sexta-feira, 4 de março de 2005

Aos olhos

Despedi-me mais uma vez. Dei abraços, recebi abraços, dei beijos, recebi outros. De tantas mudanças que já fiz (ou iria fazer) nos últimos anos, minhas despedidas já viraram até motivo de piada. Mas dessa vez foi pra valer. Fui embora de Fortaleza com planos certos para o Rio de Janeiro. Datas estipuladas, computador embrulhado para ser despachado. Dessa vez, eu senti aquele aperto no coração ao me despedir dos amigos. Eu quis trazer amigos comigo para me acompanharem aonde quer que eu vá, sem querer saber dos seus planos, atendendo apenas ao meu desejo egoísta de não me separar deles. Eu quis transmitir todo o meu sentimento em abraços que pudessem dizer o que minha boca não foi capaz de falar. Eu quis declarar amores, pedir desculpas, dizer a importância daquelas pessoas na minha vida. Não consegui. Ainda bem que com os amigos verdadeiros as palavras não são tão necessárias e um abraço, um olho no olho é capaz de dizer quase tudo que sentimos, muitas vezes com uma intensidade muito maior. Com algumas pessoas eu pude sentir meus olhos dizendo “eu te amo” e os delas respondendo “eu sei, eu também”. E agora lá vou eu, rumo à maior mudança da minha vida, procurando novos olhos com os quais eu possa conversar, sabendo que os antigos não perderam sua capacidade sensitiva, muito pelo contrário, ampliaram-na para dar conta da distância que se abre entre nós, sendo capazes de dizer o que sentem sem nem se verem. A todos os amigos, meus olhos mandam beijos já cheios de saudade.

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