quarta-feira, 20 de julho de 2005

Aos amigos

Quem costuma visitar o “Enquanto isso, na Sala de Justiça” já viu que eu falo muito de amizade. Falo porque acredito, porque aprecio, porque valorizo. Amizade, daquelas verdadeiras mesmo, até porque não existe amizade falsa, é algo difícil de achar e difícil de manter também. A gente costuma achar que, uma vez conquistada a amizade, sua manutenção não exige nenhum esforço. Seria algo como comprar um carro que não quebra nunca: você gasta na compra, mas não precisa desembolsar um tostão na manutenção. Como todos nós sabemos, não existe tal carro. E não existe tal amizade também.
Há poucos dias eu li no blog da minha amiga Carolina um post sobre a falta que um amigo faz não nos momentos de aflição e angústia, mas nos momentos alegres mesmo. E é a mais pura verdade. Engraçado como eu já tinha essa noção, mas não havia resumido em uma sentença. Nós, geralmente, temos a concepção de amigo como aquela pessoa que está ali para nos apoiar, para nos ajudar num momento de necessidade, como se isso fosse o máximo de nobreza humana a que um amigo pode chegar. Não é! Isso é o mínimo! Quem não se dispõe a ajudar o outro numa hora de necessidade não pode pensar em se intitular amigo. Amizade é aquela que nos faz desejar estar sempre perto da pessoa, vê-la freqüentemente, falar com ela, nem que seja por e-mail, por telefone ou mesmo por uma mensagem gravada na secretária eletrônica. Eu já senti muita falta de amigos nos momentos alegres da minha vida. Isso me faz lembrar de uma propaganda que vi na TV há muitos anos e eu nunca esqueci. Uma amiga vai procurar a outra no seu trabalho no meio do dia, transtornada, angustiada. A amiga deixa o trabalho e vai conversar com sua colega em um parque. Essa conta seu problema, chora no ombro da amiga, que lhe aconselha carinhosamente. Passados alguns dias, a amiga volta ao trabalho da outra e pede que a acompanhe novamente. Ao chegar ao mesmo parque, a amiga conta que aquele seu problema foi resolvido, que está tudo e fala como ela está alegre. A outra amiga, então, fica irritada e diz que ela deixou de trabalhar mais uma vez pensando que a amiga estava com outro problema sério e vai embora enraivecida. Ao final da propaganda, uma passagem da Bíblia, se não me engano: “Chorai com os que choram e alegrai-vos com os que se alegram”. Guardadas as devidas proporções, é isso que é ser amigo: compartilhar os maus momentos (o primordial) e os bons (prova maior de amizade). Daí eu ter dito tanto a uma grande amiga minha depois de ela ter terminado um namoro de muito tempo que a afastou de seus amigos: ser amigo dá trabalho. Não é apenas conquistar, se afastar durante um bom tempo (por qualquer motivo que seja) e querer que seus amigos estejam ali, esperando o seu retorno. Claro que um bom amigo sabe ser paciente, compreensivo e tentar entender o afastamento da outra pessoa, mas não é justo exigir tal compreensão dos amigos e não compreender que eles sentem sua falta, querem a sua presença sempre.
Assim eu desejo feliz dia do amigo a todos aqueles que eu gostaria que estivessem sempre ao meu lado, nos maus e nos bons momentos.

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