quarta-feira, 5 de abril de 2006

Caixinha de ilusões

Sabem aquela história de quem não quer admitir que estava assistindo a um certo programa na TV e manda um: “eu estava zapeando (ou sapeando, como neologizou o mestre da comunicação Sílvio Santos – tudo bem, ele pode) e vi no programa do Ratinho (peguei pesado também)...”? Comigo é verdade. Quando estou procurando algo para assistir nos meus momentos de descanso (geralmente, no fim da noite) eu vou mudando os canais e, às vezes, paro em algum programa de que não gosto. “Como assim?”, vocês podem se perguntar. Se eu não gosto do programa, por que deixo a TV sintonizada nele? Justamente para confirmar o porquê de eu não gostar. Sou da opinião que você deve assistir partes (por favor, só partes) de um programa de que você não goste para poder dizer por que você não gosta. Aliás, é um princípio para qualquer coisa na vida: pessoas, lugares, comidas, músicas. Você deve dar uma chance a algo antes de sair dizendo que não presta. É seguindo esse princípio que eu paro para assistir uns 5 minutos (no máximo) dos Superpops da vida, dos Shows do Tom (ressalva: havia algo que valia a pena no programa do Tom Cavalcante, o Big Brega Brasil, uma sátira ao Big Brother que foi ar concomitantemente ao programa da Globo e possuía momentos engrançadíssimos graças aos talentos humorísticos de Tiririca e Shaolim), dos Sabadaços. O único programa que não merece essa segunda (ou terceira, ou quarta, ou quinta...) chance é o Domingo Legal. Gugu é uma das criaturas mais abomináveis da televisão brasileira e deveria ser execrado, banido, exilado, deportado. E foi seguindo esse princípio que eu confirmei o porquê de eu não gostar mais do Saia Justa, programa do GNT, desde que ele foi reformulado e saíram Marisa Orth (a melhor do programa), Marina Lima (nem boa, nem ruim, apenas cumpria seu papel de ocupar o espaço deixado por Rita Lee, que apimentava o programa com sua irreverência e atitude roqueira) e Fernanda Young (apesar de sua rebeldia sem causa, eu gostava dela) e entraram Luana Piovani, Bety Lago e Márcia Tiburi, permanecendo apenas a sempre competente Mônica Waldvogel. De compromisso certo às quartas o programa passou a ser digno apenas das minhas passadelas de controle remoto em mão. Semana passada peguei uma discussão já engatada pelas apresentadoras sobre ser ou não ser gordo, eis a questão. Começaram com a constatação politicamente correta e óbvia de que é errado fazer piadas e comentários jocosos sobre gordos, mas que todos nós fazemos. Até aí tudo bem. É óbvio, mas é sempre bom ver as pessoas praticando a sinceridade em cadeia nacional. O problema foi quando a “filósofa” (ela é formada em Filosofia mesmo, coloquei entre aspas porque, pra mim, a filosofia dela é uma negação) Márcia Tiburi veio com sua tese de que ser gordo tem a ver com ter mais espaço, logo ter mais poder, e por isso muitas mulheres de classes baixas são gordas, para poderem ter mais espaço na sociedade. Aí não deu! Mudei de canal com a convicção de que vai demorar um bocado para eu dar outra chance ao programa.

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