segunda-feira, 23 de agosto de 2004

Saudades do (longínquo) passado

Ontem minha mãe foi embora, voltou para João Pessoa. E, embora quinta-feira da próxima semana ela esteja de volta a Fortaleza para um casamento, eu fico novamente dizendo para mim mesmo algo que eu já sei muito bem: como é ruim ter que ficar longe de quem a gente gosta! Em tempos de capitalismo super globalizado e mercado de trabalho cada vez mais competitivo, ficar junto à família e aos amigos virou um luxo quase impossível de se conseguir. Meu irmão fez o concurso da Petrobrás, passou e está morando no Rio de Janeiro; minha irmã está estudando para passar em algum concurso e ir morar onde for preciso; minha prima Nalús também; Carolina, Cecília e Kelvilene, idem; vários amigos meus e amigos de amigos meus também e todas as pessoas que lotam os cursinhos preparatórios para concursos públicos, assim como as que estudam em casa mesmo. Pensando nessa condição sine qua non para poder sobreviver no mundo de hoje, me dei conta de que felizes eram os homens pré-históricos: viviam ali, todos juntos, sem ter que se separar. Pelo contrário, mantendo-se unidos, possuíam mais chances de sobreviverem. Mesmo quando abandonaram o sedentarismo e se tornaram nômades, mudavam de terras juntos, o grupo inteiro. Ninguém precisava fazer uma especialização em “Planejamento estratégico de caça” em uma instituição longínqua para poder se encaixar no mercado de trabalho. Nem era necessário um mestrado em “Pesquisa de mercado da coleta de frutos”. Estudar para um concurso público e ir matar animais de outras paragens, longe da família, estava fora de questão, até porque não existia a instituição do Estado. Todo mundo vivia junto e feliz, fazendo suas pinturas rupestres nas paredes de suas cavernas, lascando pedras e pedindo uma pata de mamute emprestada na caverna do vizinho. Viva o Neolítico!

Nenhum comentário:

Postar um comentário