segunda-feira, 29 de setembro de 2008

!!!

Das duas, uma: ou eu sou uma das poucas criaturas com a devida preocupação quanto ao uso escorreito (tá bom, o escorreito foi só pra me mostrar) dos elementos da escrita ou eu tenho que arranjar mais o que fazer. Eu tenho uma angústia recorrente quanto ao uso exagerado do ponto de exclamação. Quando eu aprendi Português na Alfabetização com a tia Carminha (mentira, eu não tive uma professora de Português chamada Carminha – tive uma de Inglês, que, por sinal, é uma lenda no meu colégio –, mas é que Carminha é tão nome de professora de Alfabetização), me ensinaram que o ponto de exclamação serve pra dar ênfase a uma frase, pra mostrar que você está praticamente gritando aquilo. Aí eu vejo neguinho usando exclamação até pra escrever as horas e fico preocupado com o futuro do ponto final. É que a banalização do uso da exclamação chegou a tal ponto (não o de exclamação, ponto mesmo, tipo momento) que o ponto final (sim, o da pontuação) está perdendo espaço, sumindo das frases, orações e períodos (você se lembra da diferença? Chama o Pasquale). Exagero? Podem ver. Dêem uma olhada na sua página de recados do Orkut. O ponto de exclamação reina absoluto, até nas frases mais feijão-com-arroz. Como diria minha amiga Lucy, banalizou, banalizou, virou Brasil! (viram? Eu usei uma exclamação aqui para demonstrar que essa é uma frase com ênfase, uma frase cheia de indignação)
Fora que eu aprendi que só se pode usar no máximo 3 exclamações juntas. Mas neguinho, não satisfeito em colocar exclamação até em receita de bolo da vovó, ainda tasca umas 8 exclamações juntas, isso quando não precedidas de uma vogal estendida, tipo: Que sumpimpaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!!!! NÃO DÁ!!! (reparem no número de exclamações utilizadas: 3) Vogal estendida com excesso de exclamação é o cúmulo da miguxidade! Mas não voltemos ao tema da vogal estendida, isso já foi assunto em outro tópico. Atenhamo-nos (eita que agora até eu me assustei!) apenas ao problema da exclamação, ponto. (trocadilho escrito, sacaram? Hã? Hã?!)
Será que eu tô ficando doido de me preocupar com isso? O que pensaria Machado de Assis, se não tivesse morrido há 100 anos? Ai, meu Deus! Eu preciso de um terapeuta que atenda na Academia Brasileira de Letras!

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Insuportável mundo novo

Vocês também caíram no conto das facilidades da vida pós-moderna e tecnológica que vieram para... bem, para facilitar nossa vida? Ótimo, não estou só no mundo! Ou então sou muito noiado mesmo. Para acessar minha conta do banco pelo Internet banking, eu preciso digitar minha senha, digitar uma frase secreta e ainda digitar outra senha do cartão chave de segurança. Se essa via crucis digital não fosse suficiente, eu ainda digito a frase secreta – com mais de uma dezena de caracteres – no teclado virtual do site. É, aquele mesmo, com letrinhas miúdas que mudam de lugar e que você tem que sair catando com o cursor do mouse. E tome cuidado para não clicar na letra do lado! Toda vez que termino de digitar minha senha, eu começo a buscar as letrinhas separadas no teclado virtual e recebo a mensagem: “Você pode utilizar o teclado virtual ou o convencional para digitar sua frase secreta”. Mas eu fico lá, cornamente procurando as letras naquele teclado virtual. Agora pensem comigo: se eles exigem que a senha seja digitada no teclado virtual, então é porque ele é mais seguro do que o teclado convencional, correto? Se é assim, eu prefiro não correr o risco de utilizar o convencional pra digitar minha frase secreta. É só na minha cabeça noiada que isso faz sentido?
Cartões virtuais são outra coisa que perdeu sua utilidade e agora existe só pra atazanar nossa vida. Lembram como era legal receber um cartão virtual todo animadinho nos primórdios do advento da Internet? Pois é, esqueçam essa emoção. Eu, pelo menos, não me atrevo a abrir um cartão virtual, nem que o remetente diga que é da Ivete Sangalo! E eu tenho tanto medo do vírus-que-vai-comer-seu-HD-queimar-o-monitor-derreter-a-memória-e-ficar-enviando-uma-corrente-diariamente-pro-seu-e-mail-pro-resto-da-vida que fico preocupado só em receber o danado do cartão, mesmo sem abri-lo e deletando-o-o-o assim que o recebo-lho (próclise? Mesóclise? Ênclise? Chama o Pasquale!).
Aliás, o próprio e-mail surgiu pra facilitar nossa vida e a comunicação. Mas é óbvio que as mentes maquiavélicas logo encontraram um novo uso para ele: CORRENTE ENVIATOR TABAJARA. Sim, pois, na época da boa e velha carta, você tinha que ser muito corno pra ficar redigindo 15 cópias para evitar que seu cachorro morresse atropelado, sua mãe tivesse um AVC fulminante e você descobrisse que seu prédio foi construído pelo Sérgio Naya. Ou, pelo menos, o fariseu teria que desembolsar uma graninha em xerox. Mas agora? Bastam uns cliques e você manda esse belo presente por e-mail para 30 amigos fácil, fácil.
Qual será a próxima inovação tecnológica que vai ajudar a infernizar nossa vida em breve?