quarta-feira, 13 de junho de 2007

Do Paleolítico para o Neolítico

Eu já pensei algumas vezes que dei a sorte de ter nascido e crescido em uma época de mudanças, de revoluções, de quebra de paradigmas (sim, porque “quebra de paradigmas” é o último grito quando se trata de falar de turning points na história da humanidade). Vi e vivi coisas que a nova geração não saberá o que é a não ser via pesquisa no Google (ai, meu Deus, a velhice! Como já passei dos 25, já posso me referir a uma próxima geração! Traz meu corega, menino, que a dentadura tá folote*!).

*Nota do autor (ai, como eu sou metido!): aos não iniciados em cearensês, folote quer dizer folgado, frouxo. Legal demais, né não? Folote! Repita 3 vezes com a boca cheia de farinha: folote! Folote! Folote!

Como eu sou um ser nada elevado, vou lembrar várias coisas matusaléicas para arrastar vários amiguinhos para o poço do reumatismo junto comigo. Tão pensando o quê? Que eu vou sofrer sozinho? É tu nada, Aurora!

- eu vivi para ver a substituição do LP (Long Play) de vinil e da fita K7 (aos depravados de plantão, isso lê-se cassete, e não cacete) pelo CD (Compact Disc – Tiago também é cultura. Inútil, mas cultura). Eu bem me lembro que ficava em casa, esperando meu irmão mais velho chegar para colocar meu LP da Mariane (uma genérica de Xuxa que teve um programa infantil no SBT) para tocar, pois eu era muito novo para o complexo processo de colocar o bolachão na vitrola e deitar a agulha no começo do disco. E, hoje em dia, qualquer moleque catarrento de 5 anos atocha um CD num som.

- eu ainda tomei vacina quando era criança na base da injeção no bumbum (que meigo!). Lembro que eu via aqueles pirralhos se esgoelando na fila do posto de saúde por causa das 2 gotinhas que teriam que tomar na língua e pensava: “Vocês tão loucos? Esse escândalo por causa de 2 gotinhas? Muito melhor do que levar uma furada na bunda!” E viva o Zé Gotinha!

- eu fiz pesquisa para trabalho de colégio em enciclopédia. Se você chega pra um fedelho de 10 anos e pergunta o que os nomes Barsa, Enciclopédia Britânica, Almanaque Abril significam pra ele, você ouvirá: nada! Eu continuo dizendo: o Google vai dominar o mundo!

- eu soube o que era viver sem celular. E ser feliz assim! Pois é, essa é uma realidade que me parece que vai ficar cada vez mais impensável para as futuras gerações.

- eu usei máquina de datilografar. Aliás, meu pai ainda a usa até hoje (ele tem uma desculpa de que precisa usar o papel carbono pra preencher umas fichas, não sei que lá – mas a verdade é que ele é reacionário mesmo). Pois é, os pirralhos de hoje nem sabem o que é Olivetti, só HP, Dell, Positivo.

- eu joguei em videogame de cartucho. Comecei no prosaico (porém saudoso) Atari (Pitfall é o que há!), passei pelo avanço tecnológico do Master System, evolui para o Mega Drive e cheguei ao Super Nintendo. Perto de um Playstation 3, esses pobres coitados parecem uma chaleira. E daquelas que nem apitam avisando que a água ferveu!

- eu assisti a desenhos clássicos e ingênuos, com perseguição de gato e rato, mensagens de que o bem sempre vence (Gorpo cantando: “o bem vence o mal! Espanta o temporal! Azul, amarelo, tudo é muito belo!”), vilão caricato com risada sinistra, tudo antes da invasão dos animes, Pokémons, Digimons, Diabaquatromons. Tom e Jerry, Pernalonga, Supermouse, Carangos e motocas (eu te disse, eu te disse!!), He-Man, She-Ra, Thundercats etc. etc. Mas também acho ótima essa nova safra de desenhos que são feitos mais para adultos do que para crianças, assim posso me deleitar com Bob Esponja e Os padrinhos mágicos.

- eu vi a ascensão e declínio do videocassete. A evolução para 4 cabeças, depois para 6, até a chegada do DVD. Primeiramente, apenas para reproduzir e, agora, para gravar. Por sinal, meu irmão comprou um gravador de DVD para substituir o videocassete que minha amiga Carolina (uma que, algum dia, comentou neste blog) deixou aqui. Não quero outra vida! DVD recorder rules!

- e o mais surpreendente de tudo: EU VIVI SEM INTERNET! Não sei, não me perguntem como! Aliás, também não me perguntem como eu suportei a infame internet discada nos primórdios da minha vida virtual! Banda larga, eu te amo!