quarta-feira, 18 de maio de 2005

365 dias

O assunto hoje é a auto-referência. O blog fala dele mesmo, fala do que ocorreu. O tópico de hoje é o próprio hoje e o que aconteceu desde um ontem que está 365 dias atrás até aqui. O passado é assunto num blog cujo nome é pura reminiscência. “Enquanto isso, na Sala de Justiça” é um bordão conhecido de quem viveu sua infância nos anos 80, acompanhando as aventuras dos Superamigos, desenho que se reciclou e agora se chama Liga da Justiça. Quando batizei meu blog, resolvi usar esse bordão por ter sido muito marcante na minha infância e por manter uma relação com o que eu queria fazer aqui. Se no desenho animado esse bordão era usado quando se desejava mostrar o que se passava no centro de operações dos super-heróis enquanto outros eventos importantes ocorriam em outros lugares, eu o usei para mostrar aqui no blog o que se passa no meu centro de operações, a minha cabeça, durante diferentes momentos da minha vida. Em algumas vezes uma bobagem, noutras questionamentos, e, em muitos casos, desabafos e indignações. Além de dar conta dessa minha vocação antiga de escrever e falar sobre o que penso, este caderno virtual serviu para tentar levantar questões, tentar fazer todos os que o lêem, inclusive eu mesmo, tomarem atitudes em relação ao que vemos de errado, ao que gostaríamos que fosse diferente. Como diz uma comunidade do Orkut da qual faço parte, eu quero mudar o mundo. Eu acredito que as coisas podem ser diferentes, que podemos causar mudanças. Como me ensinou minha professora e, posteriormente, orientadora de monografia, liberdade é poder escolher aquilo que não existe. Se não existem as relações amorosas que queremos, se não existem as amizades que desejamos, se não existem a justiça social, a política, a solidariedade, a bondade e a humanidade de que tanto precisamos, façamos com que elas existam, façamos a diferença. Aceitar as coisas como as encontramos não nos engrandece, nem reclamar e esbravejar aos quatro cantos sem tomar uma atitude correta resolve alguma coisa. E na busca por melhorar o mundo e as pessoas, inclusive e principalmente nós mesmos, sempre nos ajuda encontrar bons amigos, como eu encontrei alguns. Uns surgiram a partir do “Enquanto isso, na Sala de Justiça”, outros apenas mantiveram por aqui um contato que vem de antes. Nessa missão de modificar o que há de errado, os amigos são o que de mais precioso eu encontrei e tentei manter. Não há um sentimento mais necessário para o pleno atingimento do potencial humano do que a amizade. Até mesmo o amor, embora compartilhe o mesmo radical etimológico, é falho se não houver amizade. Apesar de ser amigo dar trabalho, como eu disse em várias ocasiões a uma grande amiga, cujo nome não vou citar porque são muitos os que merecem ser citados aqui e não seria justo falar um nome só, é um trabalho que vale muito a pena. Por isso eu quero comemorar tudo o que consegui e conquistei nesse último ano. Quanto ao que eu não atingi ainda? Bem, sempre há o hoje, pois o amanhã é muito distante para o que é realmente importante.

quinta-feira, 12 de maio de 2005

Até que o ciúme os separe

Momento “CARAS”: Ronaldinho e Daniela Cicarelli já se separaram. Não sei se vocês já viram a notícia, mas não importa, pois eu não vou me prestar ao papel de ficar discutindo as minúcias da fofoca (até porque eu não sei). O que quero comentar é uma certa satisfação que senti com o fim desse casamento. Nossa, que coisa feia, ficar desejando a infelicidade alheia, vocês devem estar pensando. Mas não é bem a infelicidade alheia que eu desejo. Nem tenho nada pessoal contra o casal, até gosto bastante dela como apresentadora, ela é engraçada, descontraída. A minha satisfação vem da revolta que senti quando eles juntaram os trapinhos. Achei ridícula a cobertura daquele show que foi o casamento deles. Quando eu vi o Jornal Nacional dedicando boa parte do seu tempo para exibir imagens e depoimentos sobre a festa eu fiquei completamente indignado. Pelo amor de Deus, por mais que uma pessoa goste de futebol e de fofocas sobre a vida de “artistas” (sim, porque, hoje em dia, apareceu na TV, é artista), será que realmente dá pra pensar que não há qualquer outra notícia mais importante nesse Brasil e nesse mundo inteiro de Deus do que o casamento do dentucinho com a bocuda? Fora que todo o espetáculo que foi aquele casamento é revoltante também. Eu sei que todo mundo sonha com uma festa de casamento bonita, mas realmente é necessário gastar tanto, alugar o castelo de Chantilly-Marshmallow ou coisa que o valha? Sim, eles têm dinheiro para bancar tudo isso, mas ter o dinheiro não significa ser correto esse esbanjamento. Poxa, pega uma parte desse dinheiro e investe num programa de alfabetização, doa para um hospital que cuida de crianças com câncer, faz alguma coisa mais significativa e duradoura com ele. Tá aí no que deu: gastaram os tubos com a festa e o casamento já acabou. Se tivessem doado o dinheiro para algum programa desses poderia ter rendido frutos pro resto da vida, como uma criança aprender a ler e escrever e ter uma chance de futuro.

domingo, 8 de maio de 2005

O maior de todos os presentes

Quer seja por motivos meramente comerciais ou não, algumas datas possuem a responsabilidade de, em um único dia, concretizar sentimentos e prestar homenagens que, na verdade, deveriam se espalhar por todos os dias do calendário. Mas mesmo quem não consegue enxergar ou praticar essa distribuição mais igualitária de carinhos e atenções por todo o ano se esforça para fazer jus à importância das datas comemorativas que se repetem anualmente. Entretanto, é possível alcançar a real grandeza que a data de hoje pretende assumir? Somos capazes de atingir todo o significado de uma data que se propõe a concentrar toda a retribuição que as mães merecem? Há declarações que cheguem, presentes que valham o maior de todos os presentes que nossa mãe nos deu, que é o presente da vida? A minha resposta? Não, não somos capazes de prestar, em um único dia, todas as homenagens de que as mães são dignas. E afirmo isso com tanta convicção porque acredito que mesmo um ano inteiro, com seus 365 dias, não dá conta da enormidade da tarefa que é agradecer e retribuir tudo o que uma mãe faz. Ser mãe é o mais divino de todos os papéis que cabem ao ser humano encarnar. É gerar, guardar dentro de si, gestar durante meses com um carinho e uma proteção só comparáveis àqueles com os quais a maior de todas as criadoras gera e protege seus filhos: a mãe natureza. O próprio nome com o qual batizamos a genitora de todas as coisas vivas dá a dimensão do poder sobre-humano que é ser mãe. E, como se não fosse miraculosa e importante o bastante a missão de conceber, as mães ainda dividem com os pais ou mesmo assumem sozinhas outra tarefa de enorme responsabilidade: criar uma pessoa, o que acarreta cuidar dela e torná-la alguém digno do milagre que o pôs no mundo. Diante de tudo isso, creio que só nos resta uma coisa a fazer para compensar as mães por tudo isso: amá-las. Amá-las o máximo possível, sempre, todos os dias de nossa vida, para conseguirmos, no máximo, chegar perto do amor que elas sentem por nós, que é, com certeza, o maior que o ser humano é capaz de sentir.

(Texto de minha autoria publicado hoje no jornal Correio da Paraíba)

quinta-feira, 5 de maio de 2005

O diarista

Você já teve vontade de morar sozinho? Se você se pegou balançando a cabeça afirmativamente ou soltando um “um-rum”, pense melhor. Para quem ainda não sabe, eu moro com meu irmão e com um amigo com quem ele fez o curso da Petrobras. O dito amigo embarcou ontem (ele trabalha nas plataformas da Petrobras) e ficamos só eu e meu irmão. Como ele sai cedo para o trabalho e só chega à noite, eu passei o dia sozinho em casa. Ao acordar, logo vi o bolo de toalhas para lavar no chão do corredor, perto da porta do meu quarto. Quando olhei para o céu, vi que fazia um sol incrível, diferentemente dos últimos dias, que têm sido chuvosos. Aí você pensa: solteiro no Rio de Janeiro, Tiago deve ter pensado em pegar uma praia, certo? Errado. Pensei: olha só, o tempo ta ótimo para secar as toalhas depois de lavadas. Depois de esclarecer umas dúvidas com pessoas mais experientes no ramo de lavanderia, coloquei as toalhas para lavar. Aviso aos navegantes: se você pensa que lavar toalhas é só jogá-las dentro da máquina de lavar com uma quantidade qualquer de sabão em pó e amaciante, você se engana. Há toda uma matemática necessária para se calcular o nível correto de água, sabão em pó e amaciante para aquela quantidade X de roupa. Aconselho um curso de matemática avançada para donas-de-casa. Em seguida, fazer o quê? Assistir à TV? Ler um bom livro? Escutar uma boa música? Essa última opção pode até ser, como de fato fiz, mas enquanto preparava meu almoço. Isso mesmo, eu, eu mesmo, minha pessoa, com o bucho na beira do fogão. Depois de picar cebola, dourá-la com margarina e azeite e juntar o resto dos ingredientes do molho do macarrão (o quê? Achou que eu fosse dar a receita assim, de graça? Nam!!), coloquei o macarrão na panela, após tê-lo esquentado no microondas, enquanto ainda preparava o molho, para que o macarrão estivesse aquecido quando eu terminasse de preparar o molho (mais cálculos matemáticos para sincronizar tudo). Enquanto passava o macarrão no molho, coloquei a carne para esquentar no microondas, seguida do arroz. Depois de um almoço solitário, fui assistir ao Jornal Hoje e deixei a louça para lavar depois. Ih, meu Deus! Deixei as toalhas dentro da máquina de lavar!! E minha mãe disse que não é para deixar a roupa dentro da máquina depois de lavadas! Deixei o telejornal e fui tirar as toalhas e estendê-las na varanda. Voltei para o Jornal Hoje. Terminada a atualização das notícias, lá fui eu lavar a louça, do almoço e do café da manhã (inclusive a do meu irmão, que saiu sem lavar o que usou). E depois disso tudo ainda fui assistir à aula e tive que cuidar do meu jantar, às 22:30 h. Conclusão: quer morar sozinho? Arranje dinheiro para pagar uma empregada/cozinheira.

domingo, 1 de maio de 2005

Outros parabéns

Não dá nem tempo de respirar. É uma data comemorativa em cima da outra. Hoje é aniversário da minha irmã! E o que posso dizer além do óbvio, que seria que eu desejo tudo de bom para ela e que ela seja muito feliz? Acho que só aquilo que deve ser dito não apenas à minha irmã, mas a todos, a mim mesmo, inclusive: a felicidade não está esperando por nós em algum lugar, mais ou menos distante. Não precisamos ter ou ser alguma coisa para sermos felizes. A felicidade é um caminho, não um destino. E, como caminho, nós que escolhemos como trilhá-lo. Ser feliz depende muito mais de nós mesmos do que dos outros. Por isso vamos em frente, escolhendo sermos felizes todo dia, com todas as pequenas coisas do cotidiano (isso me fez lembrar do primeiro post do “Enquanto isso, na Sala de Justiça”). E, se ser feliz dependesse tanto dos outros, nós já teríamos uma vantagem estúpida por termos a família que temos, não é, irmãzinha? Beijo enorme e parabéns!!!