terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Tentando ser contratado pelo SBT

Timing é tudo, né? Ano passado, quando Rachel Aserehe-zade (quem nunca dançou Ragatanga que jogue a primeira ex-integrante de girl band que agora é atriz da Globo!) desancou o carnaval e “bombou nas redes sociais” (eu AMO/SOU essa expressão), garantindo até um ganha-pão na emissora do ex-dono do Baú da Felicidade (nada pra acrescentar, só pra não perder o costume de uns parênteses), eu me prometi escrever uma “carta resposta”. O negócio é que ninguém perguntou e eu deixei pra lá. Mas como tem gente compartilhando o vídeo agora como se fosse a última novidade (CREIA!) eu resolvi escrever a tal resposta. POLÊMICA! * Sobe BG do “Dramatic chipmunk”

Antes de qualquer coisa (e esse parágrafo inteiro aí em cima é o quê?), digo logo que não tenho nada contra a fofa, só não vou perder a chance de rebater argumentos que achei bem fracos e me “amostrar” (sinceridade. Trabalhamos). Então não fica com raivinha de mim quando você ler isso aqui, viu, Rachel? Sim, porque ela VAI LER, né? #not

Primeiro "Rêitxi" (I'll be there for youuuu...) diz que o carnaval não é uma festa genuinamente brasileira. Ok, gata, a origem do carnaval vem da Europa, mas, como você mesma disse, ele se adaptou à cultura brasileira e hoje é, sim, a festa mais característica do nosso país. Mais até do que o São João, que seria a festa mais nordestina. A folia se transformou em uma marca internacional do Brasil, possuindo características específicas em cada região. O carnaval pode não ter surgido no Brasil, mas nós nos apropriamos dele como nenhum outro país.

Aí Ra-rá afirma com conhecimento de causa, já que ela ATÉ foi a Olinda EM PLENA terça-feira de carnaval (desculpa, mas eu ri nessa hora), que o esquindô-esquindô não é uma festa popular, que só há espaço e diversão para os ricos que compram abadás, camarotes vips e festas privadas. Eu me pergunto AONDE ela foi em Olinda, porque lá só existem blocos de rua, sem divisões entre as pessoas nem cordões de isolamento, coisa linda de se ver. Do Rio de Janeiro, ela só deve conhecer o camarote Brahma na Sapucaí e nunca pulou nos blocos de rua de lá, gratuitos também e que crescem a cada ano. Mesmo o carnaval de Salvador, que é o mais comercial de todos, tem lugar para a pipoca. Eu sei, pulei 4 dias do carnaval de Salvador na pipoca, falo com conhecimento de causa (VRÁÁÁ!).

Depois ela reclama que nenhum artista sobe num trio elétrico sem receber seu cachê, financiado pelo Poder Público, enquanto a população possui diversas necessidades não atendidas. Verdade. Mas artista é isso: artista. Ele vive do seu trabalho e precisa receber por isso. Quanto ao não financiamento público de festas enquanto o povo não tem saúde, educação, segurança, aí já entramos numa discussão bem mais ampla sobre o papel e a necessidade da arte e do lazer. Fora que o povo passa necessidade por conta da corrupção e da ineficiência dos políticos, e não por culpa do carnaval.

E quando ela fala que está cansada de ouvir a boa música ser calada a força por hits do momento? MICHEL TELÓ ALERT! MICHEL TELÓ ALERT! Isso é a representação da cultura brasileira? Não é? Vou sugerir uma reportagem de capa sobre isso a uma revista seman... OH WAIT!

Quelzinha diz também que o carnaval só dá lucro a dono de cervejaria, de trio elétrico e uns artistas baianos e que o pessoal que vende latinha de cerveja e espetinho durante a festa morreria de fome se dependesse só disso pra sobreviver. Verdade, esse pessoal não conseguiria se manter o ano todo só com isso, mas eles conseguem, sim, fazer uma grana boa. O fato de o carnaval não garantir um sustento ao longo de todo o ano não desqualifica as oportunidades que cria para uma parcela da população que precisa disso.

Pra fechar a conta e passar a régua, Quequel (é muito apelido, Brasil!) fala do prejuízo com as mortes dos acidentes causados por foliões embriagados, as curetagens dos filhos do carnaval e as DSTs da galera que sai dando mais que chuchu na serra. Bora lá pensar direito? Os acidentes são causados por estradas mal conservadas, defasadas, com apenas uma faixa em cada sentido, criando oportunidade para ultrapassagens perigosas; por uma legislação de trânsito e um código penal extremamente coniventes com motoristas que dirigem alcoolizados e por falta de fiscalização. Mas, acima de tudo, os acidentes são causados pela irresponsabilidade das pessoas, e não pela festa. Se for assim, o Natal e o Ano Novo também matam: 460 mortes no fim de 2011, contra 216 no carnaval. Quanto ao embuchamento e gonorreia da galera, o Governo faz campanhas de conscientização e distribui camisinhas todos os anos. A culpa é, novamente, da irresponsabilidade das pessoas. O carnaval não tem bilau pra meter em lugar nenhum; pessoas têm.

É isso, meu povo. Achei Rachel muito da corajosa em ir pra TV e defender seu ponto de vista contra uma festa tão popular (ops! Mas ela disse que não é popular! Comofas?), só não concordo com seus argumentos bem frágeis tentando personalizar um evento e dar a ele todas as culpas do que está errado no Brasil. Todo mundo tem direito de não gostar de uma festa popular (eu mesmo detesto o São João), mas vamos argumentar direito, né?

Tchau, gente! Até nosso próximo post, daqui a alguns meses, se eu mantiver a tradição. Em 2013 eu escrevo um post sobre o "caso Michel Teló".


PS: sim, eu tenho problemas com parênteses.