domingo, 31 de dezembro de 2006

Renove o ano novo

Inove. Faça um novo corte de cabelo. Troque de lugar aquele velho espelho. Mude a cor do esmalte. Se não der, chute o balde. Viaje mais, nem que seja para a cidade vizinha. Beije mais a sua mãe (eu já estou beijando a minha). Uma vez por semana, deixe o relógio de lado. Com a mesma freqüência, saia com os amigos e largue um pouco o namorado. Leia um livro na varanda, dentro de uma rede. Beba mais água quando sentir sede. Prove um sabor diferente de sorvete. Deixe de varrer a poeira pra debaixo do tapete. Tente, com todos ao seu redor, ser mais paciente. Aprecie sua saúde sem estar doente. Mude o caminho pro trabalho. Chame os amigos só pra jogar baralho. Renove. Compre roupas novas, de cores diferentes. Passe a escovar mais os dentes. Mude os móveis de lugar. Escolha um novo restaurante para jantar. Doe suas coisas velhas para alguém que precisa. Refaça aqueles planos de conhecer a Torre de Pisa. Em nome da sua saúde e da dos outros, pare de fumar. Se não fuma, incentive alguém a parar. Esteja aberto para novos amigos. Mas nunca abandone os antigos. Reprove. Não permita que um pobre infeliz estrague seu dia. Resista ao mau humor de encarar o mundo sem nenhuma alegria. Lute contra a velha inimiga da boa forma: a preguiça. Esqueça de vez inveja, mesquinhez, ódio, rancor e cobiça. Converse com quem fez algo que lhe desagradou. Mas não perca a razão ao sair brigando por algo de que você não gostou. Aprove. Diga aos outros que você os admira por algo que fizeram. Mande um presente, mesmo que bobo, mas de coração àqueles que tanto lhe deram. Comprove. Tente novamente aquilo que lhe mete medo. Mostre que você sabe guardar um segredo. Reveja os filmes que lhe fazem feliz. Confirme que você não precisa de uma plástica de nariz. Faça uma loucura para alguém que você ama. Tire a prova de que você é bom de cama.
Se tudo isso não garantir um bom ano novo, refaça. Afinal de contas, não há mudança de calendário que traga felicidade de graça.

Feliz 2007.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

25 de dezembro, de fevereiro, de agosto...

Feliz Natal aos que dão bom dia ao vizinho. Feliz Natal aos que não buzinam desnecessariamente no trânsito. Feliz Natal aos que não dão esmola a crianças na rua, mas se sentem mal por não fazerem nada além. Feliz Natal aos que não jogam lixo na rua. Feliz Natal aos que se preocupam em não obstruir os corredores do supermercado com seu carrinho de compras. Feliz Natal aos que cedem seu lugar no ônibus ou no metrô a quem necessita mais. Feliz Natal aos que fecham a torneira enquanto escovam os dentes. Feliz Natal aos que sabem agradecer o que os outros fazem por eles, mesmo que seja algo pequeno. Feliz Natal aos que sabem pedir perdão. E aos que sabem perdoar. Feliz Natal aos que sabem apreciar os momentos de pequena e cotidiana felicidade. Feliz Natal aos que acordam abertos ao mundo. Feliz Natal aos que conseguem admirar a beleza de um pôr-do-sol qualquer. Feliz Natal aos que sabem amar sem pedir muito em troca. Feliz Natal aos que tentam superar os obstáculos das obrigações e distâncias para manter vivas amizades tão importantes e próximas de outrora. Feliz Natal aos que valorizam um fim de semana de chuva jogando baralho com os amigos. Feliz Natal aos que entendem que o melhor de ganhar um presente é saber que quem o comprou pensou neles. Feliz Natal aos que conseguem amar o ser humano, por mais falho e confuso que ele seja. Feliz Natal aos que alcançam a verdadeira importância do Natal, que é, justamente, espalhar bons desejos entre aqueles de quem se gosta.
E aos que não fazem nada disso, um Natal mais feliz ainda, pois são esses que precisam de uma dose extra de felicidade para descobrir que ela está mais próxima do que se imagina e que ser feliz é uma forma de encarar o mundo que se constrói dia a dia.