sábado, 31 de dezembro de 2005

Lá vem

Vai ficar com cara de repetição, mas o que é a festa de Ano Novo se não uma comemoração que se repete ano após ano? O que tenho a dizer é pedir que se lembrem sempre que o ano que chega não vem com um selo de aprovação do Inmetro garantindo que ele será bom. O novo ano não é feito de uma materialidade outra que fará tudo ser diferente e todos os problemas se extinguirem. 2006 não fará, por si só, você perdoar mais, se entender melhor com seus pais, encontrar mais os seus amigos, não esquecer os aniversários das pessoas, ser mais paciente, ser mais tolerante, ter mais respeito, ser mais responsável, ter mais força de vontade, perder aqueles 4 quilos que você acha essencial emagrecer. Nenhuma mágica operar-se-á simplesmente porque você trocou aquele calendário de farmácia pregado na geladeira. O ano que se inicia não vem pronto, não vem certo. O ano que vem será feito por nós, por nossas atitudes, por nossas decisões. Se você quer um 2006 melhor do que 2005, faça-o melhor. Plagiando uma velha campanha da Globo, tente, invente, faça um 2006 diferente.

sábado, 24 de dezembro de 2005

Felizes Natais

Alguns discutem se o dia do nascimento de Jesus é mesmo 25 de dezembro. Outros não compartilham do cristianismo e não vêem muita razão para comemorar a data. E há aqueles que celebram a ocasião com todo o fervor que a doutrina católica lhe atribui. Mas, para mim, o real valor e o significado do Natal vão além da questão religiosa, que pode somar ainda mais a essa data. O verdadeiro valor do Natal está no sentimento de confraternização que preenche o ar, está na alegria de encontrar amigos e parentes. Para mim, que sempre morei longe de meus avós, tios e primos, o Natal sempre foi aquela data especial do ano de reunir toda a família, de juntar pessoas que tanto gosto e que, por sorte, calharam de ser sangue do meu sangue. Os enfeites e decorações que se espalham por todo canto, quer por interesse religioso, festivo ou meramente comercial, ajudam a espalhar uma sensação de época feita para celebrar, para se reunir, para se encontrar. É uma festa de sentimentos que se materializam em árvores, laços e luzes. Por isso eu acredito que a beleza do Natal é, justamente, desejar felicidades a todos de quem se gosta e se reunir para celebrar o encontro com quem se ama, independentemente de qualquer outra crença que se tenha. Acredito ser esse o segredo para se ter, sempre, um feliz Natal

quinta-feira, 17 de novembro de 2005

Nossa língua portuguesa

Cansado de ouvir as pessoas dizendo despautérios do tipo: “Eu, literalmente, fui comprar pão”? Ou “Literalmente eu gostei do filme”? Pois os seus problemas acabaram!! Aqui vai uma aulinha básica com o professor Pasquale sobre como usar o advérbio “literalmente”.

- Professor Pasquale, quando podemos usar a expressão “literalmente” numa frase?
- É muito simples: se um avião que estava levando um carregamento de canivetes suíços explodir no ar e a carga começar a cair do céu, você pode dizer: “Está chovendo canivetes, literalmente!”. Outro exemplo: você vem andando, carregando dois burros pelos arreios. De repente, você, sem perceber um buraco cheio d’água na sua frente, cai lá dentro com os burros. Então podemos dizer que você, literalmente, deu com os burros n’água. Mais um exemplo: você está passeando em uma marcenaria (simplesmente pela diversão interminável que um passeio desses apresenta) e vira num corredor sem olhar o que tem à sua frente. Assim que você dobra, há uma porta no meio do corredor e você dá um encontrão nela. Aí diz-se que você, literalmente, deu com a cara na porta. Para não restar dúvida: você está dormindo e começa a sonhar que está numa festa com a Ivete Sangalo, cheirando o cangote dela, abraçado com ela, enfim, se dando bem! Na empolgação do sonho, você começa a se mexer e cai da cama. Ao atingir o chão, você olha para o despertador e vê que são 5:30 h. Nesse caso, você diz que, literalmente, caiu da cama cedo.

* Moral da história: pessoas, só se usa o advérbio “literalmente” quando estamos nos referindo a alguma expressão que pode ser usada (e geralmente é) com sentido figurado, diferente do real sentido que as exatas palavras significam. Ou seja, só podemos usar “literalmente” quando estivermos nos referindo a uma expressão que tenha um sentido não literal (faz sentido, não é?).

PS: não, o professor Pasquale não deu nenhuma entrevista ao “Enquanto isso, na Sala de Justiça”. Caso não tenha ficado claro, isso foi uma brincadeira para mostrar, de maneira irônica, que as pessoas usam a expressão “literalmente” a torto e a direito sem a menor noção de quando ela cabe ou não.

quinta-feira, 10 de novembro de 2005

E Deus criou o homem...

Salvo engano, há um assunto delicado que nunca adentrou a “Sala de Justiça”: religião. Embora eu tenha sido criado em meio ao catolicismo (minhas avós e minha mãe são bastante católicas), tenha estudado em um colégio católico (só pelo nome dá para sentir o drama: Christus) e tenha me crismado (que significa confirmar o seu batismo e sua fé), eu deixei de me classificar como um católico apostólico romano (sempre achei o máximo esse mega-nome) há um tempo. Tenho minha crença particular, creio num ser maior (Deus mesmo), até porque acho que fica bem mais difícil passar pela vida sem crer em algo além do material e do visível, sem ter uma fé que traga mais esperança a esse mundo, mas não consigo mais acreditar em uma religião institucionalizada, principalmente porque as religiões desse tipo pregam privações e culpas que me parecem deixar o ser humano mais miserável do que emancipado ou iluminado. Creio numa fé que valorize os homens e suas relações, que pregue a humanidade, o respeito, que ressalte a divindade que há em cada ser humano. Embora eu não me diga mais católico, há um mandamento em especial que eu gosto muito e acho que é essencial para o convívio humano: amai ao próximo como a ti mesmo. Mas eu comecei toda essa divagação religiosa para comentar algo que acabei de ver no telejornal: o estado do Kansas, nos Estados Unidos, permitiu que o criacionismo seja ensinado nas escolas em contraposição ao evolucionismo. Por pressão dos conservadores republicanos (nota: se eu morasse nos Estados Unidos, eu seria democrata com certeza), as escolas terão que ensinar essa “teoria” que prega que o ser humano surgiu na face da Terra por obra e graça divina. É por atitudes como essa que eu repudio religiões institucionalizadas. É absurdo que a religião queira influenciar o ensino da ciência. Querer ensinar nas escolas que o homem não é resultado da evolução, teoria que já está mais do que comprovada, e sim de puro ato divino é uma intromissão e uma distorção do papel da religião inimaginável para mim. Quando a religião tenta se impor sobre todas as verdades, inclusive sobre as daqueles que não compartilham da mesma fé, ela perde todo o meu respeito.

quarta-feira, 26 de outubro de 2005

V.P.O. (Vida Pós-Orkut)

Eu sei, eu sei. Ninguém agüenta mais ler sobre o Orkut neste blog. Pra falar a verdade, até eu estou achando um porre essa coisa de, vira e mexe, falar sobre o mesmo assunto. Mas que culpa eu tenho se essa bendita (ou maldita, sei lá) rede de amizades e interesses veio para mudar nossa vida? Sério! Quem nunca perdeu momentos preciosos procurando comunidades sem noção que não acrescentam nada a sua vida? Quem nunca gastou boa parte de sua tarde de sábado (para não falar de outros momentos que deveriam ser dedicados ao trabalho – ou ao descanso do trabalho) escrevendo scraps desprovidos de conteúdo mais substancial do que um mero “como vão as coisas?” ou um “manda notícias, sumido”, apenas para manter o vício de estar sempre fazendo algo no bendito site? Quem nunca respondeu àqueles tópicos ridículos de joguinhos de comunidades do tipo “abraço, beijo ou aperto de mão?” (vergonha pura e absoluta! Eu já participei de mais de um, confesso! Mas vocês têm que dar um desconto! Eu era um rapaz carente e sem namorada em busca de uma paquera virtual que fosse nesse novo mundo de possibilidades que se abria à minha frente – peraí, eu disse que eu era?)? Quem nunca perdeu seu tempo criando comunidades estapafúrdias, como uma cujo convite eu recebi: “Eu bebo água misturada” (Obs 1: que me perdoe quem a criou, mas qual é a razão de ser de uma comunidade dessa, pela hóstia consagrada? Obs 2: dessa categoria eu me excluo, pois eu nunca criei comunidade nenhuma, estapafúrdia ou não)? Mais recentemente, quem nunca repassou aqueles scraps-spams que consistem em desenhos de bombas e peixinhos, sempre acompanhados das irritantes palavras “clique aqui” (também me excluo dessa categoria: ODEIO esses malditos spams)? Não só isso! O Orkut virou centro de preocupação para muitas pessoas! Há algum tempo que Carolina (aquela mesma do aniversário do post de ontem) vinha se preocupando com o número de amigos em sua lista do Orkut. Na roda de amigos dela e do meu irmão, rola a tese de que a menina que possui 300 pessoas ou mais na sua lista de contatos do Orkut é uma periguete, que vem a ser, como direi, uma moça “muito dada”, que faz amizade muito facilmente, se é que vocês me entendem. O que aconteceu? Esta semana, Carolina chegou ao cabalístico número 300! Já pensaram? Se essa moda pega, as meninas vão ficar todas aflitas cada vez que adicionarem um amigo novo no Orkut, temendo chegar ao status de periguete (sim, pois vale salientar que o machismo também impera no Orkut: homem não possui limite de pessoas que possa conhecer nem atinge nenhum status depreciativo). Pior ainda! Já imaginaram as pessoas rejeitando fazer novos amigos por conta do limite de amizades do Orkut (que, independentemente do conceito de periguete, possui um limite para a quantidade de pessoas que se pode ter na lista de contatos)? Um grupo de amigos conversa num bar ou em qualquer outro meio “antiquado” de socialização humana e alguém chega para um(a) amigo(a) e diz:
- Fulano(a), deixa eu te apresentar um amigo meu...
- Não, muito obrigado(a)! Já tenho gente demais na minha lista do Orkut! Não posso conhecer nenhuma pessoa nova!
É, pessoas, os tempos mudaram!

terça-feira, 20 de setembro de 2005

Já vai tarde

Severino Cavalcante vai renunciar ao cargo de presidente da Câmara dos Deputados. Não deveria nem ter chegado ao posto. Quem escarafunchar o histórico de posts vai encontrar um falando da minha revolta quando da eleição de Severino. Agora, após a comprovação da denúncia do “mensalinho”, fica uma lição para todos os eleitores do Brasil: vejam bem em quem votam. Mas não foi o povo brasileiro que colocou o Severino Cavalcante na presidência da Câmara, vocês podem dizer. Mas foi o povo brasileiro que elegeu todos os deputados que prestaram o desserviço de entronizá-lo. Se foi por acreditarem que Severino seria um bom presidente, revelaram a mais plena ignorância e incompetência, pois eu mesmo, do alto do meu parco conhecimento político, já vislumbrava o execrável desempenho que ele apresentaria apenas analisando suas propostas políticas. Se foi por mero capricho para desafiar o governo e fazer a oposição pela oposição, assinaram o atestado de imaturidade política. Já passou da hora de criarmos vergonha na cara e prestarmos mais atenção aos candidatos não apenas na hora de votar, mas também no decorrer do exercício do seu cargo. Já pensei em fazer um levantamento de todos os deputados que votaram no Severino para presidente e que apoiaram o abrandamento das penas dos envolvidos nos escândalos de corrupção (como o próprio Severino fez – óbvio, pois tinha o rabo preso) e publicar uma lista aqui no “Enquanto isso, na Sala de Justiça” para ficar aberta à verificação, ajudando-nos a lembrar quem são aqueles que não merecem um voto para eleição de síndico do prédio que seja. Quando tiver um tempo extra, tentarei pôr em prática meu plano. Também é necessário atentar para uma armadilha que quase me pegou: não há corruptor sem corruptíveis. Ao ver o empresário Sebastião Buani, pivô da crise do “mensalinho”, chorar em seu depoimento e citar as palavras da filha que dizia que eles não precisavam daquilo para viver eu me peguei, por um momento, cheio de piedade e compaixão pelo pobre empresário que foi obrigado a pagar propina ao político inescrupuloso para poder manter seu ganha-pão. Por sorte eu tornei à razão e me lembrei que é inaceitável tal pensamento: se não houvesse quem aceitasse ceder às chantagens dos corruptores não haveria corrupção. Simples assim. Mas parece que tudo ficou permitido no país da corda-bamba. Esse é o perigo: quando a sociedade passa a abrir mão de princípios éticos e afrouxa o limite do moralmente correto, a permissividade começa um processo de erosão das instituições e das relações que deveriam pautar a conduta da vida social. Basta! Chega! Se fôssemos um país verdadeiramente sério, a sociedade civil se organizaria e pararia todas as suas atividades para exigir a execração política de todos os envolvidos nos escândalos de corrupção, pois é o povo que faz a política e seu país, e não o contrário. Mas esse é um caminho muito longo na estrada da civilidade e o povo brasileiro ainda está engatinhando nesse processo.

quarta-feira, 7 de setembro de 2005

Luz

O dia foi cansativo. Metrô, aula pela manhã, aula à tarde, ônibus. 10 horas fora de casa. Mas há algo que eu não me canso de fazer neste dia, todos os anos. Aliás, são várias coisas: dar parabéns, elogiar, agradecer, comemorar, celebrar, festejar. Não há dia que eu ache mais digno de comemoração do que este, nem mesmo o dia do meu aniversário. Se não fosse por este dia, eu não teria nascido, logo não teria aniversário para comemorar. Se não fosse por este dia, eu não seria quem sou hoje, não teria os valores que tenho, não pensaria como penso, não encararia a vida como encaro, não veria as pessoas como vejo, e, aí, não sei se eu teria muito o que comemorar no meu aniversário. Se não fosse por este dia o mundo seria um lugar bem diferente de se viver, e isso não é exagero. Eu realmente acredito que há pessoas que são tão únicas e especiais que fariam uma falta incrível se não existissem. Sua ausência criaria todo um desequilíbrio nas forças e energias que compõem este mundo de forma impressionante. Há, sim, pessoas que fazem a diferença. Pessoas que podem até não fazer parte da história da humanidade, mas que são parte fundamental da história das pessoas que convivem com elas. Pessoas que não são capazes de, sozinhas, mudar todo mundo, mas podem mudar o mundo e as pessoas ao seu redor, dando início a uma mudança muito maior. Enfim, há pessoas iluminadas. Não falo de luz visível, mas de luz que se sente, que se absorve. Luz que sentimos com o coração, com a alma. Luz que não brilha, mas que nos aquece por dentro. E foi neste dia que nasceu uma pessoa assim, iluminada, que me preenche, que me completa, que me fez. Hoje é o aniversário da minha mãe. Que a infinita luz que ela irradia sem ver todos os dias volte, uma fração que seja, para si mesma hoje e sempre, pois uma minúscula parte do que ela transmite já é bálsamo para qualquer mortal que não tem a capacidade de ser alguém tão formidavelmente especial como ela é.
Beijos do filho que te ama mais do que a si mesmo.

terça-feira, 16 de agosto de 2005

Desperdício de talentos

Eu vi ontem no Jornal Hoje que uma ponte foi interditada no interior do Paraná. Ela ameaça cair por falta de manutenção. As imagens do estado da ponte comprovavam, até para mim, que sou leigo em assuntos de engenharia, que ela estava para cair a qualquer momento. Mais uma. Notícia de ponte caindo ou sendo interditada a ponto de cair está, infelizmente, virando rotina no Brasil. Acho que os governantes que não querem “perder seu tempo” com manutenções “engenherísticas” (como no caso dessa ponte no Paraná, em que os governos estadual e federal estão brigando para não assumir a responsabilidade pela rodovia) poderiam passar a incumbência para aqueles ladrões do Banco Central da minha terra (Fortaleza). Os caras fizeram um senhor túnel, com iluminação, água e até ar-condicionado, sem fazer barulho audível pela vizinhança, atravessaram uma avenida movimentadíssima do centro da cidade, quebraram o chão do cofre do Banco Central, que era composto por centímetros de concreto e malha de aço, e deram no pé com 3,5 toneladas de dinheiro sem ninguém ver. E o pessoal não consegue dar conta da manutenção de uma pontezinha minúscula (porém necessária) no interior do Paraná. É bom alguém tomar uma providência, pois, se continuar assim, nós não vamos nem poder cuspir uma ordem um tanto pueril em momentos de raiva e destempero sem ouvir uma piadinha de resposta. Já pensaram? Você vira para alguém, no auge da sua cólera infantil, e grita: “Ah, vai pra ponte que partiu!”, e a pessoa pergunta: “Qual delas?”.

terça-feira, 2 de agosto de 2005

O bem vence o mal

Eba!!! Camila já está no hospital!!! Calma! Pra quem se perdeu, eu estou me referindo à novela “Laços de Família”. Eu sou viciado nessa novela. Aliás, foi a última que Manoel Carlos escreveu que se salva. Mas vocês devem estar se perguntando por que estou tão feliz por a pobre da moça estar hospitalizada. É que está cada vez mais perto de uma das cenas que mais aguardo na novela: a surra que a Helena vai dar na Íris. Não, eu não sou adepto da violência, quem me conhece bem sabe. Mas essa cena representa toda uma catarse para mim. Íris é uma personagem da novela que representa o mal, na minha opinião. E o que é fantástico nas novelas do Manoel Carlos é que não é um mal estereotipado, tipo a bruxa da Branca de Neve. É o mal cotidiano, o mal que encontramos em pessoas desprezíveis no nosso dia-a-dia. Ela é egoísta, mimada, implicante, cínica, arrogante. E vê-la recebendo o castigo tão merecido é meio que ver o mal levar o seu. Em tempos nos quais Osama Bin Laden comete atrocidades e é endeusado e seguido como um herói, George W. Bush inicia uma guerra sob falsos argumentos, mata milhares de inocentes e é reeleito, uma garota que planejou a morte dos próprios pais é solta, políticos que cometem as maiores atrocidades com o dinheiro público continuam saracoteando por aí, é bom ver, pelo menos na ficção, que o mal tem o dia de pagar suas contas.

sábado, 30 de julho de 2005

Bizarrices do Orkut

A gente vê cada coisa nesta vida! Vocês crêem que o Marcos Valério Fernandes de Souza me adicionou no Orkut? Sim, aquele mesmo, do mensalão, dos empréstimos ao PT, enfim, de todas as falcatruas que estão aparecendo diariamente nos meios de comunicação. Claro que eu não acredito ser o próprio, o verdadeiro. Mas o que me impressiona é justamente o fato de uma criatura de Deus gastar seu tempo para criar um perfil completo no Orkut, com descrição pessoal, comunidades e amigos, se passando pelo carequinha mais famoso das CPI’s. Fora o fato de o cristão ter achado e adicionado justo a mim! E agora vem o mais ridículo e, ao mesmo tempo, mais perturbador: eu nem aceitei nem neguei o pedido dele de ser meu amigo! Não é que eu tenha medo de ser incriminado e aparecer na TV Senado dando depoimento (se bem que seria um sucesso, já pensaram? Eu, em rede nacional!!!). A grande questão é o que fazer com uma criatura dessa: aceitá-la como amigo e tê-la na minha lista de amizades para todo mundo ver ou renegá-la e adquirir um louco em potencial (ou, no mínimo, um desocupado, que, para louco, falta pouco) como inimigo?

quarta-feira, 20 de julho de 2005

Aos amigos

Quem costuma visitar o “Enquanto isso, na Sala de Justiça” já viu que eu falo muito de amizade. Falo porque acredito, porque aprecio, porque valorizo. Amizade, daquelas verdadeiras mesmo, até porque não existe amizade falsa, é algo difícil de achar e difícil de manter também. A gente costuma achar que, uma vez conquistada a amizade, sua manutenção não exige nenhum esforço. Seria algo como comprar um carro que não quebra nunca: você gasta na compra, mas não precisa desembolsar um tostão na manutenção. Como todos nós sabemos, não existe tal carro. E não existe tal amizade também.
Há poucos dias eu li no blog da minha amiga Carolina um post sobre a falta que um amigo faz não nos momentos de aflição e angústia, mas nos momentos alegres mesmo. E é a mais pura verdade. Engraçado como eu já tinha essa noção, mas não havia resumido em uma sentença. Nós, geralmente, temos a concepção de amigo como aquela pessoa que está ali para nos apoiar, para nos ajudar num momento de necessidade, como se isso fosse o máximo de nobreza humana a que um amigo pode chegar. Não é! Isso é o mínimo! Quem não se dispõe a ajudar o outro numa hora de necessidade não pode pensar em se intitular amigo. Amizade é aquela que nos faz desejar estar sempre perto da pessoa, vê-la freqüentemente, falar com ela, nem que seja por e-mail, por telefone ou mesmo por uma mensagem gravada na secretária eletrônica. Eu já senti muita falta de amigos nos momentos alegres da minha vida. Isso me faz lembrar de uma propaganda que vi na TV há muitos anos e eu nunca esqueci. Uma amiga vai procurar a outra no seu trabalho no meio do dia, transtornada, angustiada. A amiga deixa o trabalho e vai conversar com sua colega em um parque. Essa conta seu problema, chora no ombro da amiga, que lhe aconselha carinhosamente. Passados alguns dias, a amiga volta ao trabalho da outra e pede que a acompanhe novamente. Ao chegar ao mesmo parque, a amiga conta que aquele seu problema foi resolvido, que está tudo e fala como ela está alegre. A outra amiga, então, fica irritada e diz que ela deixou de trabalhar mais uma vez pensando que a amiga estava com outro problema sério e vai embora enraivecida. Ao final da propaganda, uma passagem da Bíblia, se não me engano: “Chorai com os que choram e alegrai-vos com os que se alegram”. Guardadas as devidas proporções, é isso que é ser amigo: compartilhar os maus momentos (o primordial) e os bons (prova maior de amizade). Daí eu ter dito tanto a uma grande amiga minha depois de ela ter terminado um namoro de muito tempo que a afastou de seus amigos: ser amigo dá trabalho. Não é apenas conquistar, se afastar durante um bom tempo (por qualquer motivo que seja) e querer que seus amigos estejam ali, esperando o seu retorno. Claro que um bom amigo sabe ser paciente, compreensivo e tentar entender o afastamento da outra pessoa, mas não é justo exigir tal compreensão dos amigos e não compreender que eles sentem sua falta, querem a sua presença sempre.
Assim eu desejo feliz dia do amigo a todos aqueles que eu gostaria que estivessem sempre ao meu lado, nos maus e nos bons momentos.

domingo, 26 de junho de 2005

Um bom exemplo

Quem é leitor antigo (e assíduo) do “Enquanto isso, na Sala de Justiça” deve se lembrar da vez em que desanquei a campanha do governo federal “O melhor do Brasil é o brasileiro” que mostrava imagens da recuperação do Herbert Viana e, principalmente, do Ronaldinho. Hoje volto ao tema para elogiar a nova iniciativa. A campanha do “Bom exemplo” passa a mensagem que eu defendi quando critiquei a campanha passada. Enquanto as imagens de superação de Ronaldinho e Herbert Viana corroboravam o esforço individual em prol da superação dos próprios limites em função de si mesmo, as novas imagens, mostrando um jovem dando seu assento no ônibus a uma senhora, outro ajudando uma outra idosa a atravessar a rua, um garoto jogando um papel que estava no chão dentro de uma lixeira, indicam o que precisamos fazer para melhorar como povo. A campanha, que pede que sejamos educados, que digamos bom dia, com licença, muito obrigado, que nos incentiva a ser pacientes, a respeitar os outros, a saber ouvir, conversar, dar um conselho quando possível, mostra o que pode tornar o brasileiro o melhor do país. Civilidade não se constrói, apenas, com aumento de PIB, com superávit comercial, com aumento da bolsa de valores, com a queda do Risco Brasil, com a venda de CD’s (originais, é claro) de músicos que conseguiram, heroicamente, superar os traumas de um acidente nem com a recuperação de jogadores de futebol que voltaram a receber seus salários milionários para entreter uma massa distraída dos verdadeiros problemas do dia-a-dia (sim, eu fiz julgamento de valor sobre o futebol aqui). Civilidade se faz com educação, com cortesia, com fazer o que é certo para todos, e não apenas para si mesmo. Numa época em que as pessoas se preocupam cada vez menos com a coletividade, pensando simplesmente em resolver os seus problemas, mesmo que isso signifique criar problemas para os outros (que é o que acontece quando uma pessoa joga lixo na rua porque não quer ficar segurando ou guardando aquele resíduo até encontrar uma lixeira), em que cortesia é um artigo em extinção, em que as pessoas se enxergam cada vez mais como inimigos ou competidores potenciais, pedir o retorno dos valores básicos do que define a humanidade (como conjunto de valores, não como a espécie animal) é uma atitude, no mínimo, louvável. Há algum tempo que eu comecei a pensar no poder que nós temos de impactar a vida das outras pessoas. Fazer uma grosseria a alguém porque você está com problemas que não têm relação nenhuma com aquela pessoa é uma ótima maneira de marcar negativamente o dia dela. Nós temos a opção de sermos gentis ou grosseiros, de fazer um elogio repentino ou ser indiferente. Usar as armas da civilidade é um meio poderoso de melhorar a vida dos outros e a nossa. Por isso eu canto a música da campanha federal e passo a bola para vocês: dêem um bom exemplo.

quinta-feira, 16 de junho de 2005

Parabéns não bastam

Não há outro tema que mereça relevância e destaque aqui hoje. Não há CPI dos Correios, não há escândalo do mensalão, não há crise política das mais sérias que este país já teve que mereça tomar o lugar daquele que é o fato mais importante do dia. No decorrer dos meus 23 anos de vida eu acreditei ter encontrado muitos bons amigos. E de fato os encontrei. Mas, depois que entrei na faculdade, encontrei uma em especial que me faz sentir algo que nunca havia sentido antes. Uma mistura de amor, carinho e admiração. Um desejo de estar sempre perto digno dos casais mais apaixonados, mas sem haver nenhum interesse romântico. E, agora que estou longe, uma saudade sentida diariamente, em vários momentos do dia. Hoje é o aniversário da minha maior amiga, aquela que chamo de irmã por achar que o termo amiga não atinge a imensidão do meu sentimento e da minha ligação para com ela: Leda Maria Passos Borges, ou Ledíssima, como eu a apelidei. Leda, eu te adoro de uma forma que post nenhum vai conseguir traduzir em palavras. Você é, de longe, uma das pessoas mais fantásticas que conheço. E isso não é rasgação de seda por ser seu aniversário. Você já foi assunto em algumas conversas minhas com outras pessoas que também adoro, como a Bina e a minha mãe. Nessas ocasiões eu comentei como você é uma pessoa incrível. Não vou escrever muito mais, pois não há confete suficiente para mostrar o quanto te adoro. O que quero dizer é só que você merece tudo de bom que um ser humano é capaz de receber. Você é uma das pessoas mais doces, carismáticas, divertidas, verdadeiras e maravilhosas que eu tive o prazer de conhecer. Você, que me conquistou, dentre várias outras coisas, com aquela caminhada na Beira-mar num domingo em que eu estava muito mal e me colocou para cima, tem um lugar cativo e especial no meu coração. Eu te amo tanto que chega a doer quando penso na distância que nos separa agora. Mas o mais interessante é que eu sinto, de verdade, toda essa distância física ser preenchida por um sentimento forte, uma amizade que não se desfaz e se mostra sempre sólida e real quando nos falamos, mesmo que seja através de um recado gravado na secretária eletrônica (que continua salvo aqui). Vou me obrigar a parar por aqui ou não paro nunca. Parabéns, Ledíssima! Um beijo enorme do amigo que te ama muito!

terça-feira, 7 de junho de 2005

Passado "cinza escuro"

Inspirado pela lembrança de um fato que me deixou estupefato quando o descobri, resolvi escrever um post sobre passado negro (que a cartilha do politicamente correto não me pegue!). O fato a que me refiro foi a confissão devastadora da minha amiga/irmã Ledíssima que ela possuía um CD da banda Soweto (uma daquelas bandas de pagodeiros com cabelos oxigenados). Foi mal, Leda, revelar seu podre assim publicamente, mas pense que assim você serve de exemplo para mostrar que ninguém pode colocar o dedo na cara de ninguém. Seguindo firme nesse propóstio, revelo agora podres do meu próprio passado:

- eu fui (porque meus amigos foram, mas fui) a um show da banda “Os Morenos” (outro ajuntamento de pagodeiros). Por sinal, creio que por castigo dos deuses, os tablados de madeira que cobriam a piscina do Ideal Clube desabaram dentro d’água e um monte de gente caiu feito jaca podre (eu, inclusive).
- eu assistia a novelas mexicanas (“Carrossel” e “Rosa Selvagem”, para ser mais exato).
- eu jogava, da varanda do meu apartamento, papel higiênico molhado nos transeuntes quando era pirralho.
- eu roubei um brinquedo que eu queria muito de um amigo.
- eu usei camisa de viscose estampada (numa fase bicheiro da minha vida).
- eu apoiava o Collor (tudo bem que eu não entendia patavinas de política com aquela idade, mas apoiava).

Quem nunca errou que atire o primeiro comentário recriminador.

quarta-feira, 18 de maio de 2005

365 dias

O assunto hoje é a auto-referência. O blog fala dele mesmo, fala do que ocorreu. O tópico de hoje é o próprio hoje e o que aconteceu desde um ontem que está 365 dias atrás até aqui. O passado é assunto num blog cujo nome é pura reminiscência. “Enquanto isso, na Sala de Justiça” é um bordão conhecido de quem viveu sua infância nos anos 80, acompanhando as aventuras dos Superamigos, desenho que se reciclou e agora se chama Liga da Justiça. Quando batizei meu blog, resolvi usar esse bordão por ter sido muito marcante na minha infância e por manter uma relação com o que eu queria fazer aqui. Se no desenho animado esse bordão era usado quando se desejava mostrar o que se passava no centro de operações dos super-heróis enquanto outros eventos importantes ocorriam em outros lugares, eu o usei para mostrar aqui no blog o que se passa no meu centro de operações, a minha cabeça, durante diferentes momentos da minha vida. Em algumas vezes uma bobagem, noutras questionamentos, e, em muitos casos, desabafos e indignações. Além de dar conta dessa minha vocação antiga de escrever e falar sobre o que penso, este caderno virtual serviu para tentar levantar questões, tentar fazer todos os que o lêem, inclusive eu mesmo, tomarem atitudes em relação ao que vemos de errado, ao que gostaríamos que fosse diferente. Como diz uma comunidade do Orkut da qual faço parte, eu quero mudar o mundo. Eu acredito que as coisas podem ser diferentes, que podemos causar mudanças. Como me ensinou minha professora e, posteriormente, orientadora de monografia, liberdade é poder escolher aquilo que não existe. Se não existem as relações amorosas que queremos, se não existem as amizades que desejamos, se não existem a justiça social, a política, a solidariedade, a bondade e a humanidade de que tanto precisamos, façamos com que elas existam, façamos a diferença. Aceitar as coisas como as encontramos não nos engrandece, nem reclamar e esbravejar aos quatro cantos sem tomar uma atitude correta resolve alguma coisa. E na busca por melhorar o mundo e as pessoas, inclusive e principalmente nós mesmos, sempre nos ajuda encontrar bons amigos, como eu encontrei alguns. Uns surgiram a partir do “Enquanto isso, na Sala de Justiça”, outros apenas mantiveram por aqui um contato que vem de antes. Nessa missão de modificar o que há de errado, os amigos são o que de mais precioso eu encontrei e tentei manter. Não há um sentimento mais necessário para o pleno atingimento do potencial humano do que a amizade. Até mesmo o amor, embora compartilhe o mesmo radical etimológico, é falho se não houver amizade. Apesar de ser amigo dar trabalho, como eu disse em várias ocasiões a uma grande amiga, cujo nome não vou citar porque são muitos os que merecem ser citados aqui e não seria justo falar um nome só, é um trabalho que vale muito a pena. Por isso eu quero comemorar tudo o que consegui e conquistei nesse último ano. Quanto ao que eu não atingi ainda? Bem, sempre há o hoje, pois o amanhã é muito distante para o que é realmente importante.

quinta-feira, 12 de maio de 2005

Até que o ciúme os separe

Momento “CARAS”: Ronaldinho e Daniela Cicarelli já se separaram. Não sei se vocês já viram a notícia, mas não importa, pois eu não vou me prestar ao papel de ficar discutindo as minúcias da fofoca (até porque eu não sei). O que quero comentar é uma certa satisfação que senti com o fim desse casamento. Nossa, que coisa feia, ficar desejando a infelicidade alheia, vocês devem estar pensando. Mas não é bem a infelicidade alheia que eu desejo. Nem tenho nada pessoal contra o casal, até gosto bastante dela como apresentadora, ela é engraçada, descontraída. A minha satisfação vem da revolta que senti quando eles juntaram os trapinhos. Achei ridícula a cobertura daquele show que foi o casamento deles. Quando eu vi o Jornal Nacional dedicando boa parte do seu tempo para exibir imagens e depoimentos sobre a festa eu fiquei completamente indignado. Pelo amor de Deus, por mais que uma pessoa goste de futebol e de fofocas sobre a vida de “artistas” (sim, porque, hoje em dia, apareceu na TV, é artista), será que realmente dá pra pensar que não há qualquer outra notícia mais importante nesse Brasil e nesse mundo inteiro de Deus do que o casamento do dentucinho com a bocuda? Fora que todo o espetáculo que foi aquele casamento é revoltante também. Eu sei que todo mundo sonha com uma festa de casamento bonita, mas realmente é necessário gastar tanto, alugar o castelo de Chantilly-Marshmallow ou coisa que o valha? Sim, eles têm dinheiro para bancar tudo isso, mas ter o dinheiro não significa ser correto esse esbanjamento. Poxa, pega uma parte desse dinheiro e investe num programa de alfabetização, doa para um hospital que cuida de crianças com câncer, faz alguma coisa mais significativa e duradoura com ele. Tá aí no que deu: gastaram os tubos com a festa e o casamento já acabou. Se tivessem doado o dinheiro para algum programa desses poderia ter rendido frutos pro resto da vida, como uma criança aprender a ler e escrever e ter uma chance de futuro.

domingo, 8 de maio de 2005

O maior de todos os presentes

Quer seja por motivos meramente comerciais ou não, algumas datas possuem a responsabilidade de, em um único dia, concretizar sentimentos e prestar homenagens que, na verdade, deveriam se espalhar por todos os dias do calendário. Mas mesmo quem não consegue enxergar ou praticar essa distribuição mais igualitária de carinhos e atenções por todo o ano se esforça para fazer jus à importância das datas comemorativas que se repetem anualmente. Entretanto, é possível alcançar a real grandeza que a data de hoje pretende assumir? Somos capazes de atingir todo o significado de uma data que se propõe a concentrar toda a retribuição que as mães merecem? Há declarações que cheguem, presentes que valham o maior de todos os presentes que nossa mãe nos deu, que é o presente da vida? A minha resposta? Não, não somos capazes de prestar, em um único dia, todas as homenagens de que as mães são dignas. E afirmo isso com tanta convicção porque acredito que mesmo um ano inteiro, com seus 365 dias, não dá conta da enormidade da tarefa que é agradecer e retribuir tudo o que uma mãe faz. Ser mãe é o mais divino de todos os papéis que cabem ao ser humano encarnar. É gerar, guardar dentro de si, gestar durante meses com um carinho e uma proteção só comparáveis àqueles com os quais a maior de todas as criadoras gera e protege seus filhos: a mãe natureza. O próprio nome com o qual batizamos a genitora de todas as coisas vivas dá a dimensão do poder sobre-humano que é ser mãe. E, como se não fosse miraculosa e importante o bastante a missão de conceber, as mães ainda dividem com os pais ou mesmo assumem sozinhas outra tarefa de enorme responsabilidade: criar uma pessoa, o que acarreta cuidar dela e torná-la alguém digno do milagre que o pôs no mundo. Diante de tudo isso, creio que só nos resta uma coisa a fazer para compensar as mães por tudo isso: amá-las. Amá-las o máximo possível, sempre, todos os dias de nossa vida, para conseguirmos, no máximo, chegar perto do amor que elas sentem por nós, que é, com certeza, o maior que o ser humano é capaz de sentir.

(Texto de minha autoria publicado hoje no jornal Correio da Paraíba)

quinta-feira, 5 de maio de 2005

O diarista

Você já teve vontade de morar sozinho? Se você se pegou balançando a cabeça afirmativamente ou soltando um “um-rum”, pense melhor. Para quem ainda não sabe, eu moro com meu irmão e com um amigo com quem ele fez o curso da Petrobras. O dito amigo embarcou ontem (ele trabalha nas plataformas da Petrobras) e ficamos só eu e meu irmão. Como ele sai cedo para o trabalho e só chega à noite, eu passei o dia sozinho em casa. Ao acordar, logo vi o bolo de toalhas para lavar no chão do corredor, perto da porta do meu quarto. Quando olhei para o céu, vi que fazia um sol incrível, diferentemente dos últimos dias, que têm sido chuvosos. Aí você pensa: solteiro no Rio de Janeiro, Tiago deve ter pensado em pegar uma praia, certo? Errado. Pensei: olha só, o tempo ta ótimo para secar as toalhas depois de lavadas. Depois de esclarecer umas dúvidas com pessoas mais experientes no ramo de lavanderia, coloquei as toalhas para lavar. Aviso aos navegantes: se você pensa que lavar toalhas é só jogá-las dentro da máquina de lavar com uma quantidade qualquer de sabão em pó e amaciante, você se engana. Há toda uma matemática necessária para se calcular o nível correto de água, sabão em pó e amaciante para aquela quantidade X de roupa. Aconselho um curso de matemática avançada para donas-de-casa. Em seguida, fazer o quê? Assistir à TV? Ler um bom livro? Escutar uma boa música? Essa última opção pode até ser, como de fato fiz, mas enquanto preparava meu almoço. Isso mesmo, eu, eu mesmo, minha pessoa, com o bucho na beira do fogão. Depois de picar cebola, dourá-la com margarina e azeite e juntar o resto dos ingredientes do molho do macarrão (o quê? Achou que eu fosse dar a receita assim, de graça? Nam!!), coloquei o macarrão na panela, após tê-lo esquentado no microondas, enquanto ainda preparava o molho, para que o macarrão estivesse aquecido quando eu terminasse de preparar o molho (mais cálculos matemáticos para sincronizar tudo). Enquanto passava o macarrão no molho, coloquei a carne para esquentar no microondas, seguida do arroz. Depois de um almoço solitário, fui assistir ao Jornal Hoje e deixei a louça para lavar depois. Ih, meu Deus! Deixei as toalhas dentro da máquina de lavar!! E minha mãe disse que não é para deixar a roupa dentro da máquina depois de lavadas! Deixei o telejornal e fui tirar as toalhas e estendê-las na varanda. Voltei para o Jornal Hoje. Terminada a atualização das notícias, lá fui eu lavar a louça, do almoço e do café da manhã (inclusive a do meu irmão, que saiu sem lavar o que usou). E depois disso tudo ainda fui assistir à aula e tive que cuidar do meu jantar, às 22:30 h. Conclusão: quer morar sozinho? Arranje dinheiro para pagar uma empregada/cozinheira.

domingo, 1 de maio de 2005

Outros parabéns

Não dá nem tempo de respirar. É uma data comemorativa em cima da outra. Hoje é aniversário da minha irmã! E o que posso dizer além do óbvio, que seria que eu desejo tudo de bom para ela e que ela seja muito feliz? Acho que só aquilo que deve ser dito não apenas à minha irmã, mas a todos, a mim mesmo, inclusive: a felicidade não está esperando por nós em algum lugar, mais ou menos distante. Não precisamos ter ou ser alguma coisa para sermos felizes. A felicidade é um caminho, não um destino. E, como caminho, nós que escolhemos como trilhá-lo. Ser feliz depende muito mais de nós mesmos do que dos outros. Por isso vamos em frente, escolhendo sermos felizes todo dia, com todas as pequenas coisas do cotidiano (isso me fez lembrar do primeiro post do “Enquanto isso, na Sala de Justiça”). E, se ser feliz dependesse tanto dos outros, nós já teríamos uma vantagem estúpida por termos a família que temos, não é, irmãzinha? Beijo enorme e parabéns!!!

sábado, 30 de abril de 2005

Bodas da vida

Mãe faz falta. Além de todos os aspectos emocionais e imateriais (que são muitos), ainda há todos os confortos domésticos proporcionados. Hoje eu tive que cuidar do meu café, esquentar meu almoço (que ela teve todo o cuidado e o carinho de deixar pronto na geladeira, juntamente com uma montanha de comida para um mês inteiro, só para ser esquentada), lavar a louça do almoço. E isso vai se repetir na hora do jantar. E do café da manhã de amanhã e assim por diante. Mas não vou reclamar mais porque ela agora está em casa, em João Pessoa, onde muitas pessoas precisam dela também. E hoje mais do que nunca, pois é o aniversário de casamento dos meus pais. 32 anos. Eles explicam muito bem o porquê do clichê que diz que “isso é muito raro hoje em dia”, ainda mais quando se tem uma mãe inteirona e bonita como a minha (quem a conhece pode confirmar para comprovar que não é corujice de filho). A grande lição que sempre aprendo com meus pais é que relação nenhuma se sustenta sem paciência, abnegação, comprometimento e capacidade de relevar pequenas coisas, qualidades que andam faltando nos relacionamentos que vejo ao meu redor. Não existe relação perfeita, mas pode-se chegar ao mais próximo disso com esforço mútuo. Não quero entrar em uma longa discussão sobre se existem ou não almas gêmeas, mas afirmo que não existem se tal conceito envolve a crença de que duas pessoas podem se relacionar perfeitamente, sem problema nenhum, sem desgastes com o passar do tempo. Nos meus 23 anos de vida percebi como meus pais se completam: enquanto meu pai é o exemplo do equilíbrio racional, da precaução, minha mãe é porto seguro emocional, aquela que conhece o ser humano, capaz de tocar no fundo das pessoas e trazer à tona o que de melhor há nelas. Dessa fusão surgiu um casamento que ensina a ser controlado com o dinheiro e vê-lo como um meio e não como um fim, a tratar as pessoas como os verdadeiros bens que coletamos na vida, a buscar a evolução pessoal e profissional, a fazer nossa parte sempre e “não dar nosso lugar a ninguém”. Por isso eu digo: parabéns a mim e a meus irmãos por sermos frutos desse casamento!

domingo, 13 de março de 2005

Apenas observando

Ontem eu dei férias à minha mente. Ela, que está tão acostumada a pensar, indagar, se indignar, contentou-se em apenas observar. Observar e admirar. De uma despretensiosa ida à varanda, me vi parado, admirando os passarinhos e beija-flores que bebiam a água adocicada que colocamos todos os dias para eles em bebedouros com flores artificiais. Do silêncio restante que imperava eu só ouvia o canto dos pássaros festejando aquela água tão bem-vinda em tempos tão quentes. Da observação das aves, passei a observar os felinos. Um felino, mais especificamente: Gaspar, o gato mais novo daqui de casa. Ele apareceu no jardim e começou a brincar, sozinho, entre a grama e os arbustos de plantas. Pulava, cavava a grama, se escondia entre os ramos com flores lilases. Resolvi ajudar a natureza brincalhona dele e joguei uma bolinha feita com papel alumínio no meio da grama. Ele pegava a bola, sacudia no ar, jogava com as patas para um lado e para o outro. E aí ele a apanhava com a boca e saía andando calmamente, com os olhos azuis olhando pra mim, e a soltava embaixo do banco de madeira. E recomeçava toda a brincadeira. E eu fiquei ali, olhando e admirando, na mais completa paz interior, sem pensar em nada, até pensar que aquele momento renderia um belo post. Então minha mente voltou a funcionar.

terça-feira, 8 de março de 2005

Mulher

Não sei se a inspiração virá tão grande quanto a importância do dia, mas alguém que se envolve tão profundamente com as mulheres, seja como amigo, filho ou amante, não poderia deixar passar a data sem míseras três linhas que fossem. E antes que algum machista inveterado se ponha a questionar sobre o porquê de esta data ser tão importante se foi algo meramente criado e convencionado e comece a forjar um falso sentimento de injustiça por não existir um dia internacional (ou mesmo nacional) do homem, como, confesso, eu mesmo pensei algumas vezes na minha vida, vou lembrar que basta fazer um exame na história da humanidade, antiga ou recente, para ver que todos os dias são muito mais dos homens do que das mulheres. Houve uma evolução com o passar dos tempos? Houve sim. A discriminação contra as mulheres diminuiu bastante em alguns lugares do mundo. Em outros, nem tanto ou quase nada. Mas qualquer mudança que tenha ocorrido nesse sentido foi por pura luta delas, que se rebelaram contra uma convenção que data dos primórdios da humanidade que prega que as mulheres valem menos do que os homens. Pois bem, hoje estou aqui para dizer o contrário. Não porque eu só pense isso por conta da data, mas porque hoje é o dia perfeito para externar tal pensamento. As mulheres são muito superiores aos homens. São infinitamente mais sensíveis, profundamente mais sensatas, absurdamente mais maduras. Até que me provem o contrário, o amor materno é muito superior ao amor paterno, apesar de, geneticamente, a participação dos pais na constituição dos filhos ser igualitária. Mas, muito provavelmente devido à ligação ímpar que a mãe estabelece com o bebê durante toda a gestação e no ato sublime do nascimento, creio que há um laço entre mãe e filho que vai além, para a inveja de todos os pais. Minha inclusive, pois, espero eu, serei pai um dia. Porém já me preparo para aceitar que o amor que terei pelos meus filhos nunca estará no mesmo patamar do amor da mãe deles. Não digo que os pais não são capazes de amar seus filhos tanto quanto as mães, apenas digo que são amores de naturezas diferentes, porque a própria mãe natureza (e não é por acaso que ela se chama dessa forma) quis assim. Se existem exceções? Claro que existem, em tudo há exceções. Mas ainda bem que elas existem, pois, se não as houvesse, não existiriam homens capazes de ver a beleza superior que é o ser feminino.
Parabéns, mulheres.

sexta-feira, 4 de março de 2005

Aos olhos

Despedi-me mais uma vez. Dei abraços, recebi abraços, dei beijos, recebi outros. De tantas mudanças que já fiz (ou iria fazer) nos últimos anos, minhas despedidas já viraram até motivo de piada. Mas dessa vez foi pra valer. Fui embora de Fortaleza com planos certos para o Rio de Janeiro. Datas estipuladas, computador embrulhado para ser despachado. Dessa vez, eu senti aquele aperto no coração ao me despedir dos amigos. Eu quis trazer amigos comigo para me acompanharem aonde quer que eu vá, sem querer saber dos seus planos, atendendo apenas ao meu desejo egoísta de não me separar deles. Eu quis transmitir todo o meu sentimento em abraços que pudessem dizer o que minha boca não foi capaz de falar. Eu quis declarar amores, pedir desculpas, dizer a importância daquelas pessoas na minha vida. Não consegui. Ainda bem que com os amigos verdadeiros as palavras não são tão necessárias e um abraço, um olho no olho é capaz de dizer quase tudo que sentimos, muitas vezes com uma intensidade muito maior. Com algumas pessoas eu pude sentir meus olhos dizendo “eu te amo” e os delas respondendo “eu sei, eu também”. E agora lá vou eu, rumo à maior mudança da minha vida, procurando novos olhos com os quais eu possa conversar, sabendo que os antigos não perderam sua capacidade sensitiva, muito pelo contrário, ampliaram-na para dar conta da distância que se abre entre nós, sendo capazes de dizer o que sentem sem nem se verem. A todos os amigos, meus olhos mandam beijos já cheios de saudade.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2005

Encontros e despedidas

E lá vou eu em mais uma viagem. Mas dessa vez volto à terra natal. Vou revisitar lugares, rever pessoas, remexer em lembranças. E, exceto pelas lembranças, que podem ser visitadas a qualquer momento nos recônditos de minha mente, os lugares e as pessoas serão visitados uma última vez antes de fazer uma viagem para mais longe e de duração maior. Não digo definitiva porque aprendi nos últimos anos que nada ou quase nada nessa vida é definitivo. Pois assim eu vou revisitar Fortaleza uma última vez antes daquela que vai ser a maior mudança da minha vida até agora. Já os amigos, esses eu posso rever algum dia, pois mudanças podem ocorrer na vida de qualquer um, e não é só para mim que as coisas não são definitivas.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

Brasil, mostra a tua cara

Não vou tecer maiores comentários sobre a declaração de José Genoíno, presidente do PT, em que ele afirma que “teve” erros na campanha do candidato do governo para a presidência da Câmara dos deputados, cometendo ele mesmo um erro crasso de português cometido por brasileiros que desconhecem a própria língua-mãe. Nem vou fazer comentários sobre a competência do governo nesse e em outros aspectos. Eu quero apenas demonstrar minha preocupação em ver um presidente da Câmara dos deputados ser eleito com propostas como as apresentadas por Severino Cavalcanti. A defesa dos 3 meses de férias para os parlamentares é uma regalia que eu só vejo existir para estudantes. Desconheço que outra classe tem direito a tanto tempo de férias no mundo dos adultos, excetuando-se aqueles milionários que não precisam trabalhar, obviamente. Nunca ouvi falar de nenhum tipo de trabalhador que possa se dar ao luxo de ficar 3 meses por ano sem trabalhar. Ainda mais os deputados brasileiros, para quem 12 meses por ano parecem ser pouco para a quantidade de trabalho que este país precisa que eles façam. A defesa do nepotismo é algo aviltante e o candidato vencedor, nosso atual presidente da Câmara dos deputados, levantava isso como uma bandeira. O Jornal Nacional ainda mostrou um vídeo antigo do Severino Cavalcanti dando a desculpa mais do que esfarrapada de que um filho de deputado não deveria ser punido por ser filho de deputado. Tenha santa paciência! Outra proposta do candidato era o aumento do número de funcionários dos gabinetes. Essa proposta, pelo menos, é coerente. Se ele defende o nepotismo, é claro que ele defende que se abra mais espaço para a família dele mamar nas tetas no governo. E, por fim, a revoltante proposta de aumentar o salário dos deputados de R$ 12.800,00 para meros R$ 17.500,00, “podendo chegar a R$ 21,5 mil caso um projeto de lei que aumenta o teto seja aprovado na Casa” (Folha Online) . Diversas pesquisas mostram a renda do brasileiro despencando ladeira abaixo, mas os deputados acham justo aumentarem os próprios salários. Com esse tipo de representante político, estamos bem arranjados.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

A-la-la-ô-ô-ô-ô-ô

Eu poderia falar de vários assuntos relacionados à minha viagem a Salvador, e, muito provavelmente, falarei mais à frente. Só o fato de eu ter visto as pernas de Ivete Sangalo bem de perto por duas vezes já renderia um bom post. Mas, hoje, vou contar a vocês como foi a noite da minha segunda-feira de carnaval. Após três dias (ou noites, melhor dizendo) acompanhando os blocos do carnaval, eu decidi fazer algo diferente e buscar outros divertimentos em Salvador. Para tal tarefa eu contava com a ajuda do meu grande amigo Caio, que prontamente se ofereceu para me levar para conhecer a noite soteropolitana. Após um dia inteiro de chuva, o que estragou a praia que havia sido combinada para a manhã daquele dia, a noite estava estiada. Após o trabalho (sim, o Caio tem um carimbo na testa que diz “puta ruim” e trabalhou em plena segunda-feira de carnaval), meu amigo não mais virtual passou no apartamento onde eu estava, que pertencia a um amigo do meu irmão que estava viajando, e nós pegamos um táxi. Seguimos em direção ao Rio Vermelho, um bairro boêmio de Salvador, conforme meu guia falou. Tudo fechado. Minto, tudo não. Os cabarés da cidade estavam lá, firmes e fortes, mas nós dispensamos esse programa. Após um frustrante passeio de táxi, voltamos ao apartamento. De lá, fomos a uma loja de conveniência de um posto de gasolina próximo e compramos uma garrafa de vinho e uns salgadinhos para exercitar a mandíbula. Quando estamos voltando para o apartamento, a pé, a chuva resolve dar o ar de sua graça novamente, o que nos obrigou a subir correndo a considerável ladeira que levava até o prédio. Chegando ao apartamento, ensopados de chuva e suor, fomos abrir o vinho. Mas havia um problema: após muita procura, não encontramos um saca-rolha no apartamento. Muitas tentativas de abrir a garrafa se seguiram, culminando com o Caio arrancando pedaços da rolha com uma faca e enfiando o resto para dentro da garrafa. Detalhe: graças a essa única saída que encontramos para poder abrir a garrafa de vinho, tivemos que usar uma peneira para coar os pedaços de rolha quando enchíamos os copos. Sim, mas eu quase esqueci de contar o melhor! Enquanto o Caio tentava abrir o vinho, o que aconteceu? Faltou energia! Isso mesmo! Como desgraça pouca é bobagem, tivemos que terminar de abrir o vinho no escuro! Finalmente conseguimos tomar o bendito vinho e ficamos conversando na sala, sem luz. Meu irmão chegou com um amigo do carnaval e se juntou a nós na escuridão da sala de estar, deitado no chão (fim de carreira). Coitado, ficou lá, deitado e acabado, esperando que a luz voltasse para poder tomar um banho. E o Caio esperando a mesma energia para poder ir embora. Como a energia não voltava e eu começava a dar sinais evidentes de sono, o Caio foi embora sem luz mesmo. E essa foi a noite da minha segunda-feira de carnaval. Pode não ter sido das mais animadas, pode ter acontecido muita coisa errada, mas, pelo menos, rendeu uma boa história.
PS: Caio, eu disse que iria escrever sobre isso.

sábado, 29 de janeiro de 2005

Existe ou não existe?

Vou juntar neste post coisas que pensei em diferentes momentos, mas que são bem compatíveis e que irão comprovar a teoria de que podemos tirar algum aprendizado de coisas aparentemente sem importância, basta estarmos atentos o bastante. Tudo começou assistindo ao Big Brother (sim, eu assisto ao Big Brother, afinal, eu também tenho direito ao meu pão e ao meu circo). Quando o Jean disse que o motivo para quererem tirá-lo do programa deveria ser o fato de ele ser gay houve uma reação imediata dos outros participantes, principalmente daqueles que votaram nele. Apesar da indignação proclamada aos quatro ventos daqueles que o indicaram para ser eliminado do programa em relação à constatação do Jean, quem assiste ao programa viu, graças a diversos comentários preconceituosos, que ela era mais do que justificada. Nesse ocorrido pudemos ver algo que é um fato na sociedade brasileira: a negação do preconceito. No caso que aconteceu no Big Brother, o preconceito sexual. Em geral, o que podemos ver é a negação do preconceito racial. A velha falácia de que o Brasil se constituiu através da miscigenação entre brancos, negros e índios esconde um preconceito que existe, mas é varrido para debaixo do tapete. É o grande elefante branco brasileiro. No Brasil, é proibido fazer o que fez o Jean: falar da existência do preconceito e, principalmente, se identificar como vítima dele. Se o discriminado apontar o preconceito que sofreu, quem se sente ofendido é o preconceituoso por ter sido acusado de ser racista, pois, se o racismo não existe no Brasil, como ele pode ter sido racista? Na realidade tupininquim, quem é discriminado tem que passar por isso de bico calado. Nos EUA, a coisa se processa de maneira diferente, como me lembrei ao ver a propaganda do programa do excelente Michael Moore, The Awful Truth, falando de “uma sociedade em decadência” e mostrando imagens de pessoas vestidas tal como os membros da Ku Klux Klan. Na terra do tio Sam, o preconceito é existente e se assume como tal. O que quero mostrar aqui é, simplesmente, a diferença cultural, sem querer fazer juízo de valor entre as formas de racismo, porque não existe racismo melhor ou pior, existe racismo, ponto. Aqui, nas terras de Macunaíma, figura literária mais do que apropriada para este post, ao ser discriminado, o sujeito tem que engolir seco e fingir que nenhuma oportunidade lhe foi negada ou nenhum insulto lhe foi feito por preconceito, pois, se declarar que isso aconteceu, será tratado como a criança que fala do bicho papão dentro do armário ou embaixo da cama. A outra alternativa? Fazer como o anti-herói brasileiro e se transformar em branco, ou em heterossexual, ou em qualquer outra classe não sujeita aos preconceitos recorrentes.

terça-feira, 18 de janeiro de 2005

Estabelecendo limites

Até que ponto podemos exigir que as pessoas ajam da maneira que queremos? Até onde é correto forçar as pessoas de quem gostamos a nos darem o que queremos? Quando digo forçar, não me refiro a uma coerção, uma imposição autoritária, mas sim a um aproveitamento exagerado da amizade e da boa vontade alheia. Algo que aprendi nos últimos anos é que saber que alguém sempre fará o que pedirmos não nos dá o direito de pedir sempre. Pelo contrário, muitas vezes devemos nos resignar e não pedirmos justamente porque sabemos que a outra pessoa não se negará a fazer aquilo por nós. Mesmo acreditando que a amizade é o que há de mais sagrado em nossa vida como eu acredito, é preciso estabelecer uma cota para os sacrifícios que os amigos estão dispostos a fazer por nós, uma cota estabelecida por nós mesmos, e não pelos outros, pois, se os outros são amigos mesmo, nunca demarcarão uma quantidade X de ajuda que nos prestarão, e é justamente por isso que não podemos abusar da boa vontade deles. É preciso ter consciência de até onde podemos ir, até onde podemos tirar proveito daquela amizade. Afinal, a amizade, assim como tudo nessa vida, tem limites.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2005

É nós na fita (???)

Antes de mais nada, quero deixar registrado o meu protesto para que se faça uma lei que proíba a Internet discada e obrigue todos os provedores a oferecerem Internet de banda larga a preços competitivos. Mandarei ao Lula o meu projeto “Dial-up Zero”.
O meu assunto do momento não podia ser nada mais banal: a participação da Natália não-sei-quem, VJ da TV União, no Big Brother Brasil. Eu tive uma surpresa tão grande ao ver que aquela menina sem nenhuma desenvoltura, com uma péssima dicção e que eu via todo dia na televisão em Fortaleza iria participar da próxima edição do Big Brother que tenho que comentar a esse respeito aqui. Pode ser falta do que fazer ficar pensando nisso, mas, quando finalmente um representante de Fortaleza é escolhido para participar do programa, ser logo aquela menininha boba é preocupante. Vamos ver qual imagem ela vai passar dos nordestinos, cearenses e fortalezenses para o resto do Brasil. Afinal, não precisamos de reforço aos estereótipos e preconceitos.