quarta-feira, 22 de abril de 2009

Era uma vez...

Quando crianças, adoramos ouvir os contos de fadas. Histórias como a da Cinderela, uma jovem simples, humilde e de bom coração que teve todas as oportunidades negadas durante sua vida, que consegue, num passe de mágica, tudo o que sempre sonhou. Há algo realmente de mágico nessas histórias que nos faz sonhar e pensar que pode ser possível, que um dia podemos atingir o que sonhamos. A grande moral de que o bem vem a quem pratica o bem acalenta nossos corações e nos faz crer que a justiça, creia você em Deus ou não, considere-a divina ou força do destino, encontra seu caminho.
E o assunto do meu post de hoje não poderia ser outra coisa senão um conto de fadas real. Susan Boyle, uma mulher simples e adorável de 47 anos que vive em um aglomerado de vilarejos, como ela mesma definiu sua cidade, no interior da Escócia teve seu dia de Cinderela. Susan não possui a mesma juventude nem a mesma beleza da gata borralheira. É uma senhora sem vaidades, de corpo roliço e sem um pescoço que separe elegantemente a cabeça dos ombros. Seu cabelo nunca deve ter visitado um salão de beleza cheio de recursos estéticos. E é justamente por isso que seu conto de fadas se torna ainda mais interessante.
Susan subiu ao palco do Britain’s got talent, versão britânica de American Idol, totalmente desacreditada. Os risos e expressões de descrédito nos rostos da plateia e dos jurados do reality show eram de uma transparência cortante. Pelo julgamento prévio da plateia, Susan já era um grande fracasso. Bastou ela começar a cantar “I dreamed a dream”, música da peça da Broadway “Os miseráveis”, para não precisar dizer nem provar mais nada. Instantaneamente o público começou a gritar e aplaudi-la de pé. A cena, para os mais sensíveis e afeitos a emoções transbordantes como eu, é de provocar lágrimas nos olhos. E Susan continua, cantando a música maravilhosamente até o fim, sem desafinar ou sair do tom.
Sem me aprofundar num discurso contra os preconceitos e os julgamentos de pessoas por sua beleza – ou a ausência dela –, o que soaria muito chato e hipócrita, já que eu mesmo desacreditei daquela senhora com aparência de dona-de-casa, talvez por preconceito, talvez por impossibilidade de acreditar que alguém de aparência tão ordinária fosse capaz de algo tão extraordinário, o fato é que a surpresa é inevitável. E comovente.
Mas, pra mim, o mais marcante não é a ausência de atributos estéticos de Susan. O que toca realmente é a sua singeleza, sua humildade. Desempregada e com um jeitinho que nós chamaríamos de brejeiro, Susan confessa nunca ter sido casada, sequer ter beijado alguém, e que vive sozinha com seu gato Peebles. Reportagens dizem que ela cuidava de sua mãe doente até pouco tempo atrás. Junte-se a essa abnegação seu carisma inebriante, claro na forma como ela agradece os elogios e manda beijos para a plateia que lhe aplaude pouco depois de rir dela, e Susan realmente parece uma personagem de contos de fadas, com um coração puro que a guia em direção a sua recompensa tão merecida.
Se você tem um mínimo de religiosidade, é impossível não pensar que uma mulher com tamanho talento vocal que nunca teve aulas de canto e vivia cantando na cozinha de casa, provavelmente, só pode ter recebido tal dom, pronto e acabado, de uma força maior, seja Deus ou deuses.
Há tempos algo não me emocionava assim. Acho que isso fica claro no fato de eu ter escrito tudo isso a respeito de Susan Boyle. Mas ela reacendeu minha crença infantil de que o bem vence no final.
Versão do vídeo com legendas em Português: http://www.youtube.com/watch?v=xRbYtxHayXo

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Agora em versão 2.0

A web 2.0 surgiu para revolucionar as comunicações midiáticas. O receptor se tornou emissor (sim, eu quero mostrar que estudei Teoria da Comunicação) e o poder de produzir conhecimento e disseminá-lo passou a ser compartilhado por quem costumava só receber informações com o derriere sentado numa cadeira em frente ao computador. Dessa revolução veio o Youtube, nossa fonte de divertimento e até conhecimento produzidos por “gente como a gente” (pra dar um sentimento de união, de povo, de “vamos dar as mãos”). Não é mais necessário ter o sobrenome Marinho, Macedo ou Abravanel para poder atingir milhões de pessoas com conhecimento produzido por você, quer seja algo de utilidade pública (tipo a solução para o fim do aquecimento global) ou a mais pura besteira (cof! Cof! Paris Hilton! Cof!). Enfim vivemos a revolução da informação, a democratização da informação, alguns diriam. Agora vamos à banda podre da coisa, que essa introdução toda foi só pra falar o que eu realmente queria falar.
Pois é, agora a coisa virou moda e todo mundo tá usando. O novo programa da Xuxa tem quadros elaborados pelos internautas ou com a participação deles via vídeos postados no site ou algo assim (não, eu não assisto à Xuxa, pelo menos há uns bons 15 anos, fiquei sabendo da “novidade” no Faustão – acho que não melhorei minha situação). Várias campanhas publicitárias já simularam o clima de “home vídeo” (nunca viu “Todos por un pelo”? Um clássico já: http://www.youtube.com/watch?v=fr5JkHvBEmE – e olha a metalinguagem) ou campanhas promocionais que pedem a participação dos internautas com seus vídeos. Os jornais da Globo têm quadros com reportagens produzidas a partir de sugestões dos internautas. O programa de clipes do Multishow TVZ possui o quadro “TVZé”, com “clipes” caseiros produzidos pelos telespectadores e postados na web. E agora vem aquele que é o sintoma maior da revolução, um sinal dos tempos: a tradicional mensagem de fim de ano da TV Globo (aquela que todos os anos nos faz lembrar quem a Record ainda não roubou) de 2008 era feita de vídeos caseiros com alegres famílias e amigos “do povo” cantando desafinadamente que “hoje é um novo dia de um novo tempo que começou”.
E eu, que sofro do mal de sentir vergonha pelos outros, faço o que quando vejo as pessoas se passando em vídeos caseiros e postando pra todo mundo ver, como em vários clipes bisonhos do TVZé? É, não tem jeito. A tecnologia realmente não dá refresco.

sábado, 11 de abril de 2009

Manual de etiqueta: Capítulo 1 - A praia

1 – Não jogar frescobol, altinha, vôlei ou qualquer outro esporte à beira-mar tomando conta da faixa de areia mais disputada da praia como se ela fosse sua e dos seus amiguinhos. E olhar com cara feia pra quem tem a audácia de passar no meio do seu campinho é pedir pra escutar poucas e boas.
2 – Não se besuntar de Blondor e ficar torrando no sol e passando num doce balanço a caminho do mar (Jobim que me perdoe). Certos rituais são íntimos e pessoais e só devem ser realizados na privacidade do seu lar (e olhe lá).
3 – Não tornar público seu momento Acnase, “contra cravos e espinhas” do seu fofucho dentro do mar. Já esse ritual não deveria ser feito nem no porão fechado e sem luz do Josef Fritzl, que dirá assim, num lugar onde pobres crianças inocentes transitam e tomam banho, BANHO, meu Deus!
4 – Não deixar seus pimpolhos soltos e descontrolados, gritando uns com os outros a plenos pulmões. Aliás, deixar crianças gritando em qualquer local público deveria ser motivo para perda de guarda.
A direção do blog lamenta reconhecer que todas essas experiências foram vividas por nós hoje num frugal passeio praiano.

domingo, 5 de abril de 2009

E fez-se a luz (título repetido, mas muito mais pertinente)

Vamos lá voltar às atividades nesse blog que recebe menos comentários do que deveria (não sou eu que digo, é a minha nova leitora, Ana; e vocês sabem que a voz do povo é a voz de Deus – contagem de clichês: 1).
Vou logo avisando que o assunto de hoje é mais uma observação sobre a obsolescência de algo que a modernidade trouxe (sou só eu ou vocês também acham que tô parecendo um velho de 87 anos, 5 meses e 26 dias com tanto post sobre coisas antigas?): o palito de fósforo. Assim, eu sei que fora da minha realidade burguesa com mesa farta e cheia de caviar Beluga, brioches e croissants (sonhar não custa nada – contagem de clichês: 2), ainda existe muita gente humilde que ainda acende o fogão na base do Fiat Lux (tô fechando as cotas de patrocínio do blog, hein), mas é uma tendência que diminui cada vez mais. Podem ver que os fogões de hoje em dia, até os mais fuleiros já vem (sem acento diferencial) com acendedor elétrico.
Para as pessoas de dentes pretos e dedos amarelos que curtem uma fumacinha da morte, os isqueiros tomaram conta na hora de acender seus cigarrinhos perfumados (deixando as entrelinhas bem claras: DETESTO cigarro!). Então eu penso: o que será do palito de fósforo?
Ah! Acabei de me lembrar de algo para que o fósforo continua imbatível: acender velas! Eu, filho e neto de mulheres super religiosas, bem vejo isso! Olha aí! A fé salva todo mundo. Até a Fiat Lux.
PS: existe limite para a quantidade de parênteses que uma pessoa pode usar em um único post?