sábado, 30 de abril de 2005

Bodas da vida

Mãe faz falta. Além de todos os aspectos emocionais e imateriais (que são muitos), ainda há todos os confortos domésticos proporcionados. Hoje eu tive que cuidar do meu café, esquentar meu almoço (que ela teve todo o cuidado e o carinho de deixar pronto na geladeira, juntamente com uma montanha de comida para um mês inteiro, só para ser esquentada), lavar a louça do almoço. E isso vai se repetir na hora do jantar. E do café da manhã de amanhã e assim por diante. Mas não vou reclamar mais porque ela agora está em casa, em João Pessoa, onde muitas pessoas precisam dela também. E hoje mais do que nunca, pois é o aniversário de casamento dos meus pais. 32 anos. Eles explicam muito bem o porquê do clichê que diz que “isso é muito raro hoje em dia”, ainda mais quando se tem uma mãe inteirona e bonita como a minha (quem a conhece pode confirmar para comprovar que não é corujice de filho). A grande lição que sempre aprendo com meus pais é que relação nenhuma se sustenta sem paciência, abnegação, comprometimento e capacidade de relevar pequenas coisas, qualidades que andam faltando nos relacionamentos que vejo ao meu redor. Não existe relação perfeita, mas pode-se chegar ao mais próximo disso com esforço mútuo. Não quero entrar em uma longa discussão sobre se existem ou não almas gêmeas, mas afirmo que não existem se tal conceito envolve a crença de que duas pessoas podem se relacionar perfeitamente, sem problema nenhum, sem desgastes com o passar do tempo. Nos meus 23 anos de vida percebi como meus pais se completam: enquanto meu pai é o exemplo do equilíbrio racional, da precaução, minha mãe é porto seguro emocional, aquela que conhece o ser humano, capaz de tocar no fundo das pessoas e trazer à tona o que de melhor há nelas. Dessa fusão surgiu um casamento que ensina a ser controlado com o dinheiro e vê-lo como um meio e não como um fim, a tratar as pessoas como os verdadeiros bens que coletamos na vida, a buscar a evolução pessoal e profissional, a fazer nossa parte sempre e “não dar nosso lugar a ninguém”. Por isso eu digo: parabéns a mim e a meus irmãos por sermos frutos desse casamento!