domingo, 31 de dezembro de 2006

Renove o ano novo

Inove. Faça um novo corte de cabelo. Troque de lugar aquele velho espelho. Mude a cor do esmalte. Se não der, chute o balde. Viaje mais, nem que seja para a cidade vizinha. Beije mais a sua mãe (eu já estou beijando a minha). Uma vez por semana, deixe o relógio de lado. Com a mesma freqüência, saia com os amigos e largue um pouco o namorado. Leia um livro na varanda, dentro de uma rede. Beba mais água quando sentir sede. Prove um sabor diferente de sorvete. Deixe de varrer a poeira pra debaixo do tapete. Tente, com todos ao seu redor, ser mais paciente. Aprecie sua saúde sem estar doente. Mude o caminho pro trabalho. Chame os amigos só pra jogar baralho. Renove. Compre roupas novas, de cores diferentes. Passe a escovar mais os dentes. Mude os móveis de lugar. Escolha um novo restaurante para jantar. Doe suas coisas velhas para alguém que precisa. Refaça aqueles planos de conhecer a Torre de Pisa. Em nome da sua saúde e da dos outros, pare de fumar. Se não fuma, incentive alguém a parar. Esteja aberto para novos amigos. Mas nunca abandone os antigos. Reprove. Não permita que um pobre infeliz estrague seu dia. Resista ao mau humor de encarar o mundo sem nenhuma alegria. Lute contra a velha inimiga da boa forma: a preguiça. Esqueça de vez inveja, mesquinhez, ódio, rancor e cobiça. Converse com quem fez algo que lhe desagradou. Mas não perca a razão ao sair brigando por algo de que você não gostou. Aprove. Diga aos outros que você os admira por algo que fizeram. Mande um presente, mesmo que bobo, mas de coração àqueles que tanto lhe deram. Comprove. Tente novamente aquilo que lhe mete medo. Mostre que você sabe guardar um segredo. Reveja os filmes que lhe fazem feliz. Confirme que você não precisa de uma plástica de nariz. Faça uma loucura para alguém que você ama. Tire a prova de que você é bom de cama.
Se tudo isso não garantir um bom ano novo, refaça. Afinal de contas, não há mudança de calendário que traga felicidade de graça.

Feliz 2007.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

25 de dezembro, de fevereiro, de agosto...

Feliz Natal aos que dão bom dia ao vizinho. Feliz Natal aos que não buzinam desnecessariamente no trânsito. Feliz Natal aos que não dão esmola a crianças na rua, mas se sentem mal por não fazerem nada além. Feliz Natal aos que não jogam lixo na rua. Feliz Natal aos que se preocupam em não obstruir os corredores do supermercado com seu carrinho de compras. Feliz Natal aos que cedem seu lugar no ônibus ou no metrô a quem necessita mais. Feliz Natal aos que fecham a torneira enquanto escovam os dentes. Feliz Natal aos que sabem agradecer o que os outros fazem por eles, mesmo que seja algo pequeno. Feliz Natal aos que sabem pedir perdão. E aos que sabem perdoar. Feliz Natal aos que sabem apreciar os momentos de pequena e cotidiana felicidade. Feliz Natal aos que acordam abertos ao mundo. Feliz Natal aos que conseguem admirar a beleza de um pôr-do-sol qualquer. Feliz Natal aos que sabem amar sem pedir muito em troca. Feliz Natal aos que tentam superar os obstáculos das obrigações e distâncias para manter vivas amizades tão importantes e próximas de outrora. Feliz Natal aos que valorizam um fim de semana de chuva jogando baralho com os amigos. Feliz Natal aos que entendem que o melhor de ganhar um presente é saber que quem o comprou pensou neles. Feliz Natal aos que conseguem amar o ser humano, por mais falho e confuso que ele seja. Feliz Natal aos que alcançam a verdadeira importância do Natal, que é, justamente, espalhar bons desejos entre aqueles de quem se gosta.
E aos que não fazem nada disso, um Natal mais feliz ainda, pois são esses que precisam de uma dose extra de felicidade para descobrir que ela está mais próxima do que se imagina e que ser feliz é uma forma de encarar o mundo que se constrói dia a dia.

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Menas tolerança

Após um pequeno problema de saúde (uma infecção na garganta – cof, cof –, que já está sob controle graças a uma injeção de antibiótico. A propósito, alguém aqui já tomou uma injeção de Benzetacil? Dói, companheiros!), estou de volta às atividades. Meu lado professor Pasquale Big-Mac-é-pra-eu-comer necessita comentar dois fatos que me abalaram sobremaneira (eu já disse que adoro usar sobremaneira?) nos últimos dias. O primeiro foi a entrevista do chefe do departamento de sismologia da UnB quando daqueles pequenos tremores sentidos em alguns locais do sul do Brasil, alguém viu? Jesus amado! O homem é chefe de departamento de uma das mais conceituadas universidades brasileiras e não conseguia fazer uma concordância de número que fosse! Era um tal de plural com singular saindo pelo ladrão que me deixou em cólicas! Acho que o Jornal Hoje só exibiu a entrevista porque não teve tempo de procurar outra pessoa, só pode! Mas o outro acontecimento foi o mais preocupante! Quem mais viu Henrique Meireles, presidente do Banco Central, dizer “esteje” em meio a uma coletiva de imprensa? PAREM O MUNDO!!! Meu irmão estava comigo e viu quando eu me contorci na cama! Gente, isso é coisa que se faça com alguém que já estava enfermo? Ai, ai, ai, Meireles! Menino mau! Eu já ia dizer que ele estava andando muito com o Lula porque estava usando uma metáfora futebolística para falar de economia, mas quando ele mandou o “esteje” assim, displicentemente, como quem pergunta o preço do tomate na feira, eu tive certeza que deve estar havendo uma troca de favores: Meireles ensina economia a Lula e o presidente ensina oratória a ele. Que a gramática esteje com vocês!

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Manual de sobrevivência

Como sou uma pessoa caridosa e preocupada com seus semelhantes, aqui vão algumas dicas para quem vier ao Rio de Janeiro. Não, eu não vou dar dicas de como não ser assaltado, não ser seqüestrado ou não ser atingido por uma bala perdida. É bem verdade que as coisas aqui não são um mar de rosas, mas também não são esse bicho de sete cabeças que pintam por aí e eu não sou Secretário de Segurança do Rio de Janeiro. Digressão: falando em política, lembrei-me agora da propaganda eleitoral do Sérgio Cabral, o próximo governador do Rio. Em uma das campanhas do então candidato, aparecia um popular falando efusivamente que o Sérgio Cabral olhava nos olhos da pessoa com quem falava, era só esse o argumento de defesa do eleitor. Ué! Ele estava se candidatando a governador ou a oftalmologista? Voltando: minhas dicas serão sobre assuntos bem mais amenos e cotidianos. Afinal de contas, é de coisas cotidianas que se faz um dia. Dica 1: quem tem um olhar mais atento ao assistir à enfadonha novela das oito (é fato: Manoel Carlos perdeu completamente a mão, nem a Helena da Regina Duarte é a mesma), que possui um bom número de cenas nas ruas cariocas, já deve ter percebido que aqui é comum haver umas colunas de concreto nas calçadas (assista à missa e veja a dica mais à frente). Evite sempre passar por perto dessas colunas! Por quê? Porque são um dos alvos favoritos dos 532 milhões de cachorros do Rio de Janeiro e você corre o sério risco de molhar o solado do seu sapato em algo que não é exatamente a mais pura água Perrier. Dica 2: ainda por causa dos 598 milhões de cachorros (como assim? Já aumentou? Pois é, eu também não entendo de onde vem tanto cachorro!), é bom olhar sempre para o chão. Eles costumam deixar outro tipo de lembrança mais... mais... consistente, digamos assim, e muitos donos não têm educação suficiente para recolher os “recados” que seus companheirinhos deixam nas calçadas. Dica 3: vocês se lembram das tais colunas de concreto? Pois é, elas devem existir para evitar que os motoristas estacionem sobre as calçadas. E aqui vem a outra dica: se você não costuma andar de metrô (o melhor meio de transporte que existe!!!), ônibus ou táxi (a única coisa que existe mais do que cachorro por aqui), cuide de chegar cedo a qualquer lugar a que você vá de carro para procurar uma vaga, pois lugar para estacionar no Rio anda mais em extinção do que o dodô. Dica 4: sábado ou domingo de sol? Corra pra praia cedo, pois, em ocasiões assim, o grão de areia vale mais do que o grama do ouro! Tenho medo de começar a haver umas invasões em Ipanema e no Leblon do MSP – Movimento dos Sem Praia. Reforma praiária já, companheiros!!! Dica 5: é verão e você precisa andar pelas ruas do Rio ao meio-dia? Vá com fé, irmão, mas encha suas roupas com aquelas bolsas térmicas cheias de água gelada, praticamente congelada. Quem sabe assim você consegue sobreviver a 5 minutos nas escaldantes ruas cariocas no verão. Dica 6: agora sou eu que peço. O verão está chegando e eu faço o que pra escapar do calor? Legal quando a gente escuta a Fernanda Abreu cantando “Rio 40 graus, cidade maravilha purgatório da beleza e do caos”, né? Pois vem pra cá no verão, amigo, e vê se você continua com essa visão poética da coisa!!

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

There is nothing to see here

Semana passada eu conheci uma garota que conhece um cara (o amigo do primo do vizinho do cunhado do dentista do irmão...) que faz a edição de “matérias” do Sabadaço, aquele excelente programa de um anti-apresentador (tipo o anti-Cristo mesmo, o exato oposto do que é um apresentador) chamado Gilberto Barros (“Boa noite, Brasil!!”). E o pior é que eu ainda vi a matéria que ele veio fazer aqui no Rio sobre a Princesa do Funk, aquela psicóloga que largou o consultório – que, com certeza, vivia abarrotado de clientes – para virar funkeira. Eu já confessei que às vezes dou uma “sapeada” (neologismo Silvio Santístico) pelos programas de excelente qualidade da TV brasileira para ver o que de grotesco está rolando por lá. Eu permaneço convicto do argumento de que temos que assistir a essas coisas de vez em quando para podermos falar com propriedade que o negócio é ruim que dói. Mas cuidado! Como todo veneno, só não é letal em doses pequenas! Qualquer coisa superior a 5 minutos causa sérios danos às funções cerebrais! Mas acho que há algo mais do que o espírito crítico-pesquisador nessas assistidelas de programas do naipe do Sabadaço, Superpop e Domingo Legal. Deve haver algum impulso intrínseco da natureza humana pelo bizarro. Tipo quando passamos devagar por um acidente de carro para dar uma espiada mesmo sabendo que não devemos. Antes de entrar na faculdade, eu me continha ainda mais nas minhas passadas pelos péssimos programas da TV, pois eu me recusava a dar Ibope àquelas coisas. Mas nada como a experiência acadêmica para ensinar que o Ibope é medido através de um cálculo estatístico baseado na amostragem dos dados coletados pelos aparelhos instalados nos televisores de alguns poucos domicílios escolhidos pelo Brasil. A minha dúvida é só como classificar os 3 programas citados anteriormente: qual deles seria um engavetamento de 5 ônibus, 2 caminhões e 7 carros em que morreram os motoristas de todos os veículos, qual seria um engavetamento de 7 ônibus, 3 caminhões, 2 vans e 10 carros de passeio em que morreram metade dos passageiros e qual seria o top top, aquele engavetamento de 10 Scanias, 15 ônibus, 37 carros de passeio, 9 vans, 15 motos, 3 velocípedes, 5 triciclos, 2 patinetes, 4 skates e 2 carrinhos de rolimã causado pela queda de um helicóptero – o Águia Dourada, por exemplo – em que todas as vítimas foram mortas e esquartejadas pelas hélices do aparelho voador. Briga feia essa, hein?

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Antes tarde do que nunca

Tal qual Roberto Pompeu de Toledo em seus artigos na revista Veja, eu tenho evitado comentar sobre política nesse singelo blog que vos fala, algo bem diferente do que ocorreu nas eleições de 2004, no desenrolar da eleição e renúncia de Severino Cavalcanti e em outros episódios grotescos da política brasileira, quando discuti, recorrentemente, o assunto. Mas não consigo continuar evitando-o sem me sentir omisso, se não para com meus leitores que prezam de alguma forma minha opinião, pelo menos para comigo mesmo. É desnecessário falar do assombro, da revolta, da indignação e do asco sentidos ao ver seguidas denúncias e escândalos de corrupção. Cada vez mais eu me convenço de que a profissão de político não é escolhida por aqueles que querem trabalhar pelo país e ajudar seu povo a ter uma vida mais digna, o que deveria ser a motivação de todo e qualquer político, mas sim por aqueles que querem tirar vantagem e fazer dinheiro às custas daqueles a quem deveriam ajudar e honrar pelo voto de confiança depositado nas urnas. Agora nos encontramos às vésperas de um segundo turno para eleições presidenciais diante do seguinte cenário: reeleger Lula, representante maior do governo dos escândalos de corrupção, ou eleger Alckmin, o assumido picolé de chuchu. Quanto a Lula, como um de seus votantes na eleição passada que depositaram inúmeras esperanças no seu governo – difícil será esquecer o que senti quando vi a comoção que tomou conta deste país quando da eleição de Lula em 2002 – posso dizer que estou tremendamente decepcionado. Não que eu ache que seu governo seja mais corrupto, talvez até seja mesmo. Creio que o que houve foi um maior esforço em tornar clara a bandalheira durante o tão buscado governo do PT, que demorou a vir. A podridão da política brasileira só veio à tona com mais força neste governo por obra daqueles que dela participavam em governos anteriores. Mas a minha decepção para com Lula é pela falta de atitude mais enérgica contra os que foram flagrados em meio aos escândalos, pela falta de interesse para com o que estava acontecendo em seu partido e em seu governo, pois creio que ele não sabia do que acontecia, mas por pura ignorância escolhida. Também me decepciono com a falta de habilidade para realizar as mudanças e fazer os devidos investimentos de que o país necessita para, finalmente, passar a um estado de evolução sócio-econômica desejável. Houve melhoras? Sim, houve. Um balanço recente revelou que a qualidade de vida melhorou para os brasileiros de menor renda, para quem a política deve ser feita com maior esmero, sem nenhuma demagogia, pois é para eles que devem ser voltados os esforços para criar oportunidades de emprego e renda para afastá-los de meios de sobrevivência na contravenção, o que acaba atingindo a camada mais abastada da população, cada vez mais presa em suas mansões cercadas de grades e carros blindados. Muito dessa melhora se deve aos programas assistenciais do governo, como o Bolsa Família, que não são a melhor saída para resolver o problema dos pobres e famintos. E daí vem boa parte das críticas ao governo Lula, que ajudou os pobres da maneira mais básica que existe, dando o peixe em vez de ensinar a pescar, como tanto se repete. Concordo plenamente. Acho que esse tipo de programa não é exemplar para erradicar a fome, como o presidente tanto se vangloria. Mas já é alguma coisa. Fala-se que tal assistencialismo é usado para comprar o voto da camada mais pobre atendida pelo programa. Eu, na minha eterna boa vontade e no meu desejo de acreditar no bem nas pessoas, prefiro crer que tais programas são fruto da incapacidade político-administrativa em realizar programas mais eficazes, que realmente dêem condições ao povo de caminhar com as próprias pernas. Até porque essa discussão sobre as intenções por trás de cada ato, político ou não, pode se estender infinitamente sem chegar a nenhuma conclusão. Do outro lado temos Geraldo Alckmin, tucano. Apesar de a existência de tantos partidos no Brasil e o troca-troca partidário dos políticos fazerem com que não exista nenhum partido consistente de verdade, o formato tucano é algo que me preocupa, e Alckmin me parece ser forte representante desse formato, além de não ter nenhum carisma pessoal que me atinja. Assim permaneço na dúvida, sem saber o que fazer do meu voto, ciente apenas de que anulá-lo não vai resolver nada. E agora ficamos nós nessa situação, entre um e outro, sem saber o que será pior para o Brasil, pois já estamos perdendo a fé de procurar pelo melhor.

sábado, 23 de setembro de 2006

Conferência de paz

Mané Iraque, Israel ou Afeganistão. A ONU tem que se mobilizar para cuidar da paz mundial em um lugar muito mais comum: o supermercado. Hoje eu quase testemunhei duas senhoras (atenção para os acessórios que acompanham o termo “senhora”: óculos de grau na ponta do nariz, cabelo preso num “coque” e pés de galinha) se digladiando no setor de produtos de higiene. Foi um tal de “dá pra senhora tirar o carrinho do meio pra gente passar?” e um “não tá vendo que tá cheio de carrinho no corredor?” seguido de um “mas se a senhora afastar o seu pra lá dá pra gente passar!” que antecedeu um “agora, sim, dá pra gente passar, mas do jeito que a senhora tava” depois que a tal do carrinho afastou o dito cujo, tudo isso finalizado por um “não vou nem responder” da dona do apetrecho com rodas. Fiquei só esperando a platéia do Ratinho gritando: “POR-RA-DA!!! POR-RA-DA!!!” E, com certeza, isso acontece a toda hora, em todos os supermercados. Quer dizer, pelo menos nos freqüentados por pessoas menos civilizadas. E todo mundo se preocupando se Mahmoud Ahmadinejad está ou não desenvolvendo armas nucleares. Abre o olho, Kofi Annan, que os supermercados são bombas-relógio prontas para estourar!

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Lástimas da vida

Não bastasse não acontecer nada que se aproveite capítulo após capítulo, a novela das oito agora está conseguindo prestar um desserviço à população. No marasmático capítulo de ontem, Diogo esperava por Helena no seu quarto de hotel. Tudo muito chique, muito arrumado, champanhe no gelo, mesa bem decorada. Digressão: aliás, eu sempre me perguntei o que diabos a Globo faz com aquele mundaréu de comida das cenas de “família à mesa”. Sim, porque as mesas de novela são sempre aquele banquete com 52 tipos de pães, 37 diferentes bolos, 625 frutas, 28 sucos (incluindo o raro e regional suco de pitomba – essa foi pra você, Lucy). E ninguém nunca come nada. Neguinho dá uma dentada num pão, bebe 2 dedos do suco e rapa fora. E eu penso: e essa comida toda, vai pra onde? Ou o pessoal da produção da Globo é extremamente obeso, se fartando com o refugo de cena de café da manhã, ou eles fazem muita caridade, ou, simplesmente, “instroem” muita comida mesmo. Voltando: Em mais uma cena sem necessidade, Diogo “enxuga” um copo de uísque e vai ao banheiro. Para quê? Para escovar os dentes, ora essa! O cara passou anos na África, só na base do cartãozinho postal. Agora ele está finalmente de volta para ter um enlace amoroso (isso foi pra não dizer “dar uns pegas”) com a Helena. Claro que ele tem que cuidar do bafex! Aquela boca mole de chupar caroço de manga finalmente vai entrar em ação, logo ele tem que manter a assepsia da miserável. Até aí, tudo bem. Demonstração de bons hábitos de higiene. O problema é que ele deixou a torneira aberta, jorrando água, enquanto escovava os dentes. Antes que vocês achem que eu estou implicando gratuitamente, pensem comigo: todo mundo sabe que é contra os princípios básicos da boa civilidade e da consciência ecológica ficar “instruindo” água desse jeito, mas todo mundo sabe que muita gente contraria essa regra básica. Aí um Zé Mané qualquer que costuma fazer isso vê um negócio desses na novela e diz: “Olha aí, até na novela eles fazem!” E um médico!! Uma pessoa supostamente esclarecida! E um médico humanitário, que largou tudo para cuidar das crianças africanas, ou seja, alguém que deveria ter toda uma consciência a respeito de conservar os recursos naturais. Foi uma cena sem importância (aliás, como todas as outras dessa novela), mas eu fiquei revoltado com isso! Greenpeace, autua a Globo!!!

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Eu por mim mesmo

Complexo, mas fácil de se entender. Romântico incurável, daqueles que gostam de mandar flores e mensagens de texto pelo celular (e viva a tecnologia) só para dizer que se lembrou da outra pessoa. Responsável e, ao mesmo tempo, um procrastinador patológico, embora esteja trabalhando nessa questão para superar tal deficiência. Detentor de algumas manias singulares, como não gostar de parar uma música no meio, detestar ver uma sandália ou um sapato emborcados, gostar de levantar da cama com o pé direito (mais por mania mesmo do que por superstição), esperar por horas redondas para começar a fazer qualquer atividade. Alucinado por música, embora possua um gosto de um ecletismo limitado (pagode romântico, sertanejo, forró com letras de gosto duvidoso e heavy metal podem passar longe). Durmo todas as noites ao som de algum dos meus CDs de estimação. Falando em CDs, possuo com eles a mesma relação que tenho com DVDs e livros, uma relação quase carnal, afetiva e, por que não dizer, sexual; por isso nunca comprei um CD ou DVD pirata na vida (mas acho que os preços dos originais são muito salgados, por isso escolho muito bem o que compro). Leitor de quadrinhos aficcionado que fica extremamente fulo da vida quando alguma alma sem esclarecimento diz que “isso é coisa de criança”. Nojos declarados: pêlos no sabonete (mesmo que sejam meus); comida misturada (tipo lavagem de porco, em que não conseguimos distinguir uma coisa de outra); privada suja com aquela água amarelada (blergh!) – aliás, banheiro sujo em geral; rio, lagoa, açude ou qualquer outro ambiente aquático com areia cheia de lodo no fundo. Detesto saber que alguém está me esperando, fico louco quando isso acontece, tanto que prefiro esperar os outros a ser esperado, mas isso não é desculpa para me deixar plantado esperando. Só faço o que quero, mesmo que o que eu queira seja agradar a algum amigo ou fazer algo por alguém que mereça minha consideração. Crítico e extremamente flexível ao mesmo tempo. Alguém fácil de se levar. Acredito que as pessoas podem mudar, mas se elas mesmas quiserem, nunca por pressão externa, e por isso creio em segundas, terceiras, quartas chances, mas também acredito em últimas chances. Insisto em querer carregar as dores do mundo nas costas e querer resolver todos os problemas da humanidade: a corrupção, o efeito estufa, a fome, a miséria, o desemprego, o lixo nas ruas e nas praias. Tão preocupado com o que será do nosso país que já me passou pela cabeça a loucura de virar político para tentar resolver pelo menos parte desses problemas. Comida tem que ser quente, bebida tem que ser gelada, exceto leite. Gostos próprios: suco, sorvete e picolé de cupuaçu, pimentão verde cru com sal, chocolate branco, lasanha, pizzas e outras massas, torta de morango, quindim, bolos e tortas de chocolate ou doce de leite (mas nada de glacê e aquelas coberturas enjoativas que só têm gosto de clara de ovo batida com açúcar). Abomino rebeldia sem causa e atitude rocker revoltadinha (aquela de quem gosta de qualquer música em que os instrumentos musicais fazem mais barulho do que qualquer outra coisa e o vocalista está sempre se esgoelando, mas é legal porque os outros músicos são muito “comerciais”). Fã de seriados americanos, mas só dos bons (e quem decide o que é bom? Eu, ora bolas!). Fã de cinema, embora não vá tanto quanto eu gostaria, culpa do meu lado co-dependente (mas eu vou me emancipar e ser uma pessoa capaz de fazer coisas sozinho). Gosto tanto de bobagens apenas para divertir quanto de filmes feitos de boas atuações e belos diálogos. Acreditem, assisti a um filme iraniano na faculdade e achei muito bom. Mas detesto quem faz o tipo “só gosto de cinema europeu”. Não fumo, quase não bebo e não uso drogas (yes, eu sou saudável). Adquiri o bom hábito de gostar de verdura, chego a salivar perante uma bela salada. Caseiro, mas gosto de sair de vez em quando e passar uma noite inteira dançando (Mucuripe Club que o diga, que me viu saindo de lá às 7 da manhã). Coisas por realizar: aprender espanhol, aprender italiano, conhecer a Europa, conhecer Nova York, conhecer a Chapada Diamantina – coloquemos um genérico “viajar”, mergulhar, saltar de pára-quedas, plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho. Esse sou eu, uma obra em andamento.

PS: esse post foi um oferecimento do Flows Inc. e sua sócia majoritária, Lucy Andrade, que iniciou a corrente da auto-análise blogueira.

quinta-feira, 7 de setembro de 2006

Minha heroína

Desde pequenos nós procuramos por heróis. Normalmente, na infância, eles vêm na forma de super-heróis de histórias em quadrinhos. Aqueles personagens com seus superpoderes que são capazes de grandes sacrifícios para ajudar os outros acabam virando objeto de admiração. Eles poderiam continuar levando suas vidas, usando seus poderes apenas em benefício próprio, como se valer da superforça para abrir um vidro de azeitonas facilmente ou levantar o sofá para varrer a poeira debaixo dele sem grande esforço, mas não, eles escolhem usar suas habilidades em favor dos mais fracos e desprotegidos. Além de invejar seus poderes, que viriam bem a calhar em vários momentos, é impossível não admirar alguém assim, capaz de tamanho gesto de solidariedade, de desprendimento, de humanidade. Conforme crescemos, os nossos referenciais vão se modificando e passamos a procurar heróis mais palpáveis, presentes em nossa realidade. Acho que é da natureza humana ter alguém em quem se espelhar, ter um modelo a seguir, alguém em quem confiar. Ao longo da História, várias pessoas com essa capacidade de atrair para si respeito e veneração marcaram seu nome como grandes líderes, como Martin Luther King e Gandhi. Contudo, nos dias de hoje, parece que fica cada vez mais difícil achar alguém para ser um modelo de conduta, um exemplo de vida e caráter. Em tempos nos quais uns são adorados por atirar aviões contra prédios cheios de pessoas e outros por terem a “coragem” de invadir e bombardear nações para combater o “mal do terror”, mesmo que para isso muitas vidas inocentes tenham que ser ceifadas, o conceito de herói parece estar difuso e perdido. Até mesmo alguns que sempre foram tidos como grandes líderes e modelos caem em desgraça por não corresponderem às expectativas de seus adoradores. Agora mesmo temos um presidente que era visto como grande líder sindical e defensor dos desfavorecidos e acabou tachado de grande decepção ao se descobrirem suas falhas, embora tudo indique que será reeleito, talvez por falta de um salvador melhor em quem possamos confiar. Mas isso aqui não é um ensaio sobre política e não pretendo ir mais longe nessa discussão. O que quero mostrar é a fragilidade da figura atual do herói frente à descoberta de seus erros. Porém, é preciso lembrar que heróis também erram. Leitor de quadrinhos fiel até hoje, sei bem que muitas histórias das revistas se desenrolam justamente a partir de grandes erros que os heróis cometem. Mas, apesar de continuar um admirador das lições que os super-heróis dos quadrinhos são capazes de passar, não preciso recorrer a personagens fictícios ou históricos para ter alguém a quem adorar. Numa dessas sortes fenomenais que nos atinge a uma probabilidade de uma em um milhão, nasci filho daquela que é a pessoa mais admirável que conheço. Ela pode não ter superpoderes, mas sua sensibilidade, sua compreensão, seu carinho, sua solidariedade, seu desprendimento, sua sabedoria, seu amor possuem um impacto muito maior na vida dos que a cercam do que qualquer visão de raio-X ou capacidade de vôo. Entretanto, o mais incrível é que, mesmo ciente de que qualquer herói possui suas falhas, eu não consigo ver nenhum defeito nela. Minto. Após muito pensar sobre isso, pois nunca me entrou na cabeça que um ser humano como qualquer outro não possua um defeito que seja, só consegui chegar à sua mania de cuidar tanto dos outros e deixar de cuidar mais de si. E, mesmo com tanto esforço, só fui capaz de encontrar algo que só prejudica a ela mesma e não aos outros. O fato é que, mesmo que eu porventura encontre mais alguma falha nessa que é a pessoa mais extraordinária que conheço, ela continuará sendo a minha heroína. Parabéns, mãe!

sábado, 2 de setembro de 2006

Tudo pelos 15 minutos de fama?

Eu e minhas indagações extremamente relevantes. Estava eu assistindo TV essa semana quando, em uma zapeada, acabei no Vídeo Game, aquele programinha da Globo que serve para ficar promovendo outros programas da Globo e artistas da Globo com a participação de artistas de onde (ganha um doce quem souber)? Da Globo! E peguei o programa bem na hora do quadro da prova da platéia. Se você já foi a alguma gravação do Vídeo Game com uma cartolina onde se lia “Escolhe eu” e um buraco no formato do seu rosto, me desculpe, mas não existe nada mais ultrajante do ficar pulando desesperadamente na platéia para ser escolhido para uma prova que, via de regra, resume-se a realizar tarefas ridículas e degradantes em cadeia nacional para dar pontos a algum artista da Globo que, muito provavelmente, está ali só porque é obrigado por contrato a participar daquela palhaçada. E eu me vi pensando: “Jesus amado, essas pessoas vão a esse programa e querem participar dele porque gostam?” Logo meus pensamentos extrapolaram para outros programas de auditório de qualidade duvidosa (para não dizer péssimos), tipo Sabadaço (pausa para ânsia de vômito), Superpop (fui tomar um Dramin) ou Domingo Legal (não deu, acabei abraçado com a Celite!). Vocês já pararam pra pensar no que leva um pobre ser humano a sair da sua residência para ir assistir in loco a esses programas indigestos? Pois é, eu fiquei aqui, matutando que espécie de infância teve uma pessoa que está todas as noites no auditório da Luciana Gimenez (aquela doidinha cujo maior feito na vida foi ter tido um filho do Mick Jagger). Será que ela foi obrigada a trabalhar numa mina de carvão por uma mãe fumante, alcoólatra, esquizofrênica e cleptomaníaca, que batia nela todas as noites com livros, revistas científicas e discos de música clássica e depois ia assistir TV alegre e satisfeita? Acho que essa nem Freud explica!

quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Um cachorro que é cadela numa Páscoa em abril que vem depois de maio

Momento cri-cri. Após passagens de tempo intermináveis, com 937.526 reveillons de Copacabana pipocando na telinha da TV, Páginas da Vida chegou, finalmente, ao ano de 2006. E como crítica pouca é bobagem, vamos à pisada na bola da Globo no capítulo de ontem da novela das oito. O folhetim está em 2006, mas ainda caminha lá pelos idos da Páscoa (“iscrusivi” a sempre feliz Olívia convidou o neto da bruxa Marta para uma “fesstchinha” de Páscoa). E o que foi que vimos no capítulo de ontem? Um novo Honda Civic rodando pelas ruas do Leblon. Preto, pra ser mais detalhista. Qual o problema com isso? Bom, o problema é que o novo Civic foi lançado no fim de maio, e a Páscoa foi em abril. Na minha matemática, essas contas não batem. Pra continuar implicando com a arrastada novela das oito (eu avisei que já pressentia que essa novela não repetiria o brilhantismo de Por Amor) onde nada de importante acontece capítulo após capítulo, eu preciso fazer um desabafo. Alguém pode me dizer por que insistem em afirmar que o cachorro da Isabel é macho quando todos vemos que é uma fêmea? Será que a Globo só conseguiu uma cadela sexualmente confusa para interpretar o papel de companheiro da encalhada fotógrafa de casamento? Será que a Globo está iniciando um novo movimento em favor da diversidade sexual animal? Preparemo-nos para a parada do orgulho gay canino!

quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Run, Forrest, run!!!

Como se não bastassem as outras fobias que as grandes cidades nos causam, como o medo da insegurança e o pânico de dirigir no trânsito caótico das metrópoles, ainda me fazem o favor de inventar mais dois! Sim, inventar, pois não são coisas que vão se formando ou acontecendo por incompetência do poder público ou pelo aumento da população motorizada das cidades (agregado ao aumento da falta de educação das pessoas no trânsito), são coisas que foram pensadas para serem do jeito que são! A primeira são aqueles malditos aparelhos da Nextel. Jesus Amado!! Agora ninguém consegue ir a lugar algum sem ficar escutando aqueles apitos enervantes! Já tô vendo a hora de eu meter a mão na cara de um que me deixar aquele aparelhinho do capeta apitando no meio do cinema! E a outra fobia urbana mais recente são aqueles azuizinhos “oferecendo” o cartão da C&A. “Oferecendo” mesmo, entre aspas, porque aquilo é quase uma lavagem cerebral, um seqüestro cujo resgate consiste em fazer o tal cartão para que você possa ir embora e seguir a sua vida (ou, simplesmente, seguir caminhando na calçada). Eu, que cresci com medo de lendas urbanas tão fantasiosas como a perna cabeluda, o homem do saco e a loira do banheiro, já prevejo as mães das próximas gerações avisando seus filhos ao saírem de casa: “Cuidado, meu filho! Se você vir um azulzinho com o nome C&A na camisa, corra, meu filho, corra!!!”

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

Ajustando a saia

Ê, sumiço bom! Mas vamos logo ao post e deixemos as desculpas de lado. Vocês se lembram do post em que eu disse que ia demorar para dar outra chance ao Saia Justa? Pois essa chance veio hoje, graças à reformulação do programa. E graças também à consciência que eu tenho das minhas limitações, pois eu queria mesmo era ler, mas sabia que, se eu insistisse nisso, eu iria acabar dormindo. Não adianta: quando estou naquele estado, eu sei que acabo dormindo se tentar ler. Como acho dormir muito mais improdutivo do que ver TV, liguei a telinha para espantar o sono. E não é que foi bem na hora da reprise do Saia Justa? O programa agora possui 5 saias: sai Luana Piovani, entram Ana Carolina e Maitê Proença e permanecem Mônica Waldvogel, Betty Lago e Márcia Tiburi. Já peguei o programa numa discussão colocada em pauta pela Maitê, perguntando "se você tivesse que escolher um dos três, o que você escolheria: sexo, família ou amigos?" Obviamente se tratava de uma pergunta hipotética, sem aplicação prática, pois me parece impossível (e desnecessário) fazer tal escolha, mas é sempre bom ver o processo da discussão de idéias em andamento. Primeiras impressões: 1) Ana Carolina (que, por sinal, estava belíssima) me parece que veio para ser a sincera do programa, mas não com aquela sinceridade que quer aparecer, que quer causar polêmica, tipo Fernanda Young, Preta Gil (que já participou do programa) ou mesmo Luana Piovani, e sim uma sinceridade natural, honesta, de quem não quer tapar o sol com a peneira. Fora que a voz da mulher é muito boa de se ouvir! 2) Maitê Proença é forte candidata a tomar o lugar de Marisa Orth como a saia “na medida”: inteligente, mas sem ser metida a intelectual como a Márcia Tiburi, centrada, mas sem ser tão séria quanto a Mônica, enfim, mais próxima de uma pessoa inteligente normal. 3) Betty Lago continua sendo a saia dispensável, ponto. 4) Mônica Waldvogel continua mantendo seu posto de âncora e chefe do programa, merecidamente. 5) Iniciemos o movimento “Mandem a Márcia Tiburi à Lua”. Cara, não dá pra agüentar aquela mulher com seu ar intelectualóide, querendo esfregar seu diploma de Filosofia na cara de todo mundo. No meio de uma discussão super séria (assim, mais ou menos, porque sempre rolam umas boas piadas), a mulher me vem explicar, etimologicamente, o sentido da palavra preconceito usada por outra integrante do programa antes de dar sua opinião. Pô! Não bastava dizer: “não, isso não é preconceito porque é uma opinião que vai se formando conforme a situação acontece”? Não! Ela tinha que mandar o seu “preconceito é um pré-conceito, é um conceito que se forma antes de ter conhecimento da situação, e nesse caso...”. Sinto muito, Márcia Tiburi, mas, comigo, você continua sem vez (ainda tenho pesadelos com a teoria dela de que mulheres pobres são gordas para ocupar mais espaço na sociedade, no sentido físico, mas almejando que seja no sentido de poder). É, parece que o Saia Justa acabou de ganhar uma sobrevida comigo. Destaque para a definição da Maitê Proença de pessoa boazinha. Parafraseando, ela disse que a pessoa boazinha é aquela altamente carente de amor próprio e que precisa sempre ser legal com os outros para receber a confirmação de que ela é uma boa pessoa. A pessoa verdadeiramente boa, por princípio e por caráter, não tem essa necessidade de confirmação dos outros e não se sente obrigada a sempre agradar. Muito bom, hein, Maitê!

segunda-feira, 24 de julho de 2006

Tem coisas que só o Rio faz para você

Não, o título do post não se refere ao Cristo Redentor, nem ao Pão de Açúcar, nem ao Jardim Botânico, nem à praia de Ipanema ou a nenhum outro grande ponto turístico do Rio de Janeiro. A experiência que o Rio me proporcionou ontem foi a de quase pegar o mesmo elevador que a Kelly Key (para os desavisados, Kelly Key é a intérprete de novos clássicos da MPB, como “Cachorrinho”, “Adoleta” e “Baba, baby”). Estava eu no Shopping da Gávea para fazer um programa altamente cultural, ir ao teatro. Enquanto Patrícia e eu esperávamos o elevador no estacionamento do shopping center, quem me chega e fica a poucas pessoas de distância na fila? Kelly Key. O negócio foi que o elevador ficou lotado e ela e seus “miguxos” não puderam descer conosco. Eu ainda a vi descer do outro elevador quando estava em frente ao teatro, mas não consegui partilhar da sua presença intelectualmente superior naquele espaço claustrofóbico do elevador. Ainda bem que ela é brasileira, pois o que lhe falta de cérebro, lhe sobra de bunda. E, aqui no Brasil, bunda já virou ganha-pão institucionalizado.

sexta-feira, 21 de julho de 2006

Como diria Dr. Frankstein: "IT'S ALIVE"

Os leitores de longa data devem ter estranhado eu não ter postado ontem, no dia do amigo, como sempre faço. Aliás, todo mundo deve estar estranhando eu não dar as caras por aqui há exatas duas semanas. O fato é, amados amigos leitores, que eu estava em meio a um negócio bacana chamado montagem de móveis projetados desde a semana passada. Para quem nunca passou pela experiência, eu recomendo: muito divertido (caso não tenha ficado claro nas entrelinhas, eu coloco nas linhas mesmo: estou sendo irônico)!! Eu inalei tanto pó de madeira serrada (lembrando sempre que meu acessório nasal é bem avantajado) que eu estava com medo de espirrar e cuspir um estrado de cama ou, quem sabe, um conjunto bem acabado de palitos de petiscos, aqueles que têm uns detalhes entalhados na ponta. Mas, como diria a filósofa Gloria Gaynor, I will survive. Depois desse momento “Fala que eu te escuto”, passemos ao assunto daquele que seria o post de ontem, se eu não tivesse saído de casa 397 vezes. Todos sabem que amigos são algo extremamente importante na minha vida, algo que valorizo por demais (me deu uma vontade de escrever “por demais”, não sei por quê). Mas, ultimamente, tenho feito diferente do que fazia quando aderi ao Orkut (não vou nem mais me desculpar por voltar ao assunto do Orkut, vou adotar a filosofia do “post repetido: ame-o ou deixe-o”). Ao adentrar nesse mundo virtual de novas amizades, eu dava sim a todos os pedidos de autorização de ilustres desconhecidos para me adicionar como amigo. Agora eu só autorizo quem me apresenta uma boa razão para me adicionar, alguém que diga a que veio. Amizade é bom, mas nem todo tipo de amizade. É preciso ser seletivo. Só pelos recados que deixam dá para perceber que algumas pessoas têm outros objetivos diferentes do meu ao adicionar pessoas novas ao seu perfil no Orkut. Outra coisa que percebi estar crescendo na comunidade virtual de amigos é a quantidade de pessoas que estão apagando todos os seus recados (ainda não me acostumei direito a esse negócio de chamar scrap de recado, é a força do pioneirismo), coisa que faço há algum tempo. No meu caso foi mais por uma questão de segurança, sei que há quadrilhas investigando os hábitos e a vida das pessoas através de seus perfis no Orkut, mas muitos apagam seus recados para não terem sua vida investigada pelos amigos e, principalmente, pelos não tão amigos. Ué, mas o intuito do Orkut não é fazer você aumentar seu círculo de amizades e deixar mais pessoas fazerem parte de sua vida? Pelo menos, eu penso assim. É, mas o problema aqui é o mesmo de qualquer outra área de nossa vida: limite. Tudo tem seu limite, até as coisas boas. Ou melhor, principalmente elas, pois coisas boas sem limitações acabam se tornando mais nocivas do que as coisas ruins. Enfim, apesar desse momento reflexivo, continuo dizendo que amo demais todos os meus amigos e sempre me esforço para guardar os melhores momentos que passamos juntos, especialmente com aqueles com quem não mantemos contato há um bom tempo, mas não deixaram de ser amigos simplesmente porque nos afastamos por forças do destino. Acho que é sempre bom lembrar isso: amizade não é inversamente proporcional à distância que separa as pessoas.

sexta-feira, 7 de julho de 2006

Mande notícias do mundo de lá

Ontem o meu “lembrador” de aniversários do Orkut trabalhou bastante. Era tanta gente fazendo aniversário que eu começo a pensar que há algo de afrodisíaco no mês de setembro que faz os casais conceberem tantos rebentos nesse mês (para quem não é bom de matemática: setembro + 9 meses = junho). Mas não é sobre isso que quero falar. É sobre o tal lembrador de aniversários e os conseqüentes scraps e e-mails de aniversário. Se a era do e-mail já havia acabado com formas mais elaboradas de se parabenizar os aniversariantes, o tal do Orkut aboliu de vez todas. É um tal de neguinho mandando scrap de aniversário pra todo mundo e nada mais. Foi-se o tempo dos cartões (nada de cartão virtual, que eu abomino e nunca abri um sequer por causa de vírus), das cartas, até mesmo de um mero telefonema. É um scrap e dê-se por satisfeito. Não sou dado a saudosismos e sou totalmente adicto de qualquer forma de tecnologia, mas que a época da tal da carta enviada pelos Correios era bem mais emocionante, isso era. A gente se sentava, escrevia uma página inteira ou mais de notícias relevantes do lado de cá ou da mais pura abobrinha e enviava para o lado de lá. Aí havia a ansiedade pela resposta da carta, a emoção de abrir o envelope, enfim, todo o processo. Tudo bem que não podíamos nos corresponder com tantas pessoas nem com a freqüência que o e-mail permite, mas quantidade nunca foi sinônimo de qualidade. E falando em quantidade, eu mesmo sou uma das pessoas que não têm a menor paciência para e-mails quilométricos, quer seja para ler ou para escrever. É muito incômodo esse negócio de ficar pregado na cadeira do computador, redigindo ou lendo um texto imenso no computador (opa, Tiago, tá querendo acabar com teu próprio negócio? Escrevendo num blog que é chato ficar lendo coisas na tela do computador? Endoidou?). Enfim, só quero dizer que as antigas cartas eram bem mais divertidas e exigiam uma atenção maior de ambas as partes, o que criava um laço mais forte entre remetente e destinatário, vocês não acham?

domingo, 2 de julho de 2006

Ninguém trouxe a sexta estrela pra cá

É, não foi dessa vez. O Brasil está fora da Copa. Mas a eliminação do Brasil trouxe uma dúvida persistente e martelante à minha cabeça: quem seria a sexta estrela da campanha da Brahma? Eu nem tinha ocupado meus neurônios com conjecturas a esse respeito. Pra falar a verdade, eu nem achei que a tal campanha teria uma continuação pós-Copa, com a apresentação da dita sexta estrela. Mas depois da derrota brasileira ontem eu vi o comercial do Zeca Pagodinho fazendo malabarismos à la Ronaldinho Gaúcho com a bola e um sinal de “fica para a próxima”. Se eles tinham um comercial preparado para a derrota, haviam de ter um para a vitória. Logo, a nova estrela seria apresentada. Quem seria, então, esse ser misterioso? Analisemos. A campanha mostrava cinco estrelas da música brasileira: Zeca Pagodinho, Sandra de Sá, Toni Garrido, Cláudia Leite e Latino. Zeca Pagodinho é o representante da Música – mais – Popular Brasileira, o samba/pagode. Sandra de Sá é a personificação do que seria a Música Pra-gingar Brasileira, a versão tupiniquim da Soul Music. Toni Garrido seria uma mistura da Música Pop Brasileira e da Música Pra-dançar-levantando-os-pés-do-chão-e-olhando-a-sola-da-chinela-com-os-dreads-no-cabelo Brasileira, Pop e Reggae numa fusão bem Cidade Negra. Cláudia Leite é a mais pura representante da Música Pra-pular Brasileira, o axé baiano. E Latino seria o espécime da Música Por-classificar Brasileira (sério, se alguém aí conseguir definir o que diabos o Latino canta ou o que dá para fazer ao ouvir suas belas melodias que não seja sentir ânsias de vômito, por favor, me avise). O que falta nessa mistura? Talvez falte alguém da Música Pra-cantar-gemendo-na-porteira-de-uma-fazenda-em-Goiânia Brasileira e meter um Daniel ou um Leonardo (duplas sertanejas estariam eliminadas por uma questão simplesmente matemática: cinco estrelas + uma dupla sertaneja = sete estrelas). Quem sabe um representante da legítima Música Pra-roer Brasileira e tascar um Reginaldo Rossi, um Wando ou qualquer outro cantor brega de mais alto gabarito. Mas, se vocês querem saber, a minha aposta seria no mais novo fenômeno da música nacional! Eu acho que a sexta estrela seria ninguém menos do que... JOELMA DO CALYPSO!!! Já pensaram que sucesso? Joelma pinotando no palco da Brahma com suas botas salto 28, dando aquelas gemidas roucas nos refrões das músicas e tome cavalo manco no juízo!! O negócio agora vai ser esperar até 2010 e ver se a Brahma vai repetir a campanha e se o Brasil não vai amarelar!

quarta-feira, 28 de junho de 2006

Má educação (não, não é o filme do Almodóvar)

Dei um tempo nos estudos e nas 872.495 providências da mudança que ainda me castigam para descontrair e escrever um ameno post. E lá vem ele, o assunto de 4 a cada 10 posts (atenção, essa estatística não é oficial) desse blog que vos fala: o Orkut. Como se eu já não tivesse problemas suficientes na minha vida, agora ainda tenho que ficar me preocupando com o excesso de simpatia e educação das pessoas para comigo. Agora é um tal de gente que eu nunca vi na vida deixando desejos de boa semana, bom fim de semana, bom dia, boa noite, bom dia do padroeiro dos fazedores de pavio de vela na minha página de recados quase diariamente. Eu não tenho tempo nem paciência para ficar respondendo cada mensagem dessas, por mais educadas e simpáticas que sejam. “Não responde, então, fica na sua”, vocês podem sugerir. Afinal, são pessoas que eu nem conheço. O problema é que eu tenho uma compulsão séria por querer agradar a todos e ser bem quisto. Quando vou apagar o bom recado alheio, eu fico pensando: “E se essa pessoa sair contando para os amigos que eu sou o maior otário, grosseiro, mal educado da paróquia?” e já começo a me preocupar com a minha imagem, por mais que eu não faça idéia de quem sejam os amigos da pessoa. Pode parecer frescura, mas é um conflito interno que vem me afligindo. Mas, por enquanto, eu estou seguindo a tática de não responder aos recados, pois eu tenho medo de responder a um, abrir o chakra e me sentir obrigado a sair respondendo a todos. Pensando bem, isso não parece o tipo de preocupação de quem tem muito o que fazer. Acho que esse Orkut está tumultuando a minha vida.

domingo, 25 de junho de 2006

Carregando, e cantando, e seguindo a canção

Vocês sabem por que o diabo e os outros habitantes não se mandam do inferno, mesmo lá sendo ruim como é? Para não ter que fazer mudança!!! Ontem eu me mudei. E olhem que me mudei para perto de onde eu morava antes, o que não quer dizer que seja uma coisa boa, mudancisticamente falando, pois assim você ainda se vê tendo que carregar coisas a pé, como fiz ontem à noite. Nove horas da noite e eu lá, corno como eu só, carregando sacolas e troços de um apartamento pro outro, itens de primeira necessidade que haviam ficado lá. Só sei que ao fim do dia eu estava morto, acabado, destruído, destroçado (já deu pra pegar a idéia, né?). Falei até para Patrícia (noiva de Adriano) que minhas pernas doíam como se eu tivesse passado o dia malhando as coitadas. E falando em malhar e em mudança, eu quero só dizer que meu quase 1 ano de academia foi totalmente humilhado ontem. Estava eu à porta do elevador da garagem, orientando os carregadores da mudança sobre o que viria para o meu apartamento e o que iria para o de Adriano, que está morando em outro apartamento neste mesmo prédio. De repente, lá vem um senhor que, claramente, já passou dos seus cinqüenta anos, careca e barrigudo, trazendo a TV de 21 polegadas de Adriano no ombro, como se estivesse carregando uma lata de Nescau vazia. Vergonha total!! Mas prefiro me consolar dizendo a mim mesmo que é tudo uma questão de know-how.

sábado, 10 de junho de 2006

Don't worry be happy

Vocês já tiveram aquele momento de clareza mental e, por que não dizer, espiritual de se dar conta de que nós escolhemos como vamos levar a vida e encarar as coisas? Nós que decidimos se vamos ver os fatos e os problemas com uma perspectiva mais realista ou até mesmo otimista ou se vamos fazer uma tempestade em copo dágua. Não é nem questão de fazer o jogo do contente – já confessei inúmeras vezes meu lado Poliana neste dito cujo blog que vos “fala”. É questão de realizar o que conseguiremos de bom, que solução trará fazer um escarcéu e ficar se maldizendo. Não, eu não tive um momento epifânico de iluminação divina recentemente, nem passei por uma experiência de quase morte, graças a Deus (como no excelente episódio de Grey’s Anatomy desta semana – quem não assiste a essa série não sabe o que está perdendo). Eu cheguei a essa conclusão mês passado, quando estava no aeroporto Tom Jobim – Galeão para os íntimos. Quando estava no aeroporto de Fortaleza, voltando da minha visita relâmpago de 3 dias à base de passagens Gol a R$ 50,00, meus pais ligaram para o meu celular para saber se eu já estava lá. Como era muito cedo – o vôo saía às 06:50 h –, eu pedi a eles que ligassem mais tarde para o meu irmão avisando que o meu avião chegaria às 10:00 h ao Rio. Quando desembarquei, vi que Jonas não havia chegado ao aeroporto. Liguei para ele e descobri que ele ainda estava em casa. Combinamos que eu ficaria ali mesmo, esperando-o chegar, pois sai muito caro vir de táxi do aeroporto. Quando desliguei o celular, fiquei pensando que eu poderia reclamar horrores quando ele chegasse, brigar com meus pais por não terem dito para ele estar no aeroporto às 10:00 h ou brigar com ele por não ter ido no horário combinado (àquela altura, eu não sabia de quem era a culpa pelo atraso). Mas parei e pensei: o que vou conseguir com isso? Brigar não faria o tempo voltar e eu não ter que esperar meia hora na frente no portão de desembarque, só faria eu brigar com meu irmão e meus pais e ficar um clima chatíssimo por um bom tempo. E pensei ainda mais: o que é meia horinha de espera? Não dá para matar ninguém. Para que aumentar a proporção do problema? É, eu sei, post altamente cabeça. Mas eu senti que precisava compartilhar esse momento “Minutos de sabedoria” com vocês, mesmo com quase 1 mês de atraso.

segunda-feira, 29 de maio de 2006

Uma mão lava a outra

Falemos de um problema que assola nossa sociedade, algo que causa transtorno em nosso dia-a-dia: o sabonete Frankstein. Elucidarei. Pegamos um sabonete novo e o usamos para tomar banho até que ele chegue àquela espessura que você não consegue segurar para passar o sabonete no corpo. E o que fazemos com aquele resto de sabonete? Colocamos na pia para lavarmos as mãos após o uso do sanitário. Geralmente coexistem na saboneteira vários restos de sabonete, o que gera o desconforto de, ao lavarmos as mãos com aquele amontoado de cotocos ensaboados, ficarem escapando pedaços pelos cantos das mãos. Então nós temos que sair juntando os pedacinhos, pois é necessário juntar todos eles para conseguir ensaboar decentemente as mãos. O pior é quando algum deles cai no ralo da pia. Aí vamos tentar pegá-lo e, se ele estiver muito mole, o dito cujo fica se esbagaçando e tapando o ralo. Para evitar esse tipo de problema, o que muita gente faz? Pega todos os pedacinhos, junta-os e os aperta bem, para formar um sabonete feito de restos de outros. O sabonete Frankstein. Existe coisa mais “da mundiça” do que o sabonete Frankstein? Mas quem nunca fez um que atire o primeiro Dove!

quinta-feira, 18 de maio de 2006

Salvemos o Brasil

Não vou nem tentar adjetivar a onda de violência que varreu o Brasil na última semana, pois “lamentável”, “assustadora” e “preocupante” não dão conta de qualificar o bastante essa degradação total dos direitos civis básicos da sociedade brasileira. Quanto mais eu assistia aos telejornais e via o que estava acontecendo, mais chocado eu ficava. Agora, apesar de alguns ônibus ainda terem sido queimados nas últimas 12 horas e a polícia de São Paulo ter parado um carro com 4 bananas de dinamite esta manhã, as coisas começam a voltar o normal, como os noticiários tanto divulgam. Os ônibus voltam a circular, o comércio volta a abrir as portas, escolas e faculdades voltam a dar aulas, os conhecidos engarrafamentos voltam às ruas de São Paulo. E o que fica é a grande questão: o que fazer? Ao ver os senadores aprovarem em um único dia 11 medidas de segurança para tentar dificultar a organização das redes criminosas dos presídios até cheguei a pensar que os políticos brasileiros ainda são capazes de se mobilizar e fazer algo em prol do nosso povo, para quem e por quem eles deveriam sempre trabalhar, embora a mera aprovação dessas medidas não signifique que elas vão funcionar e surtir os efeitos esperados. Contudo, nossos estimados políticos parecem já ter voltado ao seu hábitat natural: um jogo de empurra das responsabilidades e culpas e a inútil e infrutífera briga entre governo e oposição. Voltamos ao velho problema deste país. O objetivo dos governantes parece não ser o de servir ao Brasil e aos seus cidadãos, que os elegeram, mas, sim, o de fazer seu partido aparecer mais aos olhos da população do que o partido da oposição. O jogo político brasileiro não tem o objetivo de construir um país, e sim o de construir legendas partidárias (que, no fim das contas, não possuem consistência nenhuma). E não são apenas os políticos que padecem dessa fraqueza de caráter de pensar em si ou em sua categoria. Já vi e revi o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Rogério Busato dando uma declaração às redes de TV se dizendo contra a medida aprovada pelo Senado que obriga os advogados dos presos a passarem por revistas ao entrarem nos presídios. Ao justificar sua posição, além de cometer um erro crasso de português, o presidente desqualificou o próprio argumento: disse que a maioria dos advogados não ferem (aqui está o erro, pois o correto seria fere) os princípios éticos da profissão. Ao falar em maioria, o presidente da OAB reconheceu a existência de uma minoria, o que mais do que justifica a revista de todos que entram nos presídios. Ao dar tal declaração, Busato só me passou a mensagem de que não se pode mexer nos brios dos advogados. Parece que tal classe não é digna de desconfiança e não merece passar por revista. Já chega de sentimentos descabidos de superioridade, seja de advogados, políticos ou de qualquer outra classe. Precisamos é de união, de formar parcerias para vencer todos os problemas que assolam nossa sociedade, e eles são muitos. Dizer que todos os políticos são iguais e se desinteressar completamente da política não vai resolver o problema. Dizer-se interessado, votar com certo grau de atenção e depois não cobrar a correta atuação dos candidatos também não vai resolver o problema. Ficar sentado no conforto do seu lar apenas escrevendo posts indignados tampouco vai trazer uma solução. Temos que fiscalizar, cobrar, exigir. Necessitamos de uma sociedade civil organizada, unida. Não é deixando tudo na mão dos políticos que as coisas vão se resolver. Chegou a hora de a sociedade brasileira sair desse estado de letargia e fazer algo em seu próprio benefício. Chega de assistirmos, diariamente, ao desrespeito completo da Constituição, que deveria ser a carta de princípios, direitos e deveres básicos do país. Não é com medidas emergenciais e paliativas que resolveremos o problema, pois a questão da segurança pública possui causas e raízes muito mais profundas. É preciso investir em educação, em saúde, em habitação. É necessário dar condições de vida aos cidadãos brasileiros para que eles não se sintam tão atraídos pelo mundo do crime. E só no momento em que a sociedade se organizar e exigir que os governos, tanto municipais quanto estaduais e federal, deixem de lado suas picuinhas e mesquinharias e comecem a trabalhar pelo país é que veremos algo mudar. Não é problema de falta de recursos, como alguns secretários de segurança insinuaram, pois a carga tributária no Brasil já está em quase 40% do PIB. O que falta é vontade política, o que falta é cidadania, o que falta é união da sociedade, e o que sobra é corrupção.

segunda-feira, 15 de maio de 2006

Não sou pobre, sou fitness

Viagem feita, estou eu aqui de volta à cidade maravilhosa. Na verdade, o post de ontem já foi escrito em terras cariocas, mas a ocasião merecia exclusividade e eu não falei em viagem. Ir a Fortaleza sempre é bom, o problema foi o tempo curto que não me permitiu fazer tudo o que eu queria nem rever todas as pessoas queridas. E para não deixar de ser Poliana, eu me consolo dizendo que assim é bom porque fica um gostinho de “próxima vez”. E o “causo” da viagem que eu vou contar hoje já nasceu com o adesivo “Post do Enquanto Isso, na Sala de Justiça” colado na testa. Pouco depois que cheguei à casa da minha madrinha, minha amiga/irmã Ledíssima apareceu e ficamos conversando e matando as saudades. Mais tarde, quando fui deixá-la em casa, Leda soltou a pérola. Fui deixá-la dirigindo o carro da minha madrinha, que é automático. Não sei como o assunto se iniciou, só sei que Leda Maria, com sua cabecinha prodigiosa para besteiras, bobagens e afins, começou a dissertar sobre as vantagens do carro manual: a necessidade de ficar movimentando o braço (sem falar no pé esquerdo) para mudar as marchas é muito mais saudável e gasta muito mais calorias. Aí fomos desenvolvendo o assunto e chegamos à conclusão de que o mesmo princípio vale para as janelas: o exercício de ficar rodando a manivela de subir e abaixar os vidros é muito mais salutar. Direção hidráulica é meio passo para braços flácidos e fracos. Quatro portas? Nem pensar! Só se for para perder a chance de fazer bons abdominais ao ficar se curvando para frente ao afastar o banco para deixar os passageiros entrarem no carro e saírem dele. Trava elétrica só serve para perder toda a flexibilidade: o alongamento que se faz para puxar o pino da porta do passageiro é essencial! E carro sem ar-condicionado é a oportunidade ideal de fazer uma saunazinha e perder uns quilinhos. Pronto! Já estava mais do que justificado o porquê de o carro que a Leda comprará um dia ser manual, com duas portas apenas, sem vidros e travas elétricas, sem direção hidráulica e sem ar-condicionado. Numa época em que todo mundo só pensa em fazer academia, malhar, cuidar do corpo, eu disse à Leda: “É isso mesmo! E, se eu fosse você, eu mandaria fazer um adesivo para colar no carro dizendo assim: Não sou pobre, sou fitness!”.

segunda-feira, 8 de maio de 2006

Ninguém cozinha como eu cozinho

A primeira que vier me falar de emancipação feminina, de dupla jornada de trabalho vai ser limada da minha lista de amizades. Quero só dizer que ontem, em pleno domingão, houve um almoço aqui em casa. Os participantes? 5 homens. E quem preparou o almoço, perguntam vocês. Nós mesmos! Na verdade, dois deles só foram ao supermercado comprar outra picanha e o resto dos ingredientes que faltavam, mas Poli, Jonas e eu preparamos todo o almoço. Eu descasquei todas as batatas, cortei parte delas e os tomates e o pimentão para a salada; Jonas cortou a outra parte das batatas e cuidou do resto da salada; e Poli, nosso amigo gaúcho e churrasqueiro de plantão, cuidou da picanha. Ah! Faltei com a verdade (“faltei com a verdade” é tão mais bonito do que “menti”, vocês não acham?)! Um dos outros dois que foram ao supermercado cuidou do arroz! E o coitado veio só passar o fim de semana pra fazer o concurso da Petrobras. Gustavo, nosso vizinho, só fez mesmo ir ao supermercado e encher a pança quando a comida ficou pronta. Porém, justiça seja feita, ele teve uma participação importantíssima depois do almoço: foi na máquina de lavar louça dele que boa parte da louça suja foi lavada. Sim, porque passar a tarde do domingo com o bucho no fogão é uma coisa, mas ficar pregado numa pia depois já é demais!!

quarta-feira, 3 de maio de 2006

Melhor ou pior?

Dia desses passou na TV uma reportagem sobre o julgamento de Pimenta Neves, o jornalista que assassinou (frise-se: ASSASSINOU) sua ex-namorada Sandra Gomide em 2000. Não vou entrar no mérito da falha do sistema judicial brasileiro, que permite que tal indivíduo esteja solto até hoje sem julgamento, já estou ficando cansado de tanto reclamar do que está errado neste país. Quero comentar o que ouvi o repórter dizer, que a defesa iria alegar “crime de amor” (crime passional). Em primeiro lugar, não me entra na cabeça dizer que alguém matou outra pessoa por amá-la demais. Amor não mata, não fere propositalmente, não faz mal. Se um namoro problemático, cheio de brigas e crises, já não é amor a meu ver (pode ser uma relação carnal, um acordo implícito entre um dependente crônico e um controlador compulsivo, qualquer coisa, menos amor), imagine uma relação que acaba em morte. A segunda coisa que me espanta é considerar um crime passional mais brando e, por conseguinte, o criminoso menos perigoso. Não estou querendo dizer que o criminoso que premedita seu ato de barbárie é menos perigoso, de jeito nenhum, mas o criminoso passional não é melhor do que ele. Pensem comigo: aquele que premedita sabe o que está fazendo, tomou a decisão racional de cometer aquele crime. Ao ser punido de maneira exemplar, ele aprende (ou, pelo menos, deveria aprender) que pode haver conseqüências graves para si se decidir cometer tal crime novamente, ou seja, há como ensinar um criminoso premeditado que ele não deve fazer aquilo novamente. Mas e um criminoso passional? Esse consiste em alguém que, no calor de uma discussão, no auge de suas emoções, não se controla e é capaz de fazer qualquer coisa. Ele não decide agir daquela forma, ele simplesmente age, sem raciocinar se deve ou não fazer aquilo. E aí fica a minha pergunta: como uma pessoa descontrolada pode ser considerada menos perigosa do que um criminoso calculista?

terça-feira, 2 de maio de 2006

Coisa de criança

Quando eu penso que já vi de tudo no mundo da política brasileira, me vem o Garotinho e me arma essa presepada (nem me atrevi a chamar de palhaçada para não insultar a distinta classe dos palhaços). Greve de fome? Tenha santa paciência! E pra que mesmo? Para protestar contra a perseguição que ele está sofrendo dos outros partidos e dos meios de comunicação? Coitadinho!! Aí ele exige que organismos internacionais monitorem o processo eleitoral brasileiro e que os meios de comunicação cedam espaço para que ele publique suas menti... quer dizer, suas réplicas. Ai, ai! E o pior é que o coitado escolheu uma época péssima para seu freak show. Com a nacionalização dos poços de petróleo e gás da Bolívia (esse, sim, um assunto sério – seriíssimo até), quero ver qual vai ser o destaque que um “político” desmiolado vai ter nas manchetes. A criatura não ajuda a gente, né? Já tem como sobrenome Garotinho e ainda toma atitudes como essa. É pedir pra que façam piada! Meu medo é o seguinte: o que ele vai fazer quando começar a ir mal (e ele há de ir) nas pesquisas de intenções de voto? Vai prender a respiração até ficar azul?

sábado, 15 de abril de 2006

Politicamente (in)correto

Vocês se lembram do tempo em que o politicamente correto não imperava? Eu me lembro. Aliás, acho que a minha geração foi, justamente, a que pegou a transição da “anarquia de declarações e opiniões” para os “comentários politicamente corretos”. Não me entendam mal, não sou totalmente contra essa onda de levar em conta TODAS as minorias, todas as pessoas, todos os sentimentos envolvidos ao se tecer um comentário, ao se escrever um livro, ao se realizar um filme, enfim, ao se expressar de qualquer forma, artisticamente ou não (mas o que seria se expressar artisticamente? E o que não seria? E o que é arte?? Xiii!!! Isso é muito complexo! É assunto para outro post – ou vários outros). Mas vocês não acham que muitas coisas eram bem mais engraçadas no tempo em que se podia ser politicamente incorreto? Tanto que, atualmente, o que consideramos engraçado é justamente o que rompe com o que é socialmente aceito de se dizer. South Park é um exemplo. Tudo bem, vocês têm todo o direito de não gostar de South Park, eu até conheço pessoas que, inacreditavelmente, não gostam desse desenho. Mas a grande graça da animação em questão são suas piadas politicamente incorretas. Algo muito divertido que foi tirado do ar pela onda do politicamente correto (e, nesse caso, literalmente político) foi o quadro da Sabrina Sato do Pânico na TV. O Ministério Público alterou o horário do programa e fez com que tirassem do ar o quadro “Lingeries em perigo”, que eu considerava muito engraçado (algumas vezes bem mais do que outras), porque ele apresentava cenas com mulheres semi-nuas (o quê?! Alguém ousou colocar mulheres semi-nuas na TV brasileira?! Que absurdo!!), simulações de mortes e outras coisas. Muito provavelmente, Sabrina e companhia também desfilavam de lingerie para ajudar a aumentar a audiência do programa às custas dos tarados de plantão, mas a grande sacada do quadro era justamente porque ele era uma crítica aos desfiles de lingerie de outros programas (da Luciana Gimenez inclusive, que é da mesma emissora do Pânico na TV), colocando mulheres de lingerie para fazer coisas nada a ver, pondo às claras que a exibição das buzanfas e peitanças era completamente apelativa. E implicar com as mortes da Marlene (a melhor do quadro, na minha humilde opinião) é como dizer que cenas em que os desenhos animados (os do meu tempo, que eram bons de verdade, não essa ruma de desenhos japoneses pasteurizados) jogam bigornas nas cabeças uns dos outros estimulam a violência nas crianças. Cresci assistindo a esses desenhos e nunca senti um desejo de jogar uma bigorna na cabeça de ninguém (pra falar a verdade, nunca nem vi uma bigorna). As mortes da Marlene, que eram uma idéia obviamente copiada das recorrentes mortes do personagem Kenny do supracitado South Park (ei, supracitado ficou bonito, não ficou?), eram um fechamento para o quadro no melhor estilo “filme trash classe B escorregando para Z”. A mulher foi morta por um coelho, um pato, uma chinchila. Ou seja, bichos completamente inofensivos. Tudo bem, ela também foi atropelada, queimada, esmagada por um motoqueiro que tinha, no mínimo, 180 kg e por um elevador de carro de oficina mecânica. Mas mesmo essas mortes mais elaboradas e passíveis de acontecer a qualquer ser humano (pensando se é possível uma pessoa morrer esmagada por um motoqueiro...) mantinham a estética classe B, com excesso de sangue cenográfico na cor groselha. “Mas isso pode mesmo impressionar criancinhas inocentes que assistem ao programa”, podem dizer alguns. Tenho minhas dúvidas. Em primeiro lugar, porque acho que não existem mais criancinhas inocentes hoje em dia. Acho um tanto impossível falar de inocência em tempos em que vemos meninas de 7 anos de idade desfilando com um shortinho da Carla Perez, um tamanquinho da Sheila, da Xuxa, da Sasha, da Sandy ou de qualquer outra e batom vermelho atochado nos beiços. Pra piorar a situação, ainda existem quadros como o “Talento mirim” (acho que é esse o nome, não tenho certeza porque nunca agüento assistir mais do que 30 segundos) do programa do Raul Gil, que fazem crianças cantarem e dançarem de forma extremamente erotizada. Aliás, eu acho que esse processo começou com “Qui cocê foi fazê no matu, Maria Chiquinha”, com os ainda infantes Sandy e Júnior. Todo mundo achava uma graça os dois cantando aquela musiquinha (e de fato era), mas vocês se lembram do fim da singela canção? Simplesmente o Genaro (eu-lírico do Júnior na dita cantiga) dizia que iria cortar a cabeça da Maria Chiquinha, mas que o resto do corpo ele iria aproveitar. O QUE É ISSO??? Uma forte conotação sexual, isso é o que é! Sempre me choquei com essa questão, mas nunca ouvi ninguém compartilhando dessa minha angústia. Enfim, se os tais quadros do Pânico na TV podem ou não afetar as crianças não tão inocentes de hoje, eu não sei. Só sei que havia muito mais graça na TV antigamente.

quarta-feira, 5 de abril de 2006

Caixinha de ilusões

Sabem aquela história de quem não quer admitir que estava assistindo a um certo programa na TV e manda um: “eu estava zapeando (ou sapeando, como neologizou o mestre da comunicação Sílvio Santos – tudo bem, ele pode) e vi no programa do Ratinho (peguei pesado também)...”? Comigo é verdade. Quando estou procurando algo para assistir nos meus momentos de descanso (geralmente, no fim da noite) eu vou mudando os canais e, às vezes, paro em algum programa de que não gosto. “Como assim?”, vocês podem se perguntar. Se eu não gosto do programa, por que deixo a TV sintonizada nele? Justamente para confirmar o porquê de eu não gostar. Sou da opinião que você deve assistir partes (por favor, só partes) de um programa de que você não goste para poder dizer por que você não gosta. Aliás, é um princípio para qualquer coisa na vida: pessoas, lugares, comidas, músicas. Você deve dar uma chance a algo antes de sair dizendo que não presta. É seguindo esse princípio que eu paro para assistir uns 5 minutos (no máximo) dos Superpops da vida, dos Shows do Tom (ressalva: havia algo que valia a pena no programa do Tom Cavalcante, o Big Brega Brasil, uma sátira ao Big Brother que foi ar concomitantemente ao programa da Globo e possuía momentos engrançadíssimos graças aos talentos humorísticos de Tiririca e Shaolim), dos Sabadaços. O único programa que não merece essa segunda (ou terceira, ou quarta, ou quinta...) chance é o Domingo Legal. Gugu é uma das criaturas mais abomináveis da televisão brasileira e deveria ser execrado, banido, exilado, deportado. E foi seguindo esse princípio que eu confirmei o porquê de eu não gostar mais do Saia Justa, programa do GNT, desde que ele foi reformulado e saíram Marisa Orth (a melhor do programa), Marina Lima (nem boa, nem ruim, apenas cumpria seu papel de ocupar o espaço deixado por Rita Lee, que apimentava o programa com sua irreverência e atitude roqueira) e Fernanda Young (apesar de sua rebeldia sem causa, eu gostava dela) e entraram Luana Piovani, Bety Lago e Márcia Tiburi, permanecendo apenas a sempre competente Mônica Waldvogel. De compromisso certo às quartas o programa passou a ser digno apenas das minhas passadelas de controle remoto em mão. Semana passada peguei uma discussão já engatada pelas apresentadoras sobre ser ou não ser gordo, eis a questão. Começaram com a constatação politicamente correta e óbvia de que é errado fazer piadas e comentários jocosos sobre gordos, mas que todos nós fazemos. Até aí tudo bem. É óbvio, mas é sempre bom ver as pessoas praticando a sinceridade em cadeia nacional. O problema foi quando a “filósofa” (ela é formada em Filosofia mesmo, coloquei entre aspas porque, pra mim, a filosofia dela é uma negação) Márcia Tiburi veio com sua tese de que ser gordo tem a ver com ter mais espaço, logo ter mais poder, e por isso muitas mulheres de classes baixas são gordas, para poderem ter mais espaço na sociedade. Aí não deu! Mudei de canal com a convicção de que vai demorar um bocado para eu dar outra chance ao programa.

sexta-feira, 17 de março de 2006

Carioca way of life

Clichê super-ultra-over-mega batido (sim, eu sei que todo clichê é batido, mas eu quis ser redundante mesmo, dá licença?): o tempo passa muito rápido! Hoje faz um ano que cheguei ao Rio de Janeiro. A mudança mais drástica que já aconteceu na minha vida (espacialmente falando, pois, em se tratando de questões psicológicas e emocionais, a mudança dos meus pais para João Pessoa foi bem mais signifcativa) completa um ano. E para não tornar este post algo muito introspectivo e cheio de questionamentos existenciais, resolvi unir a data especial com uma idéia que eu venho tendo há algum tempo e fazer um tratado das minhas observações sócio-antropológicas sobre as diferenças culturais entre cariocas e cearenses e paraibanos (aos novos convivas virtuais: eu sou cearense e morei em João Pessoa, aonde vou com certa freqüência visitar um pessoal que eu costumo chamar de família). Aos cariocas que possam ler minhas singelas observações quero adiantar que elas não possuem caráter crítico ou de desdém, simplesmente refletem a diferença observada por um agente externo que veio parar na cidade maravilhosa. Sem mais delongas, vamos aos pontos:
- O primeiro hábito carioca que me chamou atenção foi o de levar crianças já crescidas em carrinhos de bebê. É comum e corriqueiro: você vem andando pela calçada e de lá desponta uma mãe, um pai, uma babá ou uma avó empurrando uma criança que já aprendeu a andar há um bom tempo num carrinho de bebê. A explicação? Ela me falta. Talvez as crianças daqui sejam mais encapetadas do que as da banda nordeste do Brasil e socá-las dentro de um carrinho é a maneira encontrada pelos pais cariocas de controlar melhor as pestinhas. Só sei que é um hábito bem diferente do que estou acostumado.
- Qual é a bebida que não pode faltar em nenhum estabelecimento carioca? Acertou quem chutou Matte. Os moradores da capital fluminense são loucos por essa bebida que eu já conhecia, mas nunca tinha visto alguém tomar com tanta freqüência lá nas minhas origens. Mas um copo de Matte bem feito, como o que mamãe fazia quando estava aqui, com gelo e limão batidos no liquidificador, é bom mesmo!
- Sabem aquele negócio genericamente chamado de peta aí no Ceará e que se compra em qualquer supermercado, birosca ou cantina de faculdade (era o sucesso da cantina do prédio da Comunicação Social da UFC)? Aqui no Rio ela tem marca e lugar certo para ser comprada e comida. Faz pouco tempo que provei o famoso biscoito Globo de que eu tanto já tinha ouvido falar. É um biscoito de polvilho (ou seja, peta) vendido nas praias cariocas por ambulantes que passam anunciando “Biscoito ‘Grobo’!!” (ambulante que se preze tem que trocar o L pelo R) e é pedida obrigatória do bom carioca que vai à praia no fim de semana.
- Falando em praia, esse é outro fenômeno daqui. Olhem que eu já morei em duas capitais nordestinas que são procuradas por turistas justamente por causa de suas praias, mas nunca vi uma vontade de ir à praia como vejo por aqui. É impressionante! Na quarta-feira você já ouve as pessoas comentando sobre a praia que querem pegar no fim de semana. E, num fim de semana de sol, é batata: praia lotada!! Mas é absurdamente lotada, tipo “mó xêi de gente”, “crowdiado” mesmo, entupigaitado (já chega ou ainda não consegui passar a idéia de quão lotada a praia fica?)!! Mas eu já tenho o teoria do porquê dessa corrida à praia num fim de semana de sol que foi prontamente ratificada pelo meu irmão: é porque aqui é muito difícil haver um fim de semana de sol! Pessoal, é uma coisa absurda: o sol torra o nosso juízo de segunda a quinta; quando chega a sexta, o tempo já fica meio nublado; sábado e domingo, aí é nuvem na certa, quem sabe até com uma boa chuva para acompanhar. E, na segunda-feira, o sol volta com tudo! Fora que é na praia que o carioca põe em prática as duas últimas manias acima citadas, tomar Matte e comer biscoito “Grobo”!
- Ainda na categoria clima, é incrível como muitos cariocas sacam seus moletons e casacos do armário ao primeiro sinal de chuva! Meu irmão comentou sobre isso assim que cheguei ao Rio, mas eu não imaginava que fosse algo tão perceptível. Caiu uma gotinha d’água de manhã? Pode se preparar para ver alguém com moletom a tira-colo no decorrer do dia, quando não vestido. E isso mesmo sendo uma chuva de verão, aquela acompanhada de calor antes, durante e depois!
- Se você for convidado para um churrasco ou algum outro compromisso social enquanto estiver no Rio e resolver honrar a sua pontualidade britânica, prepare-se para não encontrar nenhum convidado ao chegar ao evento. Aqui é de praxe as pessoas atrasarem 2, 3 horas. Então fica o aviso: se passar pelo Rio, for convidado a alguma festa e quiser chegar adiantado, 1 hora de atraso é o mínimo recomendado.
- Eu disse que não haveria conteúdo crítico nas minhas observações, mas há um pouco de crítica nesses dois últimos quesitos. Contudo quero deixar claro que são críticas pelo fato em si, e não porque se referem aos cariocas em particular. São atos não bacanas em qualquer pessoa, de onde quer que ela seja. O primeiro é a mania de chamar todo nordestino de Paraíba (como se o Nordeste fosse composto de um único estado) e achar que as pessoas de todo o Nordeste possuem o mesmo sotaque. Quanto ao sotaque, acho que devemos dar um desconto pela maléfica influência das novelas da Globo que são ambientadas no Nordeste. Fortaleza, interior do Ceará, Bahia, Pernambuco, não importa: se a novela for ambientada no Nordeste, os personagens falarão com aquele sotaque pasteurizado que é uma mistura do sotaque baiano com o pernambucano, resvalando no carioquês. Fica aqui a lição: nem todos os estados do Nordeste possuem o mesmo sotaque!
- A segunda crítica vai para o péssimo atendimento dos prestadores de serviço cariocas, de todos os ramos. Quando aqui cheguei eu já ouvia meu irmão e os amigos dele que também não são cariocas reclamando do “padrão Rio de atendimento”. E é verdade! Para vocês não pensarem que é perseguição da minha parte, houve até uma discussão sobre isso na FGV entre o professor e os alunos que haviam chegado mais cedo, todos falando (inclusive o professor, que é do Rio) da péssima qualidade do atendimento dos serviços cariocas. Jonas e eu até criamos um código: esticamos o braço com a mão espalmada para a frente e movemos o braço em círculos. Isso simboliza nós esfregando o dinheiro na cara das empresas e elas perdendo o cliente por não saberem atender.

Além de todas essas observações sócio-antropológicas, quero dizer que estou muito satisfeito com esse meu um ano de Rio de Janeiro: a cidade é mesmo linda, eu fui muito bem recebido até agora e conheci várias pessoas maravilhosas que já figuram no meu rol de amigos inesquecíveis!

segunda-feira, 13 de março de 2006

Sem noção gramatical

Eu acho que noção deveria ser vendida em supermercado ou em padaria. A pessoa chegaria lá e pediria: “Me vê trezentos gramas de noção”, ou “Eu queria meio quilo de noção, mas cortado bem fininho”. O problema seria dimensionar os estoques para atender a todos, porque existe um pessoal que iria precisar comprar no atacado. Assim, coisa de tonelada! Sábado eu fui buscar o encarte do meu CD do The Gift com o Vinícius, um amigo que fiz na comunidade da banda no Orkut. Ele estava trabalhando numa exposição sobre música eletrônica que acontecia no Centro Cultural Telemar, próximo ao largo do Machado. Já que eu fui até lá, aproveitei para dar uma conferida na exposição. Enquanto eu esperava meu iPod (chique, bem!!) para ouvir os diferentes tipos de ritmos e batidas, fiquei lendo os textos explicando cada variação da música eletrônica. Sabem aqueles textos formados por letras adesivadas nas paredes da sala de exposição? Pois é. Logo no primeiro texto, percebi que alguém havia riscado com caneta um acento indicativo de crase de uma frase: “... que deu início À cultura dos clubes...”. Eu fiquei duplamente horrorizado: em primeiro lugar, porque corrigiram algo que não estava errado (como “dar início” pede a preposição a – se dá início A algo – e cultura é uma palavra feminina que aceita o artigo a, ocorre a crase – fusão das duas letras – e o seu acento indicativo é obrigatório) e, em segundo, porque riscaram a parede de uma exposição. Até aí eu consegui segurar a minha ânsia de pretenso professor de português e perfeccionista e segui lendo os outros textos. Quando eu estava ocupado na minha leitura, percebi uma senhora mais à frente sacando uma caneta e riscando a parede! Descobri!! Foi ela!! Obviamente, esperei que a dita madame saísse para ir ver qual teria sido a nova “correção”. Outro choque: ela colocou um acento agudo em “ritmo”. Para quem ficou perdido e não imagina onde caberia um acento agudo nessa palavra, foi no “i” mesmo que ela tascou o acento. Aí foi demais para mim! Voltei ao balcão de entrada para saber se aquela senhora fazia parte da organização da exposição, mas, ao lá chegar, o Vinícius e o restante do pessoal já estava comentando sobre a psicopata da caneta. Ou seja, não só ela estava fazendo correções que não existiam nos textos, como também se achou no direito de puxar uma caneta e riscar as instalações de uma exposição sem pedir licença. Se ela fizesse parte da produção, eu iria, educadamente, dizer que ela estava corrigindo os textos de maneira errada. Como eu descobri que se tratava de uma véa doida e sem noção, aproveitei para malhá-la juntamente com o pessoal do evento. Mas não parou por aí! Em meio à nossa discreta execração da professora de português do Mobral frustrada, descobri que ela tinha corrigido mais coisas do outro lado da parede, na parte de fora da sala de exposição. De fato, a senhora tinha algo contra acentos de crase no lugar certo. Ela cortou o acento de “... cresci assistindo À evolução dos videogames...”. Tudo bem que o verbo assistir pode ser transitivo direto, mas apenas quando significa prestar assistência, e, no caso, estava claro que significava ver, testemunhar, o que o torna transitivo indireto, pedindo a preposição a. Mais abaixo no mesmo texto, nossa futura escritora de gramáticas deixou passar um erro que o Vinícius já tinha percebido: “... cada movimento implicava em um resultado sonoro...”. Implicar é transitivo direto: uma coisa implica outra, não em outra. Ironicamente, se fosse uma prova, a autoproclamada professora de português tiraria nota zero: 4 erros em 4 questões

sexta-feira, 3 de março de 2006

Varrendo as cinzas

Fechando a conta e passando a régua, vejamos o que sobrou do carnaval. No sábado, fui ao Cordão da Bola Preta com meu irmão. Lá (no centro da cidade) encontramos vários amigos cearenses extraviados no carnaval carioca, incluindo a Lana, que é cearense, mas trabalha e mora aqui no Rio. Aliás, uma das cenas mais impagáveis do carnaval aconteceu com o marido dela, o Arnaldo. Estávamos nós em plena Avenida Rio Branco após a passagem do bloco (comentário do momento: só no carnaval mesmo para conseguirmos ficar parados no meio da Rio Branco sem sermos atropelados 983 vezes) quando chega uma figura obesa, tipo rolha de poço, vestindo apenas uma sainha plissada (olha só, esse conhecimento todo de modelos de vestuário se deve ao fato de eu ter sido criado por uma mãe costureira, dona de confecção, dá um desconto aí, vai) e diz pro Arnaldo, apontando uma lata daqueles sprays de espuma: “Se não pegar na minha bunda tá ...odido!” Assim, analisando friamente através das minhas palavras, pode parecer que foi uma cantada de teor homossexual chula e de mau-gosto, mas quem estava lá viu que foi uma inocente brincadeira de carnaval, até porque a Lana tava do lado dele e eu também. Só sei que a Lana e eu nos acabamos de rir! Sim, aos curiosos de plantão, não, o Arnaldo não passou a mão na bunda dele e levou uma “sprayada” de espuma. Ah! Faltou comentar que, assim que chegamos no centro e estávamos procurando o Jesus (não, eu não errei o caminho da Igreja Evangélica, o Jesus é um amigo de Jonas que tem esse apelido por ter adotado o visual barba e cabelo grande), um vendedor de cerveja disse que eu parecia o Dandan do Big Brother (é, eu também não entendi)! Depois de muitas marchinhas, voltamos para casa para nos despedirmos de Carolina, a itinerante. No domingo, foi aquela história toda do Bloco do Sinal que eu não vou repetir, né! Na segunda, fui ao Carioca da Gema com um pessoal da FGV. Lá, marchinhas e sambas até o pescoço. E aqui vem o grande comentário do post: que me desculpem Max Nunes e Laércio Alves, mas “Banderia branca, amor, não posso mais” pode ser uma das marchinhas de carnaval mais conhecidas de todos os tempos, mas é pra acabar com qualquer carnaval! Sabe aquela música que eu gosto de chamar “corta os pulsos”? Bandeira branca na cabeça!! E pra não dizer que é implicância minha com a pobre da música, adiciono aqui a famosa “Pastorinhas”, de ninguém menos do que Noel Rosa e João de Barro. Mas vamos combinar! Quando começa “A estrela d’alva no céu desponta” dá vontade de recolher os brinquedos e voltar pra casa! No dito Cordão da Bola Preta começaram a tocar Pastorinhas e eu disse pra Jonas: “Se tocarem Bandeira branca, eu vou embora!” Pra queimar minha língua, qual foi a música seguinte? Bandeira branca. E eu não fui embora. Ô homem sem palavra!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

Vamos à luta, companheiros!

Eu quero iniciar um movimento. Um movimento chamado “O certo é o certo e o errado é o errado”. Não estou nem falando de valores morais, familiares, éticos ou qualquer outra coisa séria e necessária. Estou falando de coisas simples, mas que parecem que vão perder o status de correto e ganhar o de errado. A primeira é a mais boba e diz respeito ao meu universo mais particular: NÃO, O NORMAL NÃO É “THIAGO” COM “H”!!! Gente, parece mentira, mas eu tenho que dizer que meu nome não tem H toda vez que alguém me pergunta para anotar em um cadastro que seja. Algumas até perguntam se tem H ou não, mas já vão rabiscando o danado antes que eu possa responder. Então lembrem-se: Tiago, originalmente, se escreve sem H! A segunda questão, essa, sim, atinge todos nós e me aflige sobremaneira (ei, sobremaneira foi bonito, não foi?): NÃO, O CORRETO NÃO É “VAMOS ESTAR FAZENDO”!!! Jesus amado!!! Que poder é esse dos atendentes de telemarketing que conseguiram disseminar a praga do gerundismo? E o incrível é que eu estou feio de ver (isso é só uma expressão, é claro que a minha figura bela, alta, quase loira, nórdica, de olhos profundamente verdes não pode ficar feia) pessoas instruídas utilizando esse absurdo chamado gerundismo! Por favor, companheiros, abandonemos esse hábito doentio! E, pela hóstia consagrada, se algum de vocês me pegar usando um “vou estar fazendo”, “vou estar ligando”, “vou estar estudando” ou “vou estar qualquer-coisando”, pode me beliscar bem forte, pra deixar marca mesmo! Assim eu passo uns dias olhando praquela (é, eu agora estou tomando liberdades coloquialmente poéticas nos meus textos, culpa da Lucy) “ronxa” e me lembrando do porquê de ela estar ali!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

O grande plano

Descobri tudo! Finalmente, eu descobri o que o Google queria quando inventou o Orkut!! Um site de relacionamentos gratuito, sem lugar para publicidade paga, que ajuda amigos que não se vêem há muito tempo a se reencontrarem e que nos permite fazer novas amizades tinha que ter algum propósito obscuro por trás! Podem pesquisar, ir atrás, investigar que vocês vão descobrir que os donos do Google andaram investindo, mesmo que usando empresas de fachada, em laboratórios farmacêuticos e clínicas psiquiátricas. Quem está tentando entrar no seu Orkut há dias sem sucesso (como eu) deve ter chegado à mesma conclusão: eles criaram o Orkut, difundiram, fizeram várias pessoas aderirem e se viciarem nessa droga virtual para, agora que a dependência é total e irreverssível, não nos permitirem entrar, exibindo aquela insuportável mensagem de erro. E nós ficamos aqui, sem ver os últimos recados que recebemos, querendo saber aquela resposta que um amigo ficou de dar. Resultado: todo mundo enlouquecendo!! O Google nunca me enganou!!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

Tempos modernos

Passando perto do playground ontem, eu ouvi uma mulher fazendo uma série de perguntas a umas meninas aqui do prédio. Todas sentadas em círculo no chão, a mulher lia em uma revista ou em algum livro as perguntas. A primeira que ouvi foi: “Você gosta de estar em contato com a natureza?” Prontamente uma menina, do alto dos seus 7 anos, disse que não. As outras se abstiveram de fazer comentários e, como já diz o ditado, quem cala consente. A segunda pergunta foi: “Você é a primeira a ter o celular mais moderno?” Dessa vez, sim, umas 3 meninas responderam: “SIM!!!” Juntando isso ao fato que eu já percebi há algum tempo e estava para comentar aqui algum dia – o fato de que cresce cada vez mais a quantidade de crianças de 4 ou 5 anos cujo principal brinquedo é um triciclo elétrico (daqueles que ficam fazendo um barulho infernal de carrinho de controle remoto velho) –, eu já consigo vislumbrar onde estará essa geração daqui a 40 anos: sentada numa poltrona em frente à TV, juntamente com seus 140 quilos, cercada de controles remotos e aparelhos eletrônicos que ajudem a manter o seu sedentarismo no mais alto grau em um apartamento com uma bela vista para um viaduto ou uma ponte de um concreto do mais puro cinza! Natureza? O cheiro do concreto depois de uma chuva ácida é muito melhor do que aquele enjoado cheiro de terra molhada, ou o cheiro do mar, ou de grama, ou de jasmim. Esportes? Deixa disso! Estamos na época da escada rolante, do controle remoto, do elevador, dos brinquedos que exigem apenas que fiquemos sentados apertando um botão. Amigos? Pra quê? Com meu celular de última geração eu tenho o melhor amigo que alguém pode ter, um tamagochi que ainda serve para ligar para as pessoas. Mas essa função eu nem utilizo, pois, para mim, o importante de um celular é ser o mais moderno que há, com mais funções, com câmera, com visor colorido. Com tudo isso, pra que eu preciso ligar para alguém?

segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

A garotinha ruiva

Exagerado que sou, decidi escrever um post de aniversário. Quem acompanha as aventuras da Sala de Justiça há um tempo já deve ter feito as contas e percebido que hoje não é o aniversário da Leda, da Sabrina nem de nenhum(a) outro(a) grande amigo(a) meu(minha) (ai, que saco esse negócio de ser politicamente correto com os gêneros!) sempre citados aqui. Essa amizade é nova. Apesar de ser uma moça com quem eu cruzava aqui e acolá nos caminhos do CH 2 (aos desavisados: Centro de Humanidades 2) da UFC, nós nunca trocamos mais do que meia dúzia de palavras nesses encontros. No que seria o fim desses encontros, ou seja, na época da minha formatura, um evento recheado de desespero e angústia nos aproximou mais: defendemos monografia na mesma época, a poucos dias de diferença um do outro. Ela antes de mim. Aliás, puxando bem pela memória, acho que a defesa dela foi a primeira que eu fui ver para poder me preparar para a minha. Talvez não tenha sido uma boa idéia: a garota falou com tal desenvoltura e naturalidade sobre seu trabalho de conclusão de curso que eu poderia ter entrado em parafuso pensando em fazer igual (ainda bem que não cai nessa, desencanei mesmo e fiz a minha defesa ao meu jeito). Comemorei com ela, dei os parabéns (afinal, a menina tirou 10), mas, ainda assim, o laço não se aprofundou tanto, mesmo ela tendo feito a gentileza de ir acompanhar a minha defesa (vai ver ela ajudou a me dar sorte e repetir a mesma nota). E assim as coisas continuaram, nós nos formamos juntos (aliás, acabei de checar e o nome dela está aqui junto ao meu, na minha réplica da nossa placa de formatura, além da sua figura ruiva na foto) e eu me mudei e remudei. Mas a amizade se firmou mesmo da maneira mais indireta possível: Leda Maria me apresentou ao blog dessa pessoa, o Flows Inc., e eu me apaixonei. Pelo blog, devo dizer, pois ela é uma moça comprometida, praticamente casada! Ela escreve de uma forma indescritível. Neologismos, expressões locais, palavras do mais rebuscado português, tudo se mistura num texto que prende a atenção e nos obriga a procurar posts novos todos os dias. Eu, com toda a admiração que tenho por quem sabe escrever bem, virei fã na hora. Foi assim que fiquei amigo de Luciana Andrade, via blog. Amizade que já se expandiu para milhares de recados trocados no Orkut e conversas no MSN. É engraçado pensar que duas pessoas que passaram alguns anos se encontrando na faculdade acabaram criando uma amizade virtual quando nem na mesma cidade moravam mais. Mas creio que assim foi melhor, ou mais sincero, pelo menos. Ficamos amigos não pela política da boa vizinhança de estudantes da mesma faculdade, mas pelo amor às palavras. Por isso achei que a melhor maneira de homenageá-la seria assim, através das minhas palavras. Parabéns, Lucy! E que você esteja sempre em um “sky with diamonds”!!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

Fale mal, mas fale de mim

A moda hoje é falar mal. Da moda, inclusive.

As camisetas

Alguém pode me explicar qual é a da moda das camisetas com o nome “Brasil” bordado no peito? Elas estão por todo lugar, tanto nas C&As, Riachuelos e Centauros da vida, quanto nas lojas de esquina, podendo variar o número de listras nos ombros (sim, pois todas elas têm essas listras nos ombros) e a combinação de cores, que vão desde o básico e batido verde e amarelo ao branco com azul e variadas outras cores. Da forma e do preço que sejam, essas camisetas vão dominar o mundo. E olhem que ainda estamos a 4 meses da Copa do Mundo.

As bandas

E as bandas que tocam algum som não-identificado que, na falta de definição melhor, elas chamam de forró? Ainda mais depois do sucesso da Banda Calypso (essa foi pra Leda e pra Lucy), que fez explodir o número de bandas tentando copiar o estilo Joelma de ser. Justiça seja feita, a Joelma é bem superior a qualquer gato véi desses que gasguitam aos microfones dos programas de auditório. Não, eu não sou fã da Banda Calypso, jamais vocês me verão colocando um CD ou um DVD (tá por fora, meu filho! Calypso tem DVD e tudo!) da Banda Calypso para ver ou escutar, não necessariamente nessa mesma ordem, mas eu tenho que reconhecer que é perceptível como a Joelma gosta do que faz e que são inegáveis o carisma e a simpatia dela. Mas as outras? Já virou motivo de piada aqui com meu irmão (esse, sim, fã de Calypso). Já vimos no Programa do Jacaré (aos que não habitam no Rio de Janeiro: é um programa que é a mais pura imitação do Ratinho – pois é, há quem queira imitar o Ratinho – e passa às 7:30 da manhã aqui na cidade maravilhosa) umas bandas cantando músicas com as poéticas letras que dizem algo do tipo “pega o sabonete, esfrega o sabonete” ou “o piruli-tu-tu, o piruli-tu-tu, o pirulito é muito bom, o pirulito eu vou chupar”. Misericórdia!!!

As legendas

E o prêmio idéia mais estúpida dos últimos tempos vai para... a rede Telecine, que inventou a execrável “Sessão Cybermovie”! Aos leitores que não tiveram o desprazer de descobrir o que é isso, eu conto: o canal de filmes por assinatura Telecine inventou de fazer uma sessão em que os filmes são legendados com aquela linguagem intragável de Internet que possui aberrações gramaticais do tipo “qquer” (isso deveria significar qualquer), “loko”, “xokolat” (ai, meu fígado!!!) e “d+”. Dá para imaginar assistir a um filme tendo que ler esse tipo de pérola da linguagem internética? Tudo bem que a intenção dessa linguagem era agilizar as conversas digitadas via Chats e comunicadores instantâneos (e nem assim eu consegui me adaptar a escrever dessa maneira), mas qual é a vantagem que trocar o “c” pelo “k” traz, além de assassinar o vernáculo?

terça-feira, 10 de janeiro de 2006

Diário de bordo

Cá estou eu, de volta ao Rio. Sim, as férias foram ótimas, matei as saudades da família e dos amigos, inclusive da Leda, que desabou de Fortaleza até João Pessoa para passar o Reveillon comigo. Fomos à praia todos os dias, vimos o pôr-do-sol no Jacaré, comemos empadinhas Barnabé (ou seria empadão da Bernardete?), visitamos Coqueirinho e Tabatinga (praias belíssimas, recomendo: dois dedões para cima!) e entramos 2006 numa tenda na praia de Intermares juntamente com boa parte da minha família (destaque para a Leda dançando tal qual a Joelma, da banda Calypso). Mas como nem tudo são flores, passemos aos apuros da viagem de volta.
Definitivamente, eu preciso começar a ganhar muito dinheiro! Classe econômica não é para mim!! Como uma pessoa com 1,83 m se encaixa naquelas poltronas modelo poodle toy? Insones, alegrai-vos: pior do que querer dormir e não ter sono é querer dormir, ter sono e não conseguir pregar os olhos (em tempo: meu vôo saiu de João Pessoa à 1:40 da madruga, sendo que eu cheguei ao aeroporto à meia-noite e meia, pois o vôo do meu irmão era à 1 h, fora que fiz conexão em Recife)! Além de passar a noite inteira como se tivesse pimenta nos olhos e me retorcendo na cadeira da Barbie que as companhias aéreas chamam de poltrona, ainda houve o episódio do lanchinho no avião. Entre as minhas tentativas de dormir, ouvi o aviso de que o “café” seria servido. “Não mato o sono, mas mato a fome, pelo menos”, eu pensei. O rega-bofe: duas torradas Bauducco (“levemente salgadas”), quatro biscoitos de chocolate também Bauducco (tá rolando um patrocínio da Bauducco aos vôos da TAM?), um queijo Polenguinho de requeijão e um potinho de geléia de goiaba Nutella, além da bebida, que poderia ser Guaraná Antarctica, Pepsi, suco de laranja Mais (eu só fazendo publicidade de graça...) ou água mineral. Escolhi a água mesmo, pois achei que não seria saudável tomar refrigerante àquela hora (é, eu agora dei para ter essas preocupações com o que é saudável ou não) e suco de laranja não é a minha praia. Mas o bom mesmo foi o balé para espalhar o Polenguinho nas torradas, sem a ajuda de um pires que fosse, pelo amor de Deus! Detalhe que, quando consegui terminar de comer, as luzes do avião já estavam apagadas e as aeromoças já tinham recolhido todo o lixo do lanche das outras pessoas. E a minha geléia de goiaba voltou intocada, pois, se foi difícil administrar um Polenguinho nas torradas, imaginem adicionando um potinho de geléia à equação!