terça-feira, 31 de agosto de 2004

Lágrimas ou sorrisos?

Reprise de “Sex and the city”. Velhas emoções, lágrimas novas. Quantas vezes é possível chorar pela mesma coisa? Excesso de sensibilidade? Sei lá. Mas, apesar do choro de hoje, ontem eu ouvi que eu sou “muito feliz”. Será? Fiquei imaginando. Claro, eu tenho meus momentos “cinzas”, mas, em geral, creio ser uma pessoa bem positiva. Comecei a pensar: eu tenho tantos motivos pra ser feliz? Listei mentalmente os motivos para ser infeliz, mas antes mesmo de terminar a lista dos infortúnios e começar a dos motivos pró-felicidade, parei e pensei que não vale a pena me apegar nisso. Como diria a camisa que usei no dia do meu aniversário, “Don’t worry, be happy”.

segunda-feira, 30 de agosto de 2004

Textículos

Mais uma da série não-tinha-o-que-escrever-então-vou-postar-comments-de-outro-blog. Quem quiser pegar o contexto dos comentários, leia o post de sexta passada e o de hoje do “Albergue Mental”.

Mãos

Tuas mãos são mágicas e perigosas. Quando me tocam, fico tenso, enrijeço e peço que pares. Mas, se começam a me fazer uma massagem, enlouqueço, entorpeço e esqueço que todo fim tem um começo, e, ao me deixarem relaxado, ignoro meu coração magoado e posso dar mais um tropeço.

Garçom, vê 1 kg de poesia

Se antes comia palavras, agora as devoro. Se antes uma pizza brotinho de versos me bastava, agora só quero saber de pizza família. Não me contento mais com poesia à la carte, só desejo rodízio. E de tanto ingerir palavras belas, às vezes regurgito poemas quase tão bonitos quanto os que degluto.

quarta-feira, 25 de agosto de 2004

Se autocopiando-se a si mesmo

Atendendo a pedidos (ô mentira, foi um pedido só), vou postar hoje um comentário que deixei anteontem no "Albergue Mental". E já que a ordem do dia é publicar comentários de posts alheios, vou aproveitar e postar um comentário que acabei de deixar no mesmo blog. Divirtam-se!



Palhaço do circo

Às vezes a gente entra num circo chamado Amor e, sem percebermos, acabam fazendo de nós os palhaços do show. Vem uma mágica tão bela que mais parece a assistente, coloca nosso coração dentro de um caixa e a serra no meio. Então a mágica abre as duas partes da caixa e devolve só metade do nosso coração serrado. De repente, ela se pendura em um trapézio e faz mil e uma acrobacias para fugir de nós, brinca de malabares com a metade roubada do nosso coração. Enquanto ela se diverte, viramos um engolidor de espadas nada treinado, pois ficamos sempre com algo atravessado na garganta. Mas é bom a mágica/trapezista/malabarista lembrar que o palhaço/engolidor de espadas pode virar um atirador de facas que não pretende acertar suas armas apenas na tábua e fazer todo o circo vir abaixo.

Não me digas

Se não é para devolveres teus lábios aos meus, não me digas que tens saudades. Se não é para me ligares pedindo para ir te ver, não me digas que ainda tens o meu telefone escrito com teu batom num guardanapo no dia em que nos conhecemos. Se não é para me embriagares com teu aroma, não me digas que ainda tens o perfume que te dei no nosso aniversário de um ano de namoro. Se não é para me amares, não me digas que não consegues me esquecer.

terça-feira, 24 de agosto de 2004

O fim

Ao assistir, ontem, ao último episódio de “Sex and the city”, eu já me senti extremamente propenso a escrever sobre ele, o que se fortaleceu após assistir à reprise de hoje. Por quê? Porque a série é (assim mesmo, no presente do indicativo) maravilhosa, trata de temas muito mais variados do que apenas sexo, possui personagens fortes, coerentes e carismáticos e sempre foi capaz de emocionar das mais diversas formas, não sendo diferente nesse último episódio. Uma série que, ao contrário do que leva a imaginar o título, trata, acima de tudo, de amizade e amor, não poderia passar assim despercebida e sem maiores comentários da minha parte. Se, nos dias de hoje, é difícil encontrar um programa de TV que emocione sem precisar escarafunchar a miséria humana, o que dizer de um sitcom americano que conseguiu fazê-lo continuamente? Foram várias as ocasiões em que o seriado mexeu com minhas emoções, mas a que quero comentar é aquela que fez lágrimas rolarem-me pelo rosto, tanto ontem como hoje. Miranda dá permissão ao seu marido para que traga a mãe para morar com eles após ela sofrer um pequeno derrame e ficar confusa e com lapsos de memória. Certo dia, a sogra de Miranda sai sozinha de casa, fazendo com que a nora saia desesperada à sua procura. Ao encontrá-la comendo um pedaço de pizza tirado do lixo, Miranda a leva para casa e dá um banho na sogra, por quem ela nunca teve muito apreço. Magda, a empregada e babá de Miranda, passa pela porta do banheiro e vê a cena. Mais tarde, Miranda está sentada sozinha à mesa e Magda chega junto a ela e diz que o que ela tinha feito havia sido amor. “You love”, diz ela e beija Miranda na testa.
Acho que essa cena me emocionou tanto por ter sido a primeira vez que vi personagens fictícios de uma série mundialmente famosa ensinando aquilo que cresci vendo no exemplo vivo e real da minha mãe. Se alguém sabe o que é amar, se sacrificar pelos outros, fazer coisas que não lhe agradam em nome de um bem maior às pessoas que se ama, enxergar uma parte de alguém que amamos em pessoas que não possuem, em si mesmas, qualidades suficientes para sentirmos um sentimento assim tão nobre por elas e, dessa forma, passarmos a gostar mais delas, esse alguém é minha mãe. Que minha mãe é um exemplo a ser seguido por qualquer pessoa (e digo isso sem medo de estar exagerando nem sendo movido por um amor filial cego), eu sempre soube. Mas, assistindo ao último episódio de “Sex and the city”, eu vi a minha mãe na TV, servindo de modelo para todos os fãs do seriado, mesmo que não saibam que quem estava ali era a minha mãe, e não a Miranda.

segunda-feira, 23 de agosto de 2004

Saudades do (longínquo) passado

Ontem minha mãe foi embora, voltou para João Pessoa. E, embora quinta-feira da próxima semana ela esteja de volta a Fortaleza para um casamento, eu fico novamente dizendo para mim mesmo algo que eu já sei muito bem: como é ruim ter que ficar longe de quem a gente gosta! Em tempos de capitalismo super globalizado e mercado de trabalho cada vez mais competitivo, ficar junto à família e aos amigos virou um luxo quase impossível de se conseguir. Meu irmão fez o concurso da Petrobrás, passou e está morando no Rio de Janeiro; minha irmã está estudando para passar em algum concurso e ir morar onde for preciso; minha prima Nalús também; Carolina, Cecília e Kelvilene, idem; vários amigos meus e amigos de amigos meus também e todas as pessoas que lotam os cursinhos preparatórios para concursos públicos, assim como as que estudam em casa mesmo. Pensando nessa condição sine qua non para poder sobreviver no mundo de hoje, me dei conta de que felizes eram os homens pré-históricos: viviam ali, todos juntos, sem ter que se separar. Pelo contrário, mantendo-se unidos, possuíam mais chances de sobreviverem. Mesmo quando abandonaram o sedentarismo e se tornaram nômades, mudavam de terras juntos, o grupo inteiro. Ninguém precisava fazer uma especialização em “Planejamento estratégico de caça” em uma instituição longínqua para poder se encaixar no mercado de trabalho. Nem era necessário um mestrado em “Pesquisa de mercado da coleta de frutos”. Estudar para um concurso público e ir matar animais de outras paragens, longe da família, estava fora de questão, até porque não existia a instituição do Estado. Todo mundo vivia junto e feliz, fazendo suas pinturas rupestres nas paredes de suas cavernas, lascando pedras e pedindo uma pata de mamute emprestada na caverna do vizinho. Viva o Neolítico!

sábado, 14 de agosto de 2004

Eu quero entrar na rede, promover um debate

Hoje eu finalmente percebi como a minha vida está mergulhada na internet atualmente. Mais do que nunca. Há muito que eu digo que sou adicto à internet, mas só hoje percebi que a primeira coisa que faço ao ligar o computador é entrar em blogs (meu e alheios), ler posts e comentários, principalmente agora, que ganhei novos e assíduos leitores, com novos blogs para eu ler assiduamente. Engraçado que eu via amigas minhas totalmente entregues ao mundo blogueiro, preocupadas em postar, combinando saídas com os amigos escritores virtuais. E eu não conseguia entender qual era o grande lance dessa história. Agora eu entendo. E como minha cabeça ainda funciona em ritmo acadêmico, comecei a fazer análises do porquê de as pessoas aderirem aos blogs e irem buscar novas amizades e relacionamentos no meio virtual em vez de ir procurar por isso no mundo real. E comecei teorias pseudo-acadêmicas sobre os relacionamentos nos dias de hoje. Acho que estamos tão sem tempo e os primeiros contatos que estabelecemos com pessoas novas são tão superficiais que pelo menos alguns sentem uma necessidade de se mostrar mais a fundo, tirar os véus de falsidade e banalidade que a sociedade exige em alguns momentos e conhecer mais as pessoas com quem pretendem se relacionar. Para exemplificar, quem aqui imagina conversar com alguém que mal conheceu num Mucuripe ou numa Órbita da vida sobre filhos e estabilidade do casamento (post de hoje do “Devaneios & Embriaguez”) ou sobre amigos e saudade (diversos posts meus) sem passar por um doido com um quadro de carência afetiva crônico? A internet parece proporcionar uma mostra mais profunda de quem somos sem constrangimentos. Gosta quem escreve e aprecia quem lê. E quando passamos ao conhecimento “real” da outra pessoa, o cara a cara, fica sempre um constrangimento no ar. Acredito que se trata de termos a sensação de que aquela pessoa da internet, por mais fotos que tenham sido trocadas, é uma imaterialidade sem forma, um conjunto de pensamentos e sentimentos que não possui um corpo, e, ao passar ao conhecimento físico, temos a impressão de que aquela não é a pessoa com quem conversávamos sobre tantas coisas nos comunicadores instantâneos e blogs da vida. Parece que o ao vivo é tão superficial que os assuntos relevantes ficam só pro virtual. Mas não pensem que com isso estou dizendo que ignoro o físico num relacionamento amoroso, não cheguei a esse ponto de desprendimento do material (no sentido de materialidade, não no sentido de que as pessoas sejam objetos). Se eu for me relacionar amorosamente com alguém, a pessoa, além de ter um conteúdo profundamente interessante, tem que apresentar um físico que me atraia. Não procuro perfeição, mas uma harmonia interessante.