terça-feira, 27 de maio de 2008

Vacina Constanza Pascolato

Eu e minhas teorias estapafúrdias: começo a achar que a breguice é um vírus que todos nós pegamos a alguma altura da vida. O negócio é que alguns criam anticorpos e adquirem resistência, outros não.
Formulei essa teoria ao ver um carro – aliás, não “um carro”, pois não era um Fusca ou um Uno (perdão se você juntou seu salário suado para comprar um Mille bacaninha, mas é que eu precisava de um objeto de comparação para dramatizar a coisa), era um Audi – com 2 adesivos no vidro traseiro. Hoje eu abomino todo e qualquer adesivo em vidros, lataria e qualquer outra parte de automóveis, mas já fui um forte adepto de adesivos. Não só adesivos como também aqueles bonequinhos medonhos com ventosas que ficavam pinando no vidro do carro. O nosso era um Garfield, a quem interessar possa.
Tudo bem que todas essas abominações das quais eu era tão fã ocorreram na época em que eu era um pequeno infante fã da Xuxa – se você cresceu nos anos 80 e disser que nunca gostou da Xuxa, eu vou dizer que você não teve infância – e criança não tem gosto, tem desgosto, mas os outros habitantes da minha residência também “custiam” essas bizarrices e eram bem mais velhos. E também estão livres do vírus da breguice hoje em dia.
Fora outras manchas no meu passado, como as camisas de viscose estampada que eu já revelei aqui mesmo nesse blog que vos fala que eu usava. E adorava. Detalhe: era minha própria mãe, esse ser que tanto exalto post sim, outro também, quem fazia as camisas e me dava para usar. A prova cabal de que a breguice é um vírus que não escolhe vítima ao qual podemos criar resistência.
Por isso eu ainda tenho esperança quando vejo um carro cheio de adesivos, uma criatura usando listras com estampa, roupas com brilhos ao meio-dia, gente dirigindo um Golf último modelo de janela aberta com o som truando um forró ou um funk ou com aqueles néons azuis embaixo do carro (acreditem, isso já aconteceu comigo). O problema é que, para algumas pessoas, o vírus da breguice parece ser um retrovírus, tipo uma gripe que se apresenta cada vez como um vírus diferente e não deixa o sistema imunológico do infeliz dar cabo dele. Mas vamos ter fé. A desgraça é se o vírus da breguice também for transmitido pelo Aedes Aegypti, pois ninguém parece conseguir dar cabo do desgramado (que o diga o César Maia)! Jesus, põe a mão!

domingo, 18 de maio de 2008

Uma coisa Hollywood de ser: mensagem escondida depois dos créditos finais

Eu andava meio desiludido, cabisbaixo, macambúzio e sorumbático com meu blog (deixei o tio Aurélio Buarque de Holanda orgulhoso agora, hein?). Foram quase 2 meses sem postar, mas dia das mães é covardia e eu não podia deixar de escrever qualquer coisa, nem que fosse um post preguiçoso de quem não fez uma força maior para escrever algo diferente do que já escreveu trocentas vezes (que foi o que eu postei).
Mas estou de volta em grande parte por causa do animus escrevendi que minhas novas leitoras me deram. Como eu sou bocão mesmo, eu dou logo nome aos bois: Ana e Laís. E também a minha velha amiga Val, que deixou um recadinho Rambo V no penúltimo post.
Bom, explicações e sentimentalismos à parte, voltemos às atividades.
Ó só, quando disserem pra você que se compra de um tudo no Saara do Rio de Janeiro (para quem não assistia à novela com a Taís Araújo e o Lázaro “Foguinho” Ramos: Saara é um centro comercial popular do Rio de Janeiro, um grande camelódromo, a verdade é essa), pode acreditar! Em uma visita minha ao antro das chamadoras de “Ném”*, eu vi uma maquininha de sorvete com um cartaz de preços. Mas qual não foi a minha surpresa ao ver ali, em meio às casquinhas simples e duplas, um dia da semana sendo vendido assim, levianamente: estava lá, para todo mundo ler, com preço (que eu esqueci, falha grave) e tudo, “Sunday”. Rapaz, até dia da semana eles vendem no Saara! E ainda há quem diga que não se recupera o tempo perdido! Gastou um domingão lavando o carro ou levando a sogra ao aeroporto? Vai no Saara que você o compra de volta, assiste ao jogo do Parmêra, do Curíntiã (licença, Lucy) ou do Framengo, vê umas bundas e uma desgraça alheia no Gugu e atura o Faustão interrompendo até pronunciamento do presidente da República.
* O que vem a ser “Ném”? Bom, isso é uma epidemia que se espalha pelo Rio de Janeiro, mais do que a dengue e sem direito a tenda de hidratação. É uma expressão que as... bem, as... as mulheres (geralmente) de baixo poder aquisitivo, digamos assim, usam para se dirigir a qualquer pessoa indiscriminadamente. Se há alguma lógica por trás disso, creio eu ser um diminutivo para “neném”. Vou descrever uma cena para vocês que vai dar a dimensão exata da coisa: um amigo entra em uma loja do Saara e começa a olhar os produtos, então chega a vendedora com um “xóstinho” de Lycra, um top também de Lycra com o bucho de fora, arrastando um par de Havaianas enfeitadas com miçangas e uma caneta prendendo o cabelo (Bic Cristal, muito provavelmente) e pergunta: “Posso ajudar, Nem?” Jesus, toma conta!
Fontes de pérolas também são o MSN e o Orkut. Aliás, a Internet como um todo, pois, desde que inventaram o internetês, aqueles e-mails recorrentes das pérolas do ENEM são fichinha perto das barbaridades gramaticais que se encontram na World Wide Web (fale World Wide Web 3 vezes seguidas com a boca cheia de farofa sem cuspir! World Wide Web, World Wide Web, World Wide Web!!! Pedimos perdão à nossa audiência sentada na primeira fileira). Eu acho que deveria existir uma licença mensal a ser concedida para as pessoas poderem ter acesso à rede mundial de computadores. Todos os meses os internautas teriam que fazer uma provinha básica de Português com professores Pasquales virtuais da vida para poderem continuar acessando a “internê”.
Mas depois desse desabafo todo foi que eu me dei conta de que o que tenho pra comentar sobre frases colhidas na Internet não tem nada a ver com erros de escrita. Aliás, um deles até tem erro de semântica, mas não de morfologia ou sintaxe (sim, isso aqui virou uma gramática agora. Ninguém merece!). Uma pérola ótima que pesquei há algum tempo foi uma frase de MSN (que eu tenho plena certeza que a pessoa não lerá aqui, não se preocupem, leitores fiéis, que eu jamais causarei constrangimento a vocês, mesmo que anonimamente). Ao lado do nome da criatura, vinha aquela mensagem pessoal: Quando menos esperamos nos deparamos com o imprevisível. Por favor, me ajudem: fui eu que assisti aulas demais de Português ou há como ser diferente? Dá para esperar o imprevisível?
Outra coisa insuportável é a mania da extensão das vogais finais em mensagens eletrônicas. Para toda e qualquer coisa. Tipo as pessoas que conversam com seus miguxos no MSN ou deixam recados no Orkut assim: Juraaaaaaaaaaaa? Verdadeeeeeeeeeee? Fala sérioooooooo!! Mas não precisa ser num momento de espanto ou extrema alegria porque vai haver um novo show do RBD para pessoas serem pisoteadas! NÃO!!! Pode ser até ao passar uma informação banal, tipo: “Vou tomar banhooooooooooo”, ou “Tá chovendooooooooo”, ou “O Lula falou uma merdaaaaaaaaaaaa” (tipo, coisas corriqueiras). Minha vontade é dizer pra esses seres: “Passe amanhããããããããã!!!”
Como prêmio para quem teve a paciência de ler tudo isso até o final, aqui vai uma informação vital: hoje, o “Enquanto isso, na Sala de Justiça” completa 4 anos de existência! Eeeeeeeeeeee!!! Parabéns para mim, que consegui encher 4 anos (com certos períodos de ausência, motivados pela falta de audiência muitas vezes) com variadas besteiras e algumas mensagens relevantes para o amadurecimento da humanidade.