucesso – Meu erro: Márden, Marília, Ariane e eu cantando em videokês de diversas festas durante o 3° ano.

Tribalistas – Já sei namorar: reveillon 2002/2003 em Porto de Galinhas/PE.

Tom Jones – Sex bomb: a Dri e eu dançando enlouquecidamente na Alfândega.

Shakira – Ojos asi (e qualquer outra música da febre árabe): a minha primeira saída com o pessoal da faculdade (Marcos, Samuel, Aline e Sabrina) para o Estaleiro.

Mariah Carey – I still believe: minha ex-namorada.

Terrasamba – Na manteiga (ou qualquer que seja o título dessa música): Muriçocas do Miramar (bloco pré-carnavalesco de João Pessoa) de 2002 com meu irmão, minha prima Ana Lúcia, Leila Brandão (vulgo Leilão, companheira de sambão) e Thaís Brandão (vulgo Fofinha, compaheira de leituras na cozinha, juntamente com Ana Lúcia).

Groove Armada – Superstylin’: Órbita.

Jingle do comercial do programa Alfabetização Solidária (ou qualquer outra música nada a ver): Leda e eu cantando aos berros dentro do Asdrúbal (o Ford Ka dela) a caminho da faculdade.

Britney Spears e Madonna – Me against the music / Evanescence – Going under: Ceila gritando e dançando enlouquecida no laboratório de informática.

Maria Rita – Encontros e despedidas: um futuro próximo, muito próximo.

sexta-feira, 19 de novembro de 2004

A hora do adeus

Praticamente, terminei o segundo capítulo da minha monografia. Falta enviá-lo para a minha orientadora e esperar por suas sugestões. As alterações do primeiro eu já comecei a fazer. Agora, falta só o terceiro capítulo. Lendo isso, vocês devem estar pensando: que bacana, ele deve estar feliz com o avanço da monografia! A triste verdade é que não estou. Por um lado, estou feliz, sim. É muito bom ver que algo em que me empenhei tanto está dando certo. Fruto de muito trabalho e causador de muita preocupação e ansiedade. O problema é que, conforme vou chegando ao fim da monografia, vou me dando conta que está chegando o tempo de me despedir. Dizer adeus não apenas à faculdade, a melhor época da minha vida (e que tinha potencial para ser melhor ainda, mas não quero falar sobre isso) mas à cidade onde nasci e cresci, física e emocionalmente. Dizer adeus a todos os lugares que me trazem recordações, boas ou ruins, mas que fazem parte da minha vida. E, o pior de tudo, dizer adeus às pessoas que eu adoro, a todos os meus amigos. Essa é a parte mais difícil. Quando começo a pensar como será me despedir deles, meu coração fica apertado e ameaça sair pela boca. A despedida torna-se cada vez mais real para mim. Está chegando a hora de dizer adeus e eu não sei como vou fazer isso.

segunda-feira, 15 de novembro de 2004

Lamentável

Sei que já postei hoje, mas preciso submeter à apreciação de vocês um fato ocorrido há pouco, na comunidade do Orkut “X-Men Brasil”, da qual faço parte. Lá cheguei procurando um tópico interessante e ameno sobre esse passatempo que gosto tanto e que, provavelmente, possui uma boa participação na minha criatividade e em alguns conceitos em que acredito. Cliquei no tópico “O que vocês acham de personagens gays em X-Men?” e encontrei algumas opiniões que me chocariam mesmo se fossem lidas em qualquer outra comunidade, quanto mais em uma dedicada aos leitores de uma revista em quadrinhos que trata, justamente, da luta contra preconceitos. Colo aqui a minha resposta.

Eu, realmente, não queria atacar ninguém, pois acho lamentável quem fica utilizando o Orkut, que acredito ser uma ferramenta para fazer novas amizades e manter o contato com as antigas, para criar inimizades. Mas acho EXTREMAMENTE mais lamentável ler coisas do tipo "nada a ver colocar viado nas revistas" ou "meu filho não merece o ultrage (o que é pior ainda de se ler, já que ultraje se escreve com J) de ver homens se beijando" ou "erros da humanidade". Gostaria de pedir às pessoas com tais opiniões que tentassem abrir um pouco suas mentes aprisionadas por conceitos religiosos preconceituosos. Quanto ao cara que disse estar preocupado com o filho ter que encarar tais "erros da humanidade", tenho só uma coisa a dizer: espero que seu filho não seja gay (e repare que digo "seja", e não "se torne", mesmo que ele não demonstre nenhuma indicação de tal orientação sexual), pois, se ele for, não consigo imaginar o que seria da relação entre vocês se ele revelasse ser o que você considera um grande "erro".

domingo, 14 de novembro de 2004

Eu contra o Universo

Meu último post comemorava um dia ótimo, em que aconteceram várias coisas boas. Mas, dois dias depois, algumas coisas chatas começaram a acontecer. Comemorei cedo demais que a minha fatia de pão caiu com o lado da manteiga virado pra cima. Pouco depois ela deu uma cambalhota, tal qual uma barata agonizante. Minha impressora teima em funcionar na assistência técnica, mas não aqui em casa. Problema no computador? Provavelmente, mas o problema é que não se consegue descobrir onde, mesmo depois da compra de dois novos cabos (um paralelo e um USB) para testar se o problema não era nas portas de impressão do computador. Mesmo com os cabos novos, o conserto dos trilhos dos cartuchos e a limpeza da impressora, ela se recusa a funcionar. Constatado isso, me dirijo à loja onde comprei os cabos para trocar o segundo por novos cartuchos para a impressora, conforme já havia combinado, por telefone, com o funcionário que me atendera. Lá chegando, a outra funcionária que me atendera disse que não era possível trocar produtos em promoção, desmentindo o que o rapaz havia me falado. Alegou que o dono não permitia. Resultado? Olhei para ela com ódio, mesmo afirmando saber que ela não tinha culpa, e disse que ela avisasse ao dono da loja que, embora eu precisasse do cartucho novo, por conta daquilo, eu não iria comprá-lo lá, iria procurar onde fosse, mas lá eu não compraria. Perdi a paciência, perdi o dinheiro do cabo e perdi minha aula de inglês. No dia seguinte, começou um serviço aqui no apartamento dos meus padrinhos que virou o lugar de cabeça para baixo, me fez inalar quilos de pó de madeira lixada (temendo cuspir um pião a qualquer momento) e atrasou minha monografia. Isso tudo na semana em que assisti a um episódio de Sex and the city (pausa para um momento de saudade) em que se falava sobre carma: para uma série de acontecimentos ruins, há um acontecimento muito bom para compensar e vice-versa. É o que costumo chamar de auto-regulação do universo. Graças a Deus que o universo teve pena de mim e voltou a me compensar por tantos desastres: apesar de estar confinado no corredor que leva aos quartos (esperando o verniz do piso dos mesmos secar – por Deus que não sofro de claustrofobia), terminei o primeiro capítulo da mono e já o enviei à minha orientadora. Espero que a resposta seja tão animadora quanto a do post anterior. Ainda bem que meu aniversário já passou, pois eu não agüentaria um inferno astral de lambuja.

segunda-feira, 8 de novembro de 2004

Enquanto isso, numa vara de justiça

A gente vê cada uma. Um juiz em Niterói entrou com um processo na justiça para obrigar o porteiro do seu prédio (e creio que todos os outros moradores) a chamá-lo de doutor. O argumento? Ele não é um “cidadão comum”. É assim, então? Pois, já que tenho olhos verdes e sou diferente da média dos brasileiros, logo não sou um "cidadão comum", eu vou entrar com uma ação na justiça para que todas as pessoas me chamem de “galeguim dos ói azul” (reminiscências da infância). Faça-me o favor!

domingo, 7 de novembro de 2004

Cada coisa em seu lugar

Incrível como a gente acha assunto até onde não espera. Estava eu passeando na comunidade de Fortaleza no Orkut e cliquei num topic intitulado “Fui roubado”. Era um rapaz informando que havia sido roubado e pedindo para que alguém se comunicasse com ele caso achasse seus documentos. Logo em seguida surgiram dois sem-noção (para não usar termos mais fortes) e disseram para ele se preparar que isso é só o começo da “era Luizianne”. Independentemente de ser contra ou a favor, ter votado ou não nela, quero só rebater esse absurdo dessas duas criaturas que acham que liberdade de expressão dá o direito de dizer qualquer besteira gratuitamente (pior ainda, obriga os outros a ouvir ou a ler). Em primeiro lugar, a Luizianne não tem nada a ver com isso, pois o mandato dela só começa em 1° de janeiro de 2005. Logo, é bom esperar, pelo menos, mais um ano e meio antes de tecer comentários sobre uma administração que nem começou ainda. Em segundo lugar, segurança pública é da competência do estado, e não do município (aliás, aprendi com um outro rapaz muito sensato que respondeu ao topic, digitando partes da Constituição brasileira, que a guarda municipal – tão alardeada na campanha do Moroni – só pode ser utilizada para defender o patrimônio público, e não as pessoas - Art. 144, parágrafo 8°: "Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei."). E, em terceiro lugar, você enfiar um negócio desse num topic em que a pessoa vem só informar que foi roubada e pedir ajuda caso encontrem seus documentos é passar atestado de quem não tem o que fazer e quer tornar públicas suas abobrinhas a qualquer custo. Quer discutir política? Ótimo, muito justo e necessário até. Então crie um topic e fale sobre o assunto, utilizando argumentos racionais e palatáveis. Vamos crescer, né, pessoas!

quarta-feira, 3 de novembro de 2004

Deixando a tristeza de lado

Não vou falar sobre a reeleição de George W. Bush porque seria um post cheio de melancolia, tristeza e decepção. Não quero encher meu blog com toda a negatividade que esse homem passa. Infelizmente ele ganhou e não há nada a se fazer agora. Por isso publico o texto que escrevi ontem, mas não publiquei por conta de alguns empecilhos.

Após alguns problemas que me impediram de postar nos três últimos dias, estou de volta para comentar algumas coisas sobre o post passado. Em primeiro lugar, eu me expressei mal quando disse, simplesmente, que acho perigoso levantar a auto-estima de um povo. Claro que sei que ter uma boa auto-estima ajuda bastante e ninguém deve andar por aí achando que é o pior dos piores. O que quis dizer foi que acho perigoso dizer que alguém deve se sentir bem ou superior (o que é pior ainda) simplesmente por ter determinada nacionalidade. Não é ter nascido no Brasil, nos Estados Unidos ou na China que faz de alguém melhor ou pior. O que nos faz são as atitudes que tomamos, a forma como agimos, a maneira que pensamos e pomos em prática, afinal, como dizia o meu xará bíblico Tiago, “a fé sem obras é morta”. É isso que vejo nos americanos em geral (claro que há exceções, em tudo há: vide Michael Moore, um americano com uma capacidade de auto-crítica invejável), um sentimento de superioridade por ter nascido na terra do tio Sam. E, em segundo lugar, quero dizer que concordo com quem disse que exemplos capitalistas não podem ser de pessoas dispostas a ajudar os outros e tentar mudar a ordem das coisas, realmente eu não havia pensado nisso, apesar de todas as leituras que estou fazendo para a minha monografia apontarem exatamente isso, falando do atual homem unidimensional, ou seja, aquele que aceita as coisas como estão como a única forma possível. E concordo também com quem disse que nós precisamos de heróis para nos espelharmos (gente, desculpa não dizer exatamente quem, deu um probleminha na Internet aqui e eu não to podendo acessar meu blog para olhar os comentários). Acontece que eu continuo achando que quem faz todos os esforços para melhorar a própria vida não é herói nenhum: herói, como os que estou acostumado a ver nas histórias dos X-Men que tanto gosto, são aqueles que sacrificam a própria vida em prol dos outros, que não medem esforços para ajudar a melhorar não só a própria vida. Por acreditar que isso, sim, é que são heróis e por não me vender totalmente ao capitalismo que hoje se apresenta, deixando bem claro que não tenho nenhuma inclinação para o socialismo e nem para usar os livros de Marx como bíblia (até porque não sou católico e não leio a bíblia) que eu continuo achando que essa campanha do governo não me passa nada do que pretende passar.

sábado, 30 de outubro de 2004

O que é o melhor do Brasil?

Sempre que eu vou postar aparece aquela lista de “blogs legais” do UOL. E o blog do Marcelo Tas aparece (quase) sempre (adicionei o quase porque fui lá agora para confirmar o nome do rapaz e o blog dele não estava indicado). Certa vez, curioso e carregado de reminiscências saudosistas de quando ele fazia aquele quadro do Castelo Rá-tim-bum respondendo às perguntas intermináveis do Zequinha, cliquei no link, fui visitar o blog e li um post falando sobre a campanha de elevação da auto-estima nacional “O melhor do Brasil é o brasileiro”. O Tas discordava da campanha e perguntava: se o melhor do Brasil são os brasileiros, o que é o pior? Desde que li isso fiquei me perguntando a mesma coisa e hoje decidi escrever a respeito. Em primeiro lugar, acho meio perigoso esse negócio de querer levantar a auto-estima de um povo para ele se sentir melhor. Em alguma época isso deve ter sido feito com os americanos (não sob a forma de uma campanha publicitária, creio eu) e hoje eles estão aí, achando que são melhores do que qualquer outro povo da face da Terra, quando eles lembram que existe alguém mais no mundo que não eles mesmos. E, em segundo lugar, concordo com o Tas e me pergunto: se o melhor do Brasil são os brasileiros, porque esse país não vai pra frente? Por que há tanta corrupção? Nicolau dos Santos Neto, Luiz Estevão, Sérgio Benevides (para quem não é de Fortaleza, um deputado safado que roubou dinheiro da merenda escolar), Fernando Collor, Sérgio Naya, Paulo Maluf, enfim, a lista é interminável: todos eles são brasileiros. E no que foi que eles contribuíram para o país? Aliás, até acho que esse é o defeito da campanha. Tudo bem, ela ressalta o esforço de brasileiros conhecidos para superar grandes dificuldades, como o Ronaldinho e o Herbert Viana. Parabéns para eles, muita gente não tem a força de vontade de sequer tentar. Mas foi um esforço em prol deles mesmos. O que há de tão louvável (por favor, prestem atenção ao sentido da palavra “louvável”, ou seja, merecedor de louvor) em fazer de tudo para melhorar a própria vida? Vários (se não todos) dos super-ladrões brasileiros que eu citei acima começaram e continuaram sua saga de crimes para melhorar a própria vida. Claro, sei que os personagens da campanha não fizeram nada de ilícito para atingirem seus objetivos. Mas o que defendo aqui é que há pessoas dignas de muito mais louvor do que esses famosos que fizeram de tudo para voltar a ganhar tubos de dinheiro. Exemplos? Vários professores de cidades do interior (ou não) do Brasil mostrados em reportagens do Jornal Hoje na semana do dia do Professor que fazem de tudo para continuar ensinando, para manter as crianças na escola. Professores que andam quilômetros a pé para poder chegar à escola onde ensinam várias crianças, às vezes duas ou mais turmas diferentes ao mesmo tempo, para darem a elas melhores condições de vida no futuro. Pessoas que fazem tudo isso ganhando uma miséria de salário e tendo consciência disso, mas que continuam a fazê-lo por conta do futuro daquelas crianças. Sacrificar a própria vida (no sentido de fazer sacrifícios) em prol da vida dos outros. Isso, sim, é louvável.
PS: sim, os professores que tanto saudei também são brasileiros e acabei me contradizendo. Mas eu nunca prometi 100% de coerência, até porque NINGUÉM é 100% coerente, e o meu objetivo era criticar a forma como a campanha do governo foi conduzida, e isso eu fiz.

sexta-feira, 15 de outubro de 2004

Aos mestres, com carinho

Sei que o dia é de parabéns, mas não é isso que vim fazer hoje aqui. Eu quero agradecer a todos os professores que passaram por minha vida nesses 20 anos de colégio e faculdade. Agora eu me encontro no meu último semestre de faculdade. Todos os professores que haveriam de passar pela minha vida acadêmica enquanto graduando já passaram, infelizmente. Não querendo desmerecer meus professores de colégio, mas, na universidade, eu pude ver o conceito do que é ser um professor, um mestre em sua completude, pois o ambiente universitário e a idade já mais avançada dos estudantes permitem um maior contato entre professores e alunos. Matérias foram ensinadas, conhecimentos foram passados. Mas não só isso. Lições de vida foram aprendidas, amigos foram feitos, laços indeléveis foram formados. Aprendi muito mais do que o que está no currículo. Descobri que tenho muito mais responsabilidades para com o mundo como profissional, como letrado e como pessoa do que eu imaginava. Por isso eu quero agradecer a todos os meus professores, inclusive os ruins, pois esses me ensinaram a dar mais valor a um bom professor, a uma aula bem ministrada (uma lição que não foi completamente aprendida, preguiça e falta de compromisso insistem em atrapalhar esse aprendizado, mas algumas lições levam mais tempo para serem aprendidas). Todos vocês contribuíram para a minha formação de alguma maneira. E não me refiro apenas à minha formação acadêmica e profissional, mas minha formação como pessoa.

Obrigado a todos.

terça-feira, 12 de outubro de 2004

Ser criança

12 de outubro, dia das crianças. Originalmente, nem pensei em escrever algo relacionado à data. Mas minha mente começou a fazer aquelas viagens cujo controle eu não possuo e eu me vi pensando em comemorar a criança que eu mantenho viva dentro de mim. Não, não é aquele discurso ensaiado “todos temos uma criança dentro de nós”, é uma constatação resultante de muita auto-reflexão. A falácia acima citada pode até conter seu quinhão de verdade, porém creio que muitas pessoas deixam sua criança interior morrer, mais cedo ou mais tarde. Eu, apesar de sempre ter me considerado muito maduro e realmente acreditar que o sou, mantenho bem vivo o meu Tiaguinho. Realmente a criança à que me refiro não tem nada a ver com maturidade ou infantilidade, mas sim com uma forma de encarar a vida, uma maneira mais leve de lidar com as pessoas. Salvo raras exceções, crianças são alegres, acreditam que todo dia é uma festa e que tudo vai dar certo. É um otimismo contagiante, uma alegria estimulante, uma energia revigorante. Crianças estão muito mais preocupadas em se divertir do que em arranjar briga com alguém. E, se arranjam, fazem as pazes muito mais facilmente e conhecem pouco ou quase nada de um ingrediente amargo que faz parte da vida de muitos adultos: orgulho. Falsidade é outra capacidade praticamente inexistente nelas, tornando-as muito mais à vontade com seus sentimentos e com os dos outros. Por essas e por outras razões que eu procuro sempre manter a criança que existe em mim sempre viva, com a minha espontaneidade pueril, minha alegria quase que constante e meu desejo de estar sempre “de bem” com todos ao meu redor. Tomara que eu consiga evitar que os problemas do dia-a-dia e os aborrecimentos da vida adulta soterrem a criança que me ajuda a ser mais leve. Parabéns para as crianças de todas as idades.

quarta-feira, 29 de setembro de 2004

Uma esmolinha pelo amor de Deus

Um programinha básico combinado meio que em cima da hora rendeu ótimos momentos ontem: uma ida à Barbaresco para tomar um sorvete. Claro que qualquer programa com a qualidade do grupo de amigos de ontem só pode dar em coisa boa. Aliás, acho que merecíamos o ISO 9001 da amizade. Se precisar de uma grande região para colar o adesivo, não tem problema: sapeca o papelzinho grudento no meu nariz que tá tudo dominado. Mas agora quero falar sobre algo que conversamos na sorveteria e rendeu muito, sem chegar a uma conclusão (e nem sei se é possível chegar a alguma). Começamos a falar sobre assaltos e quase-assaltos (e todo mundo tem uma história dessa para contar) e desembocamos na questão dos pobres e miseráveis. Nossa primeira reação ao sermos abordados nas calçadas ou sinais de trânsitos por alguém pedindo uma esmola é dizer “não tenho”, salvo raras exceções em que simpatizamos, por qualquer motivo explicável ou não, com o pedinte. E o que nos leva a fazer isso? O primeiro argumento é que não sabemos se aquela pessoa realmente precisa, se não está se aproveitando da caridade alheia (o que foi confirmado por várias histórias contadas ali), principalmente quando ela traz uma criança a tiracolo. E, por mais verdadeiro que seja esse argumento, não sabemos em que casos ele se aplica ou não. Creio que, na verdade, nos valemos de tal argumento para aliviar nossa consciência por não ajudar aquela pessoa. Foi aí que eu joguei a pergunta na mesa: e o que nós podemos e devemos fazer? Qual o nosso papel? Acredito que o que nós fazemos é acreditar que nossa tarefa é, simplesmente, votar e deixar os governantes resolverem isso. Sim, é bem verdade que os políticos deveriam fazer muito, muito mais do que fazem. Mas acreditar que votar é suficiente e que, depois disso, estamos completamente desobrigados de qualquer outra atitude é de extremos comodismo e preguiça. Mesmo tendo apenas começado a ler “Ensaio sobre a lucidez”, do meu guru intelectual José Saramago, já começo a me perguntar até que ponto o voto garante mesmo a democracia, ou seja, o governo DO povo, principalmente quando as pessoas começam a eleger alguém como a Déborah Soft para vereadora, isso sem falar nos candidatos que estão à frente na corrida para prefeito de Fortaleza nas pesquisas divulgadas.

segunda-feira, 20 de setembro de 2004

Quando tudo se resolve com uma lei

Assistindo ao Jornal Nacional, vi a matéria sobre a decisão da UFRJ de não adotar o sistema de cotas para o vestibular de 2005. O documento do conselho da universidade em que se justificava a decisão afirmava que a solução para o problema das desvantagens que enfrentam pobres, negros e indígenas está no investimento para garantir um ensino público fundamental e médio de qualidade. O ministro da Educação Tarso Genro disse respeitar a decisão da universidade, mas que, a partir do momento em que o sistema de cotas se tornar lei federal, ela terá que acatar a decisão. Assim como a Universidade Federal do Rio de Janeiro, reconheço todos os problemas que enfrentam negros, pobres e indígenas no nosso país, fruto de desigualdades coloniais que não se resolveram com proclamações de independência, da República ou de abolição da escravatura. Agora, não me entra na cabeça que há quem acredite, realmente, que a solução está em “forçar” a entrada na universidade de pessoas que foram marginalizadas e desprivilegiadas durante uma vida inteira, como se isso fosse, magicamente, resolver seus problemas e torná-las pessoas preparadas para concluir sua formação superior. Ora, se já foram feitas matérias jornalísticas sobre alunos que passaram, sem sistema de cotas ou qualquer outro meio de ajuda, no vestibular de uma universidade pública e tiveram que fazer um cursinho de revisão para conseguirem acompanhar as matérias da universidade, imagine alguém que teve um ensino fundamental e médio medíocre e que é jogado para dentro de uma universidade pública porque o governo achou que fica mais bonito pro Brasil colocar uns negros no ensino superior e resolveu fingir que a culpa por essas pessoas não poderem entrar numa universidade por meios “normais” não é dele. Quando digo governo não me refiro ao governo Lula única e especificamente, mas ao governo de todos os políticos que já brincaram de poder desde aquele 15 de novembro, lá em 1889. Não vou nem falar de datas anteriores a essa para ninguém alegar que, a essa altura, o destino do Brasil não estava, totalmente, nas mãos dos brasileiros (se é que está atualmente). E também não vou começar a discutir o descaso para com as universidades públicas e seu conseqüente sucateamento, esse seria tema para mais 18.739 palavras. Quero me ater, apenas, à questão do ingresso no ensino superior. Bem, já que os governantes acreditam que uma lei pode resolver algo que deveria ter sido preparado e cuidado durante todo um período anterior, se, ao defender minha monografia, minha banca achar que ela não está satisfatória, eu vou pedir uma lei para um sistema de cotas de diplomas para universitários desesperados para se formar.

sábado, 11 de setembro de 2004

Herança

A data também exigia uma dedicação da minha parte para tentar escrever outra homenagem de aniversário, mas meu dia de ontem foi muito atribulado. Um dia em que eu passei 12 horas fora de casa e mais 9 dormindo não poderia render muito mesmo. Contudo, mesmo com o atraso de um dia, a homenagem continua válida, pois os sentimentos não passaram junto com a folhinha do calendário. Ontem foi o aniversário de Dona Nenzinha, apelido carinhoso pelo qual todos chamam minha querida avó materna. Se na terça-feira passada eu fiz alguns elogios a minha mãe, hoje eu quero repeti-los a minha avó. Sabem aquela avó de comercial de margarina? Amorosa, dedicada aos netos, sempre com uma (ou mais) guloseima pronta para adoçar a boca dos filhos de seus filhos, o estereótipo da avó perfeita? Essa é Nenzinha. Porém ela não faz apenas mimar os netos. Quando necessário, ela conversa, orienta, ajuda. Olhando minha avó e minha mãe eu vejo que, junto com o sobrenome Sitônio, veio mais do que tipo sangüíneo, DNA ou qualquer outra característica meramente biológica, veio também carinho, dedicação, bondade, força e uma mão divina para a cozinha.

Parabéns, vó!

terça-feira, 7 de setembro de 2004

Apenas palavras

A tarefa que tenho hoje é praticamente impossível. Entrego as armas antes mesmo da batalha. Derrotismo? Não, consciência plena da incapacidade de realizar tamanho feito. Por mais belas que sejam as palavras escolhidas, por mais harmoniosa que seja a tessitura do texto e por mais sinceros que sejam os sentimentos que me movem, ainda assim é impossível transmitir através de qualquer língua conhecida pelos homens o real valor de quem quero homenagear hoje, no dia de seu aniversário: minha mãe. Creio que esse objetivo só seria alcançável se eu conseguisse atingir o mundo das idéias de Platão, onde todas as coisas são perfeitas, das quais tudo que existe neste mundo, inclusive as palavras e conceitos que possuímos do que conhecemos, é apenas sombras. Ou se eu fosse capaz de falar não a língua dos homens, mas a língua divina, ensurdecedora, maviosa e produtora de todos os sentidos e sentimentos. O fato é que, com o português que conheço, só o que posso é tentar chegar o mais próximo possível disso. Na verdade, começo a pensar que isto não se trata de uma homenagem, mas sim de uma auto-congratulação. Não bastasse eu ter o prazer de conhecer Mafalda Sitônio Guedes, eu ainda tenho a sorte de ser seu filho e ter convivido com ela extremamente de perto em grande parte desses meus 23 anos de vida. Foi ela que me ensinou a assumir as conseqüências dos meus atos. Exemplo maior? Quando estava eu na 7ª série, ao digitar um comando errado no computador recém-comprado lá de casa e perder quase todo o trabalho de História que eu tinha que entregar no dia seguinte, ela se negou a escrever um bilhete para a minha professora explicando o acontecido e pedindo um novo prazo de entrega. O que ela alegou para não fazê-lo? Que eu poderia ter feito o trabalho antes, mas deixei para a última hora. Se eu fiquei chateado com ela na época? Muito! Mas, muitas vezes, só enxergamos o bem que alguém nos fez muito tempo depois, especialmente quando ainda somos crianças. Ela me ensinou a nunca “dar meu lugar a ninguém”, fazendo sempre mina parte e demonstrando muita atenção e gentileza mesmo por quem não retribui na mesma medida. Ela me ensinou a esquecer mesquinharias e tentar conviver da melhor forma possível com todas as pessoas à minha volta. Ela me ensinou a ver parte das pessoas que amo em outras que, por si mesmas, não são capazes de me despertar amor e carinho e, assim, tentar gostar um pouco mais delas. Ela me ensinou que me dar bem às custas de outras pessoas não vale a minha paz de espírito e minha consciência tranqüila ao deitar a cabeça no travesseiro à noite. Ela me ensinou a dar o melhor de mim em tudo o que eu faço. Ela me ensinou que viver é algo maravilhoso não porque seja fácil e divertido o tempo todo, mas porque é muito gratificante ver nossos esforços darem bons frutos, mesmo que alguns se estraguem durante o percurso.

Parabéns, mãe!

quarta-feira, 1 de setembro de 2004

Enquanto isso, no Saia Justa

Assistindo ao “Saia Justa”, deparei-me com algo cômico: no momento da pergunta saia justa, Fernanda Young levanta-se, caminha até Mônica Waldvogel, pega o envelope contendo a dita cuja pergunta. Retorna ao seu lugar, senta-se, abre o envelope e retira lá de dentro o cartão que diz: “Para vocês, qual é o maior afrodisíaco?” Fernanda pára por um momento, olhar fixo, cara de desprezo perante a pergunta, e responde secamente, sem titubear ou variar a voz, com a sua franqueza e total despreocupação com o que fala: “Pica!” Marisa Orth desata a rir por um bom tempo e ninguém mais consegue responder à pergunta. Mônica, conciliadora e politicamente correta como sempre, ainda tenta elaborar uma discussão sobre as ostras, o que não vinga, interrompida pela constatação mais do que pertinente de Marina Lima de que, após a resposta Youngiana, não há mais o que se dizer. Grosseiro, porém hilário.

terça-feira, 31 de agosto de 2004

Lágrimas ou sorrisos?

Reprise de “Sex and the city”. Velhas emoções, lágrimas novas. Quantas vezes é possível chorar pela mesma coisa? Excesso de sensibilidade? Sei lá. Mas, apesar do choro de hoje, ontem eu ouvi que eu sou “muito feliz”. Será? Fiquei imaginando. Claro, eu tenho meus momentos “cinzas”, mas, em geral, creio ser uma pessoa bem positiva. Comecei a pensar: eu tenho tantos motivos pra ser feliz? Listei mentalmente os motivos para ser infeliz, mas antes mesmo de terminar a lista dos infortúnios e começar a dos motivos pró-felicidade, parei e pensei que não vale a pena me apegar nisso. Como diria a camisa que usei no dia do meu aniversário, “Don’t worry, be happy”.

segunda-feira, 30 de agosto de 2004

Textículos

Mais uma da série não-tinha-o-que-escrever-então-vou-postar-comments-de-outro-blog. Quem quiser pegar o contexto dos comentários, leia o post de sexta passada e o de hoje do “Albergue Mental”.

Mãos

Tuas mãos são mágicas e perigosas. Quando me tocam, fico tenso, enrijeço e peço que pares. Mas, se começam a me fazer uma massagem, enlouqueço, entorpeço e esqueço que todo fim tem um começo, e, ao me deixarem relaxado, ignoro meu coração magoado e posso dar mais um tropeço.

Garçom, vê 1 kg de poesia

Se antes comia palavras, agora as devoro. Se antes uma pizza brotinho de versos me bastava, agora só quero saber de pizza família. Não me contento mais com poesia à la carte, só desejo rodízio. E de tanto ingerir palavras belas, às vezes regurgito poemas quase tão bonitos quanto os que degluto.

quarta-feira, 25 de agosto de 2004

Se autocopiando-se a si mesmo

Atendendo a pedidos (ô mentira, foi um pedido só), vou postar hoje um comentário que deixei anteontem no "Albergue Mental". E já que a ordem do dia é publicar comentários de posts alheios, vou aproveitar e postar um comentário que acabei de deixar no mesmo blog. Divirtam-se!



Palhaço do circo

Às vezes a gente entra num circo chamado Amor e, sem percebermos, acabam fazendo de nós os palhaços do show. Vem uma mágica tão bela que mais parece a assistente, coloca nosso coração dentro de um caixa e a serra no meio. Então a mágica abre as duas partes da caixa e devolve só metade do nosso coração serrado. De repente, ela se pendura em um trapézio e faz mil e uma acrobacias para fugir de nós, brinca de malabares com a metade roubada do nosso coração. Enquanto ela se diverte, viramos um engolidor de espadas nada treinado, pois ficamos sempre com algo atravessado na garganta. Mas é bom a mágica/trapezista/malabarista lembrar que o palhaço/engolidor de espadas pode virar um atirador de facas que não pretende acertar suas armas apenas na tábua e fazer todo o circo vir abaixo.

Não me digas

Se não é para devolveres teus lábios aos meus, não me digas que tens saudades. Se não é para me ligares pedindo para ir te ver, não me digas que ainda tens o meu telefone escrito com teu batom num guardanapo no dia em que nos conhecemos. Se não é para me embriagares com teu aroma, não me digas que ainda tens o perfume que te dei no nosso aniversário de um ano de namoro. Se não é para me amares, não me digas que não consegues me esquecer.

terça-feira, 24 de agosto de 2004

O fim

Ao assistir, ontem, ao último episódio de “Sex and the city”, eu já me senti extremamente propenso a escrever sobre ele, o que se fortaleceu após assistir à reprise de hoje. Por quê? Porque a série é (assim mesmo, no presente do indicativo) maravilhosa, trata de temas muito mais variados do que apenas sexo, possui personagens fortes, coerentes e carismáticos e sempre foi capaz de emocionar das mais diversas formas, não sendo diferente nesse último episódio. Uma série que, ao contrário do que leva a imaginar o título, trata, acima de tudo, de amizade e amor, não poderia passar assim despercebida e sem maiores comentários da minha parte. Se, nos dias de hoje, é difícil encontrar um programa de TV que emocione sem precisar escarafunchar a miséria humana, o que dizer de um sitcom americano que conseguiu fazê-lo continuamente? Foram várias as ocasiões em que o seriado mexeu com minhas emoções, mas a que quero comentar é aquela que fez lágrimas rolarem-me pelo rosto, tanto ontem como hoje. Miranda dá permissão ao seu marido para que traga a mãe para morar com eles após ela sofrer um pequeno derrame e ficar confusa e com lapsos de memória. Certo dia, a sogra de Miranda sai sozinha de casa, fazendo com que a nora saia desesperada à sua procura. Ao encontrá-la comendo um pedaço de pizza tirado do lixo, Miranda a leva para casa e dá um banho na sogra, por quem ela nunca teve muito apreço. Magda, a empregada e babá de Miranda, passa pela porta do banheiro e vê a cena. Mais tarde, Miranda está sentada sozinha à mesa e Magda chega junto a ela e diz que o que ela tinha feito havia sido amor. “You love”, diz ela e beija Miranda na testa.
Acho que essa cena me emocionou tanto por ter sido a primeira vez que vi personagens fictícios de uma série mundialmente famosa ensinando aquilo que cresci vendo no exemplo vivo e real da minha mãe. Se alguém sabe o que é amar, se sacrificar pelos outros, fazer coisas que não lhe agradam em nome de um bem maior às pessoas que se ama, enxergar uma parte de alguém que amamos em pessoas que não possuem, em si mesmas, qualidades suficientes para sentirmos um sentimento assim tão nobre por elas e, dessa forma, passarmos a gostar mais delas, esse alguém é minha mãe. Que minha mãe é um exemplo a ser seguido por qualquer pessoa (e digo isso sem medo de estar exagerando nem sendo movido por um amor filial cego), eu sempre soube. Mas, assistindo ao último episódio de “Sex and the city”, eu vi a minha mãe na TV, servindo de modelo para todos os fãs do seriado, mesmo que não saibam que quem estava ali era a minha mãe, e não a Miranda.

segunda-feira, 23 de agosto de 2004

Saudades do (longínquo) passado

Ontem minha mãe foi embora, voltou para João Pessoa. E, embora quinta-feira da próxima semana ela esteja de volta a Fortaleza para um casamento, eu fico novamente dizendo para mim mesmo algo que eu já sei muito bem: como é ruim ter que ficar longe de quem a gente gosta! Em tempos de capitalismo super globalizado e mercado de trabalho cada vez mais competitivo, ficar junto à família e aos amigos virou um luxo quase impossível de se conseguir. Meu irmão fez o concurso da Petrobrás, passou e está morando no Rio de Janeiro; minha irmã está estudando para passar em algum concurso e ir morar onde for preciso; minha prima Nalús também; Carolina, Cecília e Kelvilene, idem; vários amigos meus e amigos de amigos meus também e todas as pessoas que lotam os cursinhos preparatórios para concursos públicos, assim como as que estudam em casa mesmo. Pensando nessa condição sine qua non para poder sobreviver no mundo de hoje, me dei conta de que felizes eram os homens pré-históricos: viviam ali, todos juntos, sem ter que se separar. Pelo contrário, mantendo-se unidos, possuíam mais chances de sobreviverem. Mesmo quando abandonaram o sedentarismo e se tornaram nômades, mudavam de terras juntos, o grupo inteiro. Ninguém precisava fazer uma especialização em “Planejamento estratégico de caça” em uma instituição longínqua para poder se encaixar no mercado de trabalho. Nem era necessário um mestrado em “Pesquisa de mercado da coleta de frutos”. Estudar para um concurso público e ir matar animais de outras paragens, longe da família, estava fora de questão, até porque não existia a instituição do Estado. Todo mundo vivia junto e feliz, fazendo suas pinturas rupestres nas paredes de suas cavernas, lascando pedras e pedindo uma pata de mamute emprestada na caverna do vizinho. Viva o Neolítico!

sábado, 14 de agosto de 2004

Eu quero entrar na rede, promover um debate

Hoje eu finalmente percebi como a minha vida está mergulhada na internet atualmente. Mais do que nunca. Há muito que eu digo que sou adicto à internet, mas só hoje percebi que a primeira coisa que faço ao ligar o computador é entrar em blogs (meu e alheios), ler posts e comentários, principalmente agora, que ganhei novos e assíduos leitores, com novos blogs para eu ler assiduamente. Engraçado que eu via amigas minhas totalmente entregues ao mundo blogueiro, preocupadas em postar, combinando saídas com os amigos escritores virtuais. E eu não conseguia entender qual era o grande lance dessa história. Agora eu entendo. E como minha cabeça ainda funciona em ritmo acadêmico, comecei a fazer análises do porquê de as pessoas aderirem aos blogs e irem buscar novas amizades e relacionamentos no meio virtual em vez de ir procurar por isso no mundo real. E comecei teorias pseudo-acadêmicas sobre os relacionamentos nos dias de hoje. Acho que estamos tão sem tempo e os primeiros contatos que estabelecemos com pessoas novas são tão superficiais que pelo menos alguns sentem uma necessidade de se mostrar mais a fundo, tirar os véus de falsidade e banalidade que a sociedade exige em alguns momentos e conhecer mais as pessoas com quem pretendem se relacionar. Para exemplificar, quem aqui imagina conversar com alguém que mal conheceu num Mucuripe ou numa Órbita da vida sobre filhos e estabilidade do casamento (post de hoje do “Devaneios & Embriaguez”) ou sobre amigos e saudade (diversos posts meus) sem passar por um doido com um quadro de carência afetiva crônico? A internet parece proporcionar uma mostra mais profunda de quem somos sem constrangimentos. Gosta quem escreve e aprecia quem lê. E quando passamos ao conhecimento “real” da outra pessoa, o cara a cara, fica sempre um constrangimento no ar. Acredito que se trata de termos a sensação de que aquela pessoa da internet, por mais fotos que tenham sido trocadas, é uma imaterialidade sem forma, um conjunto de pensamentos e sentimentos que não possui um corpo, e, ao passar ao conhecimento físico, temos a impressão de que aquela não é a pessoa com quem conversávamos sobre tantas coisas nos comunicadores instantâneos e blogs da vida. Parece que o ao vivo é tão superficial que os assuntos relevantes ficam só pro virtual. Mas não pensem que com isso estou dizendo que ignoro o físico num relacionamento amoroso, não cheguei a esse ponto de desprendimento do material (no sentido de materialidade, não no sentido de que as pessoas sejam objetos). Se eu for me relacionar amorosamente com alguém, a pessoa, além de ter um conteúdo profundamente interessante, tem que apresentar um físico que me atraia. Não procuro perfeição, mas uma harmonia interessante.

terça-feira, 20 de julho de 2004

Amigos

Amigos. Muitos dizem que eles são tão caros para nós porque nós os escolhemos. Nem sempre. Às vezes nós nem pensamos em tê-los como uma parte tão importante em nossa vida. Eles chegam de mansinho, nos seduzem, nos conquistam e, sem que percebamos, pelo menos não antes de ser tarde demais, nós não conseguimos mais viver sem eles. É como uma droga, quanto mais se usa, mais se deseja. É uma dependência mesmo, física, química, emocional. E em certo momento da vida, alguns são levados da nossa convivência. Uns voltam para suas cidades de origem, outros vão para cidades de destino. Outros são levados por obrigações, trabalhos, responsabilidades, e a distância aumenta, mesmo que morem há poucos quarteirões. E algumas vezes eles mudam sem trocar de endereço, mudam internamente, e quem parece mudar-se para bem longe é a amizade em si. Mas o importante é que hoje é o dia deles. E, sem eles, a vida chegaria ao insuportável, a minha, pelo menos. Por isso escrevo essas poucas palavras, pois acho que não há palavras suficientes para expressar a importância dos amigos em minha vida (e na de todos, por mais que alguns não se dêem conta disso), para celebrar o dia de hoje e para continuar uma corrente que iniciei há algum tempo, a corrente em favor da manutenção da amizade. Busquemos sempre transpor os obstáculos que a vida nos impõe para mantermos os laços da amizade. Relevemos as bobagens e mesquinharias que tornam amarga a mais doce amizade e conversemos a respeito do que realmente incomodar, para dar oportunidade ao outro de mostrar que ele não faz de propósito, apenas não conhece ainda tudo o que lhe magoa. E digamos sempre aos amigos que eles são importantes para nós, que os amamos. Não esperemos aniversários e datas como a de hoje para mostrar o valor dos amigos em nossas vidas. A amizade é uma conquista que deve ser celebrada todos os dias. Digo conquista porque amizade não é apenas amor (pois, etmologicamente, amor e amizade possuem o mesmo radical), mas sacrifícios e concessões também, assim como o namoro e o casamento. E é lutando contra os maus momentos e comemorando os bons que as amizades tornam-se mais fortes e fazem de nós pessoas infinitamente mais fortes também.
Por isso eu digo a todos os meus amigos: EU AMO VOCÊS!

quinta-feira, 15 de julho de 2004

Namoro ou amizade? Os dois!

O tema do “Meninas Veneno” de ontem, com a sempre ótima Marina Person, era namoro grude. Quando vi a propaganda anunciando o programa, eu pensei: eu tenho que assistir. Essa sempre foi uma questão que me incomodou e causou problemas com amigos e amigas e sobre a qual eu penso constantemente. Como todos que me conhecem um pouco mais sabem, eu estou sem namorada, mas não por opção. Claro, sei que falta um tanto de atitude da minha parte para ajudar as coisas a acontecerem, mas há outras questões e impedimentos que me atrapalham, porém não cabe serem discutidos aqui. A garota na berlinda do programa era a Mari, que achava que namoro não deve ser uma prisão e que não deve impedir ninguém de continuar saindo com seus amigos e ter uma vida individual, independente do(a) namorado(a). Eu me identifiquei tão de cara com ela (e com o assunto) que até deixei de assistir ao “Saia Justa” para ver o que ia acontecer ali. Embora eu tenha visto, com o decorrer do programa, que a Mari era extremista também, mas do outro lado, quer dizer, ela não conseguia largar as amigas e ter uma vida com seu namorado, vi que a discussão é muito válida e aflige várias pessoas, não só a mim. Não estou fazendo aqui um protesto contra o namoro, nem de longe. Eu gostaria muito de estar namorando, mas um namoro saudável, adulto, um relacionamento saudável. Ridículo um dos meninos que participavam do debate (Fabinho o nome dele, não me esqueci) que dizia que namorados têm mais é que ficar grudados mesmo, nada de um sair sozinho sem o outro, e, quando interpelado por uma das meninas participantes sobre onde ficavam os amigos na vida dele, disse que quando acabasse o namoro, ele iria atrás deles, o que arrancou da interlocutora dele um “pois eu não queria ser sua amiga”. Concordo com ela. Amigos não devem passar a ter menos importância quando se começa a namorar. Obviamente eles receberão um pouco menos de atenção, mas é essencial e saudável reservar a eles um tempo na sua agenda. Sempre digo que um namoro deve somar algo a sua vida, e não subtrair algo ou alguém. O argumento dos trogloditas que estavam lá para justificar porque as namoradas não podem sair sozinhas “pra balada” era o mais estúpido possível: a ocasião faz o ladrão, ou seja, ao sair de noite sem os namorados, elas estariam correndo o risco praticamente infalível de trai-los. A que nível de insegurança e burrice chegaram essas pessoas. Eu parto do princípio de que se uma garota está comigo, é porque ela quer e porque gosta de mim. Logo, não importa onde ela esteja, ela não terá vontade de ficar com mais ninguém. O mesmo vale para o caso de ela estar comigo, mas não gostar mais de mim, qualquer lugar (até mesmo a parada do ônibus) é lugar para se interessar por outra pessoa, e daí já não há nada que eu possa fazer, a não ser deixá-la seguir seu caminho e esquecê-la. Ciúme é uma sensação de posse sobre algo que não lhe pertence, pois ninguém é propriedade de ninguém. E confiança é a base de qualquer relacionamento saudável. Por isso eu peço, não larguem seus amigos, não deixem de sair com eles, se divertirem juntos, pois esses são momentos dos quais vocês se lembrarão para sempre. Namorados e namoradas vêm e vão, mas amigos verdadeiros são para sempre. Quer dizer, algum dia, alguém virá para ficar, mas nem mesmo por esse alguém deve-se deixar a vida pessoal de lado. Manter uma parte da sua vida que não possua a presença constante de seu(sua) namorado(a) é fundamental para conservar suas amizades, sua individualidade e o próprio namoro.

quarta-feira, 14 de julho de 2004

Janela

Era domingo. Ela olhava o mundo, cotovelos escorados no parapeito da janela. Os olhos já estavam cansados de tanto ler, exaustos de ver palavras imóveis que desenhavam em sua mente um mundo feito de imaginações e lembranças. Televisão, nem pensar. Se já não era uma telespectadora freqüente, aos domingos não suportava assistir ao que passava naquela tela de 20 polegadas, diferentemente de seu marido, que não abandonava o sagrado futebol e estava, naquele mesmo momento, resfolegando no sofá. Decidiu assistir ao mundo real, sem intermediações escritas ou audiovisuais. E foi quando ali estava, parada à janela, que seus olhos foram perdendo de foco tudo o que se encontrava à sua frente e se voltaram para dentro, para seus pensamentos. Apesar de estar com os olhos perfeitamente abertos e saudáveis, não enxergava mais. Uma cegueira sem cegar, um enxergar sem ver. Se os seres humanos são passíveis de divagações e devaneios em qualquer dia, aos domingos essa probabilidade parece ser multiplicada por 100. Ou menos, ou mais, depende de cada um. O fato é que paira no ar do domingo uma névoa de leve melancolia e introspecção. Começou, então, a se perguntar: onde estavam as aventuras e alegrias de sua vida? Onde estava aquele namorado galante, que a surpreendia com flores, bombons e outros mimos sem nenhum motivo aparente? Onde estava o noivo entusiasmado, que mal podia esperar pelo dia de casamento para poder ficar, finalmente, a sós com sua mulher? Onde estava o marido ardentemente apaixonado da lua-de-mel, que desejava apenas estar com ela entre os lençóis da cama? Enquanto fazia todas essas perguntas a si mesma, ela nem percebera que o jogo de futebol estava no intervalo e seu marido havia ido à cozinha, só o viu quando ele parou ao seu lado, com um prato em que estava uma laranja descascada e cortada ao meio em uma mão e um copo de suco de maracujá na outra. Não adianta perguntar por que ela gostava de comer uma fruta e beber o suco de outra, nem ela mesma saberá explicar. Entregou o prato e o copo à mulher e deu-lhe um beijo na testa. Ele virou-se, voltando à sua posição passiva no sofá. Ela respirou fundo, expulsando dos pulmões o ar pensativo de domingo. Foi quando se deu conta de que ali não estava mais o namorado impetuoso, o noivo impaciente ou o marido arrebatado. Quem estava deitado naquele sofá de um bege clarinho e almofadas grandes e confortáveis era o homem com quem passara por momentos tristes e felizes, assim como qualquer outra pessoa, o que acontece é que sempre se olha apenas para a felicidade alheia e a infelicidade própria. Quem lhe entregara um prato com uma laranja descascada e partida ao meio e um copo de suco de maracujá era o homem que ela conhecia como ninguém; aquele que sabia das suas idiossincrasias como nenhum outro; aquele que deitou-se, abraçando-a, enquanto ela chorava a morte da mãe e só se levantou quando ela mesma não conseguia mais chorar; aquele que sempre se preocupa em não deixar um sapato emborcado dentro de casa por saber que a mulher não gosta, apesar de não compartilhar nem um pouco dessa superstição. Ali estava o homem que ela amava e que a amava também.

quarta-feira, 9 de junho de 2004

Seis orkuts de separação

Como já confessei aqui, sou o mais novo adicto da droga chamada Orkut. Da mesma maneira que a minha amiga Carolina, eu não via muita graça nele no início. Mas comecei a mexer, a bulir, a procurar amigos e comunidades interessantes (ou loucas) e fui me viciando. De cara encontrei uma amiga queridíssima que há muito eu não vejo, a Mel. Depois fui numa busca por mais amigos para aumentar aquele mirrado número de amigos virtuais, questão de orgulho mesmo. Eu via pessoas com 40, 80, 160 amigos, e eu com meia dúzia de gatos pingados. Quem sou eu, um zé-ninguém? Não, eu preciso ter mais amigos na minha lista. E saí na minha busca frenética por amigos meus do mundo real no meio virtual. Quando não mais consegui achá-los, fui à procura de novos amigos, virtuais mesmo, com potencial de se tornarem reais e percorrerem o caminho inverso dos primeiros. Entrei em comunidades, olhei perfis, mandei mensagens, aderi a novas comunidades. E o mais interessante é observar que o Orkut é a concretização da teoria das 6 pessoas ou dos seis graus de separação. Fiz uma pesquisa na internet para embasar melhor o que digo: "A idéia dos seis graus de separação surgiu pela primeira vez em 1967, quando o psicólogo norte-americano Stanley Milgram publicou a teoria de 'mundo pequeno' na revista Psychology Today. Milgram descobriu que voluntários nos Estados norte-americanos de Nebraska e Kansas conseguiram chegar a pessoas desconhecidas em Massachusetts usando uma rede de amigos, contatos comerciais e outras relações." Resumindo, essa teoria diz que entre uma pessoa e outra totalmente desconhecida existem, no máximo, seis pessoas. Logo, entre mim e a Julia Roberts, existem, no máximo, 6 pessoas. Quando a gente olha o perfil de alguém no Orkut, aparece a lista de conexão entre aquela pessoa que você nem conhece e você mesmo. Todo mundo é amigo de um amigo de um amigo seu, variando a quantidade de "amigo de um amigo". Acho que isso é uma das razões que me atraem no Orkut: eu posso, a qualquer momento, trocar mensagens com a Julia Roberts.

segunda-feira, 7 de junho de 2004

Explicando isso na Sala de Justiça.

Tá parecendo que a razão de ser desse blog é explicar os porquês de eu não ter postado. Mas, dessa vez, eu não tenho culpa. Ontem a minha internet passou o dia fora do ar. Aliás, foi cômico. Tentei entrar na internet ontem lá pelas 9:30. Nada. Tudo bem, fiquei aqui, sendo lambido pela criadora. Saímos, almoçamos fora. Quando voltamos, eu tentei novamente. Nada de internet. Peguei o telefone e liguei para a Fortalnet. Pedi para passar ao suporte técnico, mas todos os ramais estavam ocupados. Então o atendente perguntou que assunto eu queria tratar e eu disse que era uma reclamação sobre internet fora do ar. O atendente perguntou se era internet predial (respondi positivamente) e qual o prédio. Quando eu disse, ele confirmou que havia um problema com um link da Embratel. Mas o engraçado mesmo (pois vocês devem estar se perguntando "onde está o cômico nessa história toda?") foi quando eu disse, meio indignado, ciente de que o atendente não tinha culpa, que já estava nisso desde cedo da manhã. Foi quando ouvi do atendente: Não, é desde ontem (preciso explicar que ele disse isso num tom que dava a entender: "não, besta, faz muito mais tempo!")! Aí eu tive vontade de rir. Eu, um consumidor revoltado, reclamando da falta de serviço, e o atendente me adiciona a informação que fazia ainda mais tempo que eles estavam sem me prestar o serviço pelo qual pago religiosamente todo mês. Ai, ai. Até agora me pergunto se foi ingenuidade ou burrice. Prefiro ficar com a ingenuidade, por um lado por preferir sempre pensar na melhor das opções e, por outro, por ter até me afeiçoado ao atendente, que, depois do episódio hilário, ainda concordou com a minha um pouco fingida revolta pela falta de internet. Fingida por eu não estar muito preocupado porque mamãe está aqui e eu sabia que mal ia ligar o computador e por eu ter até melhorado de humor depois do adendo ingênuo do meu interlocutor.

quarta-feira, 2 de junho de 2004

A primeira vez a gente nunca esquece!

Hoje eu vou, finalmente, contar a saga do meu mal fadado sábado passado do tal show dos Los Hermanos (vide post de 30/05). Saí de casa às 21:40 hs, mais ou menos, com a minha amiga Loiria. Chegamos ao entorno do Dragão do Mar (toda aquela região de bares, boates e moquifos e ruas/estacionamento) mais ou menos às 22:00 hs. Corremos para o Armazém, pois passáramos por lá antes de estacionar e vimos a fila monstruosa que se formava nas calçadas. E lá fui eu correr atrás de um ingresso, pois eu não havia comprado. Depois do susto de ter encontrado cambistas vendendo ingressos a R$ 35, consegui comprar a R$ 25, após uma séria barganha entre 2 cambistas (nada como uma boa concorrência para garantir um menor preço). Fomos ladeando a fila, procurando algum conhecido para cometer aquele pequeno delito que todos cometem nessa situação mas não querem que os outros (à sua frente) o cometam: furar a fila. Encontrei uma amiga da faculdade com o namorado. Já nos chegamos e começamos a conversar. Vi que ela não ficou muito feliz com a nossa aproximação cara-de-pau, mas não podíamos nos sujeitar a ir parar no fim daquela fila interminável. Mais 2 casais de amigos chegaram e se agregaram a nós. Com o passar do tempo, a impaciência foi crescendo, juntamente com a preocupação de que não iria caber aquela multidão dentro do recinto. Um dos casais, Luciana e Charles, resolveu vender seus ingressos e ir embora. Eles chegaram à conclusão de que era impraticável ficar naquela fila que não andava e, pior ainda, quando finalmente conseguissem entrar, seria insuportável lá dentro. Eu, enfim, cheguei à mesma conclusão. Procurei o cambista para quem o Charles vendera os ingressos, mas não o achei. Não o achamos, Charles e Lu estavam comigo. Mas encontramos um grupo de amigos que queria comprar ingressos. Consegui vender o meu a R$ 20 (isso mesmo, preju de 5 real, mas tinha cambista comprando a 10, tamanho caos que se instalava nas portas do Armazém). Vendido o ingresso, ficou a grande questão: como voltar para casa, pois a Lia disse que não ia desistir. Mais do que certa, ela, como fã da banda, tinha mais é que ficar mesmo. Mas como eu não era movido por esse laço afetivo com a banda, vi que não dava para mim. Estava na esperança de pegar uma carona com a Lu e o Charles, mas descobri que eles iam voltar de táxi e moram no lado oposto da cidade, tomando o Dragão como ponto de referência. E agora? Vaguei procurando uma cara conhecida, tentando ter alguma idéia. De táxi eu não ia voltar, porque aí o prejuízo ia ser grande demais, principalmente porque ando pobre (ter dinheiro é uma desgraça, só serve pra gente gastar mais). O Circular não passava mais àquela hora. Sai caminhando em direção ao ponto de táxi do dragão para fazer uma "tomada de preços". Mas quando estava lá chegando, o que vi do outro lado da rua? Dois moto-taxistas. Sim, isso mesmo. Eu recorri ao moto-táxi. Pior: ainda barganhei preço com o moto-taxista. Fiz até teatrinho de que ia buscar uma carona (não sei como) para conseguir chegar ao preço que eu queria: R$ 5 a corrida (ele queria 7). E lá fui eu: meti o capacete e subi na garupa da moto. Fim de carreira eu querendo esconder minha cara quando passei em frente ao Armazém trepado num moto-táxi, o que ficava difícil devido à minha chamativa camisa florida, estilo havaiano. Pior ainda a minha preocupação em desenvolver um ninho de piolhos na minha vasta cabeleira (agora já estou mais aliviado, creio que já passou o período de incubação desses maléficos bichinhos peçonhentos). Eu sei, esses comentários parecem extremamente preconceituosos e elitistas, mas o que posso fazer se sou burguês e classe média? Se nunca tinha precisado recorrer a um moto-táxi? Se sempre escutei comentários e piadinhas a esse respeito das pessoas ao meu redor? Que atire a primeira pedra quem nunca fez (ou riu de) uma piadinha de moto-táxi! Saldo da noite: prejuízo de déireal, nada de show e a minha dignidade burguesa abalada. É, o primeiro moto-táxi a gente nunca esquece.

sexta-feira, 28 de maio de 2004

Sobre pássaros (e morcegos, e insetos...)

A idéia para este post me veio durante o banho. Pois é, eu sei, às vezes, as coisas surgem nos momentos mais inesperados. Eu comecei a pensar em pássaros (não me perguntem por que eu comecei a pensar nisso que eu não vou saber dizer) e em morcegos. Morcegos? O que eles têm a ver com pássaros? Bem, eles voam. Eu pensei: como os pássaros têm sorte de poder voar. Imediatamente parei para pensar: somente os pássaros voam? Não, também existem os morcegos. E forcei um bocado mais a minha mente para ver se me lembrava de mais algum ser que voasse. Caramba, só agora me lembrei dos insetos, muitos deles voam. Mas, enfim, a grande questão é que eu comecei a pensar que eles podiam voar, algo que eu sempre desejei poder fazer. Quem nunca sonhou que podia voar? Eu sonhei diversas vezes, principalmente quando era criança. Algumas vezes como se eu fosse um avião e precisasse pegar velocidade suficiente antes de deixar o chão. Noutras, eu simplesmente levitava do chão da varanda e começava a voar. Mas, geralmente, eu não tinha coragem de me afastar muito da varanda nem de arriscar altitudes mais elevadas. Tinha medo de perder o controle do vôo e me estatelar no chão. Algumas vezes eu arriscava subir vertiginosamente, mas em seguida caía rapidamente e sentia aquele frio na barriga que, na realidade, não era só na barriga, parecia tomar conta de meu corpo todo. Seria isso alguma insegurança minha? Será que isso revela que eu tenho medo de perder o controle das minhas capacidades? Psicólogos, me ajudem. Medo de voar eu sei que não tenho. Já viajei de avião algumas (poucas) vezes e não dei piti. Enfim, deixa isso pra lá. Só me lembro que eu achava maravilhoso voar. Então eu comecei a imaginar: e se todos nós pudéssemos voar? Como seria? Eu imaginei que seria magnífico, mas logo me veio um pensamento estúpido à cabeça: os pombos voam e são especialistas em mandar seus excrementos lá de cima certeiramente em nossa cabeça. E se nós fizéssemos isso também? Tipo, estou eu voando tranqüilamente, indo para a faculdade, para o estágio ou para a casa de um amigo quando vejo lá embaixo, no chão, alguém de quem eu não gosto, um desafeto, meu inimigo número um, descansando suas asas, se asas tivéssemos, ou fazendo qualquer outra coisa, obviamente não passaríamos o tempo todo voando. Não seria tentador querer acertar um cocozinho nele? Igual ao personagem daquela propaganda do Red Bull, "arriar" as calças e "blosht"! Bem na cabeça do infeliz! Que esculhambação ia ser se todo mundo decidisse fazer o mesmo. Seria uma saraivada de bosta caindo dos ceús, uma chuva fétida e podre que não pouparia pedestres ou mesmo voadores a baixas altitudes. Isso sem falar nos eventuais desarranjos intestinais, pois não seria por podermos voar que estaríamos livres de comer algo que não fez bem ou pegar umas dessas viroses assassinas e perder o controle do esfíncter anal. Não, é melhor deixarmos assim mesmo, todos nós cá no chão. Até porque eu acho que o nosso prefeito iria logo inventar uma taxa para limpar essa sujeira: a taxa do cocô.

quarta-feira, 19 de maio de 2004

Quilometragem da saudade

Como é de praxe em toda quarta-feira (assim como em todo domingo), aguardei ansiosamente o telefonema de mamãe (para quem não sabe, meus pais e toda a minha família, com exceção do meu irmão, moram em João Pessoa). Mas hoje esperei com uma ansiedade maior. Se os telefonemas da minha mãe me permitem viajar, hoje a viagem foi maior: meus pais estão no Rio de Janeiro, no apartamento do meu irmão (aquele da exceção). Engraçado, para mim não deveria fazer diferença se eles estão no Rio, em João Pessoa ou em qualquer outro canto, pois o meu contato com eles é por telefone mesmo. Mas, quando eles estão mais longe, eu sinto a distância maior. Eu já havia sentido isso quando eles foram a Salvador, quando meu irmão estava morando lá (explicação: não, meu irmão não é foragido da polícia, é que ele estava fazendo o curso da Petrobrás, mas agora se fixou de vez no Rio). Ao atender o telefone, o coração sente um alívio mais forte e sinto como se eu fizesse uma viagem ainda maior sem sair do meu quarto.
Foi assim que descobri que a saudade se mede em quilômetros.

terça-feira, 18 de maio de 2004

E fez-se a luz

Finalmente entro na comunidade blogueira. Ao tomar conhecimento dos blogs, eu confesso que achei um tanto quanto estranho ficar escrevendo sobre sua vida, sobre coisas pessoais para quem quiser ver na internet. Mas depois vi que a coisa não era tão simples e restrita assim. E passei a achar a idéia interessante, uma forma de se expressar, de trocar idéias, experiências e até verificar, naqueles momentos de dúvida extrema, se foi você ou o resto do mundo que enlouqueceu. Bem, mas chega de justificativas e vamos ao primeiro texto. Fiquei preocupado em escrever algo sensacional, genial no meu primeiro post, algo que criaria fãs imediatos do meu blog. Pura pretensão. Por isso resolvi escrever sobre algo que eu tive vontade de escrever há algum tempo e até pensei "se eu tivesse um blog, eu escreveria sobre isso". Então, lá vai.



LOTERIA COTIDIANA



Estava eu dentro do ônibus (nem lembro se o Siqueira-Papicu, o Parangaba-Náutico ou o Circular) me encaminhando para a faculdade. Quem anda de ônibus sabe que não é exatamente um divertimento: quente, muitas vezes apertado, agüentar freadas e arrancadas bruscas, aturar o gosto musical questionável da maioria dos motoristas. Mas nesse dia eu havia ganho na loteria do dia-a-dia: o motorista era um daqueles espécimes raros que gostam da Calypso ou da Tempo (e eu não tô ganhando nada por essa propaganda, pode?). Sem querer parecer pedante ou preconceituoso quanto às FM 93 ou Verdinhas da vida, mas eu realmente não gosto da programação dessas rádios. Foi aí que me peguei cantarolando "O bêbado e o equilibrista" juntamente com a Elis dentro de um ônibus às 13:50 h, feliz da vida, num momento de pequena felicidade. E então eu percebi que é assim que devemos encarar a vida, como uma série de pequenas felicidades salpicadas aqui e ali, pois se ficarmos esperando pelos momentos de grande felicidade, que são muito raros, acabamos passando batido por grande parte da vida.