segunda-feira, 29 de maio de 2006

Uma mão lava a outra

Falemos de um problema que assola nossa sociedade, algo que causa transtorno em nosso dia-a-dia: o sabonete Frankstein. Elucidarei. Pegamos um sabonete novo e o usamos para tomar banho até que ele chegue àquela espessura que você não consegue segurar para passar o sabonete no corpo. E o que fazemos com aquele resto de sabonete? Colocamos na pia para lavarmos as mãos após o uso do sanitário. Geralmente coexistem na saboneteira vários restos de sabonete, o que gera o desconforto de, ao lavarmos as mãos com aquele amontoado de cotocos ensaboados, ficarem escapando pedaços pelos cantos das mãos. Então nós temos que sair juntando os pedacinhos, pois é necessário juntar todos eles para conseguir ensaboar decentemente as mãos. O pior é quando algum deles cai no ralo da pia. Aí vamos tentar pegá-lo e, se ele estiver muito mole, o dito cujo fica se esbagaçando e tapando o ralo. Para evitar esse tipo de problema, o que muita gente faz? Pega todos os pedacinhos, junta-os e os aperta bem, para formar um sabonete feito de restos de outros. O sabonete Frankstein. Existe coisa mais “da mundiça” do que o sabonete Frankstein? Mas quem nunca fez um que atire o primeiro Dove!

quinta-feira, 18 de maio de 2006

Salvemos o Brasil

Não vou nem tentar adjetivar a onda de violência que varreu o Brasil na última semana, pois “lamentável”, “assustadora” e “preocupante” não dão conta de qualificar o bastante essa degradação total dos direitos civis básicos da sociedade brasileira. Quanto mais eu assistia aos telejornais e via o que estava acontecendo, mais chocado eu ficava. Agora, apesar de alguns ônibus ainda terem sido queimados nas últimas 12 horas e a polícia de São Paulo ter parado um carro com 4 bananas de dinamite esta manhã, as coisas começam a voltar o normal, como os noticiários tanto divulgam. Os ônibus voltam a circular, o comércio volta a abrir as portas, escolas e faculdades voltam a dar aulas, os conhecidos engarrafamentos voltam às ruas de São Paulo. E o que fica é a grande questão: o que fazer? Ao ver os senadores aprovarem em um único dia 11 medidas de segurança para tentar dificultar a organização das redes criminosas dos presídios até cheguei a pensar que os políticos brasileiros ainda são capazes de se mobilizar e fazer algo em prol do nosso povo, para quem e por quem eles deveriam sempre trabalhar, embora a mera aprovação dessas medidas não signifique que elas vão funcionar e surtir os efeitos esperados. Contudo, nossos estimados políticos parecem já ter voltado ao seu hábitat natural: um jogo de empurra das responsabilidades e culpas e a inútil e infrutífera briga entre governo e oposição. Voltamos ao velho problema deste país. O objetivo dos governantes parece não ser o de servir ao Brasil e aos seus cidadãos, que os elegeram, mas, sim, o de fazer seu partido aparecer mais aos olhos da população do que o partido da oposição. O jogo político brasileiro não tem o objetivo de construir um país, e sim o de construir legendas partidárias (que, no fim das contas, não possuem consistência nenhuma). E não são apenas os políticos que padecem dessa fraqueza de caráter de pensar em si ou em sua categoria. Já vi e revi o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Rogério Busato dando uma declaração às redes de TV se dizendo contra a medida aprovada pelo Senado que obriga os advogados dos presos a passarem por revistas ao entrarem nos presídios. Ao justificar sua posição, além de cometer um erro crasso de português, o presidente desqualificou o próprio argumento: disse que a maioria dos advogados não ferem (aqui está o erro, pois o correto seria fere) os princípios éticos da profissão. Ao falar em maioria, o presidente da OAB reconheceu a existência de uma minoria, o que mais do que justifica a revista de todos que entram nos presídios. Ao dar tal declaração, Busato só me passou a mensagem de que não se pode mexer nos brios dos advogados. Parece que tal classe não é digna de desconfiança e não merece passar por revista. Já chega de sentimentos descabidos de superioridade, seja de advogados, políticos ou de qualquer outra classe. Precisamos é de união, de formar parcerias para vencer todos os problemas que assolam nossa sociedade, e eles são muitos. Dizer que todos os políticos são iguais e se desinteressar completamente da política não vai resolver o problema. Dizer-se interessado, votar com certo grau de atenção e depois não cobrar a correta atuação dos candidatos também não vai resolver o problema. Ficar sentado no conforto do seu lar apenas escrevendo posts indignados tampouco vai trazer uma solução. Temos que fiscalizar, cobrar, exigir. Necessitamos de uma sociedade civil organizada, unida. Não é deixando tudo na mão dos políticos que as coisas vão se resolver. Chegou a hora de a sociedade brasileira sair desse estado de letargia e fazer algo em seu próprio benefício. Chega de assistirmos, diariamente, ao desrespeito completo da Constituição, que deveria ser a carta de princípios, direitos e deveres básicos do país. Não é com medidas emergenciais e paliativas que resolveremos o problema, pois a questão da segurança pública possui causas e raízes muito mais profundas. É preciso investir em educação, em saúde, em habitação. É necessário dar condições de vida aos cidadãos brasileiros para que eles não se sintam tão atraídos pelo mundo do crime. E só no momento em que a sociedade se organizar e exigir que os governos, tanto municipais quanto estaduais e federal, deixem de lado suas picuinhas e mesquinharias e comecem a trabalhar pelo país é que veremos algo mudar. Não é problema de falta de recursos, como alguns secretários de segurança insinuaram, pois a carga tributária no Brasil já está em quase 40% do PIB. O que falta é vontade política, o que falta é cidadania, o que falta é união da sociedade, e o que sobra é corrupção.

segunda-feira, 15 de maio de 2006

Não sou pobre, sou fitness

Viagem feita, estou eu aqui de volta à cidade maravilhosa. Na verdade, o post de ontem já foi escrito em terras cariocas, mas a ocasião merecia exclusividade e eu não falei em viagem. Ir a Fortaleza sempre é bom, o problema foi o tempo curto que não me permitiu fazer tudo o que eu queria nem rever todas as pessoas queridas. E para não deixar de ser Poliana, eu me consolo dizendo que assim é bom porque fica um gostinho de “próxima vez”. E o “causo” da viagem que eu vou contar hoje já nasceu com o adesivo “Post do Enquanto Isso, na Sala de Justiça” colado na testa. Pouco depois que cheguei à casa da minha madrinha, minha amiga/irmã Ledíssima apareceu e ficamos conversando e matando as saudades. Mais tarde, quando fui deixá-la em casa, Leda soltou a pérola. Fui deixá-la dirigindo o carro da minha madrinha, que é automático. Não sei como o assunto se iniciou, só sei que Leda Maria, com sua cabecinha prodigiosa para besteiras, bobagens e afins, começou a dissertar sobre as vantagens do carro manual: a necessidade de ficar movimentando o braço (sem falar no pé esquerdo) para mudar as marchas é muito mais saudável e gasta muito mais calorias. Aí fomos desenvolvendo o assunto e chegamos à conclusão de que o mesmo princípio vale para as janelas: o exercício de ficar rodando a manivela de subir e abaixar os vidros é muito mais salutar. Direção hidráulica é meio passo para braços flácidos e fracos. Quatro portas? Nem pensar! Só se for para perder a chance de fazer bons abdominais ao ficar se curvando para frente ao afastar o banco para deixar os passageiros entrarem no carro e saírem dele. Trava elétrica só serve para perder toda a flexibilidade: o alongamento que se faz para puxar o pino da porta do passageiro é essencial! E carro sem ar-condicionado é a oportunidade ideal de fazer uma saunazinha e perder uns quilinhos. Pronto! Já estava mais do que justificado o porquê de o carro que a Leda comprará um dia ser manual, com duas portas apenas, sem vidros e travas elétricas, sem direção hidráulica e sem ar-condicionado. Numa época em que todo mundo só pensa em fazer academia, malhar, cuidar do corpo, eu disse à Leda: “É isso mesmo! E, se eu fosse você, eu mandaria fazer um adesivo para colar no carro dizendo assim: Não sou pobre, sou fitness!”.

segunda-feira, 8 de maio de 2006

Ninguém cozinha como eu cozinho

A primeira que vier me falar de emancipação feminina, de dupla jornada de trabalho vai ser limada da minha lista de amizades. Quero só dizer que ontem, em pleno domingão, houve um almoço aqui em casa. Os participantes? 5 homens. E quem preparou o almoço, perguntam vocês. Nós mesmos! Na verdade, dois deles só foram ao supermercado comprar outra picanha e o resto dos ingredientes que faltavam, mas Poli, Jonas e eu preparamos todo o almoço. Eu descasquei todas as batatas, cortei parte delas e os tomates e o pimentão para a salada; Jonas cortou a outra parte das batatas e cuidou do resto da salada; e Poli, nosso amigo gaúcho e churrasqueiro de plantão, cuidou da picanha. Ah! Faltei com a verdade (“faltei com a verdade” é tão mais bonito do que “menti”, vocês não acham?)! Um dos outros dois que foram ao supermercado cuidou do arroz! E o coitado veio só passar o fim de semana pra fazer o concurso da Petrobras. Gustavo, nosso vizinho, só fez mesmo ir ao supermercado e encher a pança quando a comida ficou pronta. Porém, justiça seja feita, ele teve uma participação importantíssima depois do almoço: foi na máquina de lavar louça dele que boa parte da louça suja foi lavada. Sim, porque passar a tarde do domingo com o bucho no fogão é uma coisa, mas ficar pregado numa pia depois já é demais!!

quarta-feira, 3 de maio de 2006

Melhor ou pior?

Dia desses passou na TV uma reportagem sobre o julgamento de Pimenta Neves, o jornalista que assassinou (frise-se: ASSASSINOU) sua ex-namorada Sandra Gomide em 2000. Não vou entrar no mérito da falha do sistema judicial brasileiro, que permite que tal indivíduo esteja solto até hoje sem julgamento, já estou ficando cansado de tanto reclamar do que está errado neste país. Quero comentar o que ouvi o repórter dizer, que a defesa iria alegar “crime de amor” (crime passional). Em primeiro lugar, não me entra na cabeça dizer que alguém matou outra pessoa por amá-la demais. Amor não mata, não fere propositalmente, não faz mal. Se um namoro problemático, cheio de brigas e crises, já não é amor a meu ver (pode ser uma relação carnal, um acordo implícito entre um dependente crônico e um controlador compulsivo, qualquer coisa, menos amor), imagine uma relação que acaba em morte. A segunda coisa que me espanta é considerar um crime passional mais brando e, por conseguinte, o criminoso menos perigoso. Não estou querendo dizer que o criminoso que premedita seu ato de barbárie é menos perigoso, de jeito nenhum, mas o criminoso passional não é melhor do que ele. Pensem comigo: aquele que premedita sabe o que está fazendo, tomou a decisão racional de cometer aquele crime. Ao ser punido de maneira exemplar, ele aprende (ou, pelo menos, deveria aprender) que pode haver conseqüências graves para si se decidir cometer tal crime novamente, ou seja, há como ensinar um criminoso premeditado que ele não deve fazer aquilo novamente. Mas e um criminoso passional? Esse consiste em alguém que, no calor de uma discussão, no auge de suas emoções, não se controla e é capaz de fazer qualquer coisa. Ele não decide agir daquela forma, ele simplesmente age, sem raciocinar se deve ou não fazer aquilo. E aí fica a minha pergunta: como uma pessoa descontrolada pode ser considerada menos perigosa do que um criminoso calculista?

terça-feira, 2 de maio de 2006

Coisa de criança

Quando eu penso que já vi de tudo no mundo da política brasileira, me vem o Garotinho e me arma essa presepada (nem me atrevi a chamar de palhaçada para não insultar a distinta classe dos palhaços). Greve de fome? Tenha santa paciência! E pra que mesmo? Para protestar contra a perseguição que ele está sofrendo dos outros partidos e dos meios de comunicação? Coitadinho!! Aí ele exige que organismos internacionais monitorem o processo eleitoral brasileiro e que os meios de comunicação cedam espaço para que ele publique suas menti... quer dizer, suas réplicas. Ai, ai! E o pior é que o coitado escolheu uma época péssima para seu freak show. Com a nacionalização dos poços de petróleo e gás da Bolívia (esse, sim, um assunto sério – seriíssimo até), quero ver qual vai ser o destaque que um “político” desmiolado vai ter nas manchetes. A criatura não ajuda a gente, né? Já tem como sobrenome Garotinho e ainda toma atitudes como essa. É pedir pra que façam piada! Meu medo é o seguinte: o que ele vai fazer quando começar a ir mal (e ele há de ir) nas pesquisas de intenções de voto? Vai prender a respiração até ficar azul?