sexta-feira, 13 de outubro de 2006

There is nothing to see here

Semana passada eu conheci uma garota que conhece um cara (o amigo do primo do vizinho do cunhado do dentista do irmão...) que faz a edição de “matérias” do Sabadaço, aquele excelente programa de um anti-apresentador (tipo o anti-Cristo mesmo, o exato oposto do que é um apresentador) chamado Gilberto Barros (“Boa noite, Brasil!!”). E o pior é que eu ainda vi a matéria que ele veio fazer aqui no Rio sobre a Princesa do Funk, aquela psicóloga que largou o consultório – que, com certeza, vivia abarrotado de clientes – para virar funkeira. Eu já confessei que às vezes dou uma “sapeada” (neologismo Silvio Santístico) pelos programas de excelente qualidade da TV brasileira para ver o que de grotesco está rolando por lá. Eu permaneço convicto do argumento de que temos que assistir a essas coisas de vez em quando para podermos falar com propriedade que o negócio é ruim que dói. Mas cuidado! Como todo veneno, só não é letal em doses pequenas! Qualquer coisa superior a 5 minutos causa sérios danos às funções cerebrais! Mas acho que há algo mais do que o espírito crítico-pesquisador nessas assistidelas de programas do naipe do Sabadaço, Superpop e Domingo Legal. Deve haver algum impulso intrínseco da natureza humana pelo bizarro. Tipo quando passamos devagar por um acidente de carro para dar uma espiada mesmo sabendo que não devemos. Antes de entrar na faculdade, eu me continha ainda mais nas minhas passadas pelos péssimos programas da TV, pois eu me recusava a dar Ibope àquelas coisas. Mas nada como a experiência acadêmica para ensinar que o Ibope é medido através de um cálculo estatístico baseado na amostragem dos dados coletados pelos aparelhos instalados nos televisores de alguns poucos domicílios escolhidos pelo Brasil. A minha dúvida é só como classificar os 3 programas citados anteriormente: qual deles seria um engavetamento de 5 ônibus, 2 caminhões e 7 carros em que morreram os motoristas de todos os veículos, qual seria um engavetamento de 7 ônibus, 3 caminhões, 2 vans e 10 carros de passeio em que morreram metade dos passageiros e qual seria o top top, aquele engavetamento de 10 Scanias, 15 ônibus, 37 carros de passeio, 9 vans, 15 motos, 3 velocípedes, 5 triciclos, 2 patinetes, 4 skates e 2 carrinhos de rolimã causado pela queda de um helicóptero – o Águia Dourada, por exemplo – em que todas as vítimas foram mortas e esquartejadas pelas hélices do aparelho voador. Briga feia essa, hein?

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