terça-feira, 24 de agosto de 2004

O fim

Ao assistir, ontem, ao último episódio de “Sex and the city”, eu já me senti extremamente propenso a escrever sobre ele, o que se fortaleceu após assistir à reprise de hoje. Por quê? Porque a série é (assim mesmo, no presente do indicativo) maravilhosa, trata de temas muito mais variados do que apenas sexo, possui personagens fortes, coerentes e carismáticos e sempre foi capaz de emocionar das mais diversas formas, não sendo diferente nesse último episódio. Uma série que, ao contrário do que leva a imaginar o título, trata, acima de tudo, de amizade e amor, não poderia passar assim despercebida e sem maiores comentários da minha parte. Se, nos dias de hoje, é difícil encontrar um programa de TV que emocione sem precisar escarafunchar a miséria humana, o que dizer de um sitcom americano que conseguiu fazê-lo continuamente? Foram várias as ocasiões em que o seriado mexeu com minhas emoções, mas a que quero comentar é aquela que fez lágrimas rolarem-me pelo rosto, tanto ontem como hoje. Miranda dá permissão ao seu marido para que traga a mãe para morar com eles após ela sofrer um pequeno derrame e ficar confusa e com lapsos de memória. Certo dia, a sogra de Miranda sai sozinha de casa, fazendo com que a nora saia desesperada à sua procura. Ao encontrá-la comendo um pedaço de pizza tirado do lixo, Miranda a leva para casa e dá um banho na sogra, por quem ela nunca teve muito apreço. Magda, a empregada e babá de Miranda, passa pela porta do banheiro e vê a cena. Mais tarde, Miranda está sentada sozinha à mesa e Magda chega junto a ela e diz que o que ela tinha feito havia sido amor. “You love”, diz ela e beija Miranda na testa.
Acho que essa cena me emocionou tanto por ter sido a primeira vez que vi personagens fictícios de uma série mundialmente famosa ensinando aquilo que cresci vendo no exemplo vivo e real da minha mãe. Se alguém sabe o que é amar, se sacrificar pelos outros, fazer coisas que não lhe agradam em nome de um bem maior às pessoas que se ama, enxergar uma parte de alguém que amamos em pessoas que não possuem, em si mesmas, qualidades suficientes para sentirmos um sentimento assim tão nobre por elas e, dessa forma, passarmos a gostar mais delas, esse alguém é minha mãe. Que minha mãe é um exemplo a ser seguido por qualquer pessoa (e digo isso sem medo de estar exagerando nem sendo movido por um amor filial cego), eu sempre soube. Mas, assistindo ao último episódio de “Sex and the city”, eu vi a minha mãe na TV, servindo de modelo para todos os fãs do seriado, mesmo que não saibam que quem estava ali era a minha mãe, e não a Miranda.

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