quinta-feira, 10 de novembro de 2005

E Deus criou o homem...

Salvo engano, há um assunto delicado que nunca adentrou a “Sala de Justiça”: religião. Embora eu tenha sido criado em meio ao catolicismo (minhas avós e minha mãe são bastante católicas), tenha estudado em um colégio católico (só pelo nome dá para sentir o drama: Christus) e tenha me crismado (que significa confirmar o seu batismo e sua fé), eu deixei de me classificar como um católico apostólico romano (sempre achei o máximo esse mega-nome) há um tempo. Tenho minha crença particular, creio num ser maior (Deus mesmo), até porque acho que fica bem mais difícil passar pela vida sem crer em algo além do material e do visível, sem ter uma fé que traga mais esperança a esse mundo, mas não consigo mais acreditar em uma religião institucionalizada, principalmente porque as religiões desse tipo pregam privações e culpas que me parecem deixar o ser humano mais miserável do que emancipado ou iluminado. Creio numa fé que valorize os homens e suas relações, que pregue a humanidade, o respeito, que ressalte a divindade que há em cada ser humano. Embora eu não me diga mais católico, há um mandamento em especial que eu gosto muito e acho que é essencial para o convívio humano: amai ao próximo como a ti mesmo. Mas eu comecei toda essa divagação religiosa para comentar algo que acabei de ver no telejornal: o estado do Kansas, nos Estados Unidos, permitiu que o criacionismo seja ensinado nas escolas em contraposição ao evolucionismo. Por pressão dos conservadores republicanos (nota: se eu morasse nos Estados Unidos, eu seria democrata com certeza), as escolas terão que ensinar essa “teoria” que prega que o ser humano surgiu na face da Terra por obra e graça divina. É por atitudes como essa que eu repudio religiões institucionalizadas. É absurdo que a religião queira influenciar o ensino da ciência. Querer ensinar nas escolas que o homem não é resultado da evolução, teoria que já está mais do que comprovada, e sim de puro ato divino é uma intromissão e uma distorção do papel da religião inimaginável para mim. Quando a religião tenta se impor sobre todas as verdades, inclusive sobre as daqueles que não compartilham da mesma fé, ela perde todo o meu respeito.

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