quarta-feira, 3 de maio de 2006

Melhor ou pior?

Dia desses passou na TV uma reportagem sobre o julgamento de Pimenta Neves, o jornalista que assassinou (frise-se: ASSASSINOU) sua ex-namorada Sandra Gomide em 2000. Não vou entrar no mérito da falha do sistema judicial brasileiro, que permite que tal indivíduo esteja solto até hoje sem julgamento, já estou ficando cansado de tanto reclamar do que está errado neste país. Quero comentar o que ouvi o repórter dizer, que a defesa iria alegar “crime de amor” (crime passional). Em primeiro lugar, não me entra na cabeça dizer que alguém matou outra pessoa por amá-la demais. Amor não mata, não fere propositalmente, não faz mal. Se um namoro problemático, cheio de brigas e crises, já não é amor a meu ver (pode ser uma relação carnal, um acordo implícito entre um dependente crônico e um controlador compulsivo, qualquer coisa, menos amor), imagine uma relação que acaba em morte. A segunda coisa que me espanta é considerar um crime passional mais brando e, por conseguinte, o criminoso menos perigoso. Não estou querendo dizer que o criminoso que premedita seu ato de barbárie é menos perigoso, de jeito nenhum, mas o criminoso passional não é melhor do que ele. Pensem comigo: aquele que premedita sabe o que está fazendo, tomou a decisão racional de cometer aquele crime. Ao ser punido de maneira exemplar, ele aprende (ou, pelo menos, deveria aprender) que pode haver conseqüências graves para si se decidir cometer tal crime novamente, ou seja, há como ensinar um criminoso premeditado que ele não deve fazer aquilo novamente. Mas e um criminoso passional? Esse consiste em alguém que, no calor de uma discussão, no auge de suas emoções, não se controla e é capaz de fazer qualquer coisa. Ele não decide agir daquela forma, ele simplesmente age, sem raciocinar se deve ou não fazer aquilo. E aí fica a minha pergunta: como uma pessoa descontrolada pode ser considerada menos perigosa do que um criminoso calculista?

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