sábado, 14 de agosto de 2004

Eu quero entrar na rede, promover um debate

Hoje eu finalmente percebi como a minha vida está mergulhada na internet atualmente. Mais do que nunca. Há muito que eu digo que sou adicto à internet, mas só hoje percebi que a primeira coisa que faço ao ligar o computador é entrar em blogs (meu e alheios), ler posts e comentários, principalmente agora, que ganhei novos e assíduos leitores, com novos blogs para eu ler assiduamente. Engraçado que eu via amigas minhas totalmente entregues ao mundo blogueiro, preocupadas em postar, combinando saídas com os amigos escritores virtuais. E eu não conseguia entender qual era o grande lance dessa história. Agora eu entendo. E como minha cabeça ainda funciona em ritmo acadêmico, comecei a fazer análises do porquê de as pessoas aderirem aos blogs e irem buscar novas amizades e relacionamentos no meio virtual em vez de ir procurar por isso no mundo real. E comecei teorias pseudo-acadêmicas sobre os relacionamentos nos dias de hoje. Acho que estamos tão sem tempo e os primeiros contatos que estabelecemos com pessoas novas são tão superficiais que pelo menos alguns sentem uma necessidade de se mostrar mais a fundo, tirar os véus de falsidade e banalidade que a sociedade exige em alguns momentos e conhecer mais as pessoas com quem pretendem se relacionar. Para exemplificar, quem aqui imagina conversar com alguém que mal conheceu num Mucuripe ou numa Órbita da vida sobre filhos e estabilidade do casamento (post de hoje do “Devaneios & Embriaguez”) ou sobre amigos e saudade (diversos posts meus) sem passar por um doido com um quadro de carência afetiva crônico? A internet parece proporcionar uma mostra mais profunda de quem somos sem constrangimentos. Gosta quem escreve e aprecia quem lê. E quando passamos ao conhecimento “real” da outra pessoa, o cara a cara, fica sempre um constrangimento no ar. Acredito que se trata de termos a sensação de que aquela pessoa da internet, por mais fotos que tenham sido trocadas, é uma imaterialidade sem forma, um conjunto de pensamentos e sentimentos que não possui um corpo, e, ao passar ao conhecimento físico, temos a impressão de que aquela não é a pessoa com quem conversávamos sobre tantas coisas nos comunicadores instantâneos e blogs da vida. Parece que o ao vivo é tão superficial que os assuntos relevantes ficam só pro virtual. Mas não pensem que com isso estou dizendo que ignoro o físico num relacionamento amoroso, não cheguei a esse ponto de desprendimento do material (no sentido de materialidade, não no sentido de que as pessoas sejam objetos). Se eu for me relacionar amorosamente com alguém, a pessoa, além de ter um conteúdo profundamente interessante, tem que apresentar um físico que me atraia. Não procuro perfeição, mas uma harmonia interessante.

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